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Já comprou seu radinho de pilha?

Independentes da rede elétrica e da internet, ele garante a circulação de informações vitais

Publicado em 28 de agosto de 2025 às 05:00

50% dos brasileiros consideram o rádio um dos meios mais confiáveis, diz pesquisa
50% dos brasileiros consideram o rádio um dos meios mais confiáveis, diz pesquisa Crédito: Shutterstock

O rádio, tantas vezes tratado como “velha mídia”, continua sendo um dos veículos mais resilientes e estratégicos da comunicação. Não é exagero: segundo a pesquisa Inside Audio 2024, realizada pela Kantar IBOPE Media, 91% dos brasileiros consomem algum tipo de conteúdo de áudio todos os dias: seja rádio ao vivo, streaming ou podcasts. Especificamente o rádio tradicional ainda está presente no cotidiano de 79% da população. Em média, cada ouvinte dedica quase quatro horas diárias a esse hábito (3h55), o que demonstra a vitalidade desse meio mesmo na era digital.

Mais do que números de audiência, o que impressiona é a confiança. A pesquisa da FDCOM mostrou que 50% dos brasileiros consideram o rádio um dos meios mais confiáveis. Além disso, 69% afirmam que buscam nele informações locais, reforçando o caráter comunitário e a proximidade que o rádio estabelece com seu público.

Esse pano de fundo brasileiro dialoga diretamente com um episódio recente na Europa. Em abril deste ano, um apagão atingiu Espanha, Portugal e trechos do sul da França, deixando milhões de pessoas sem energia elétrica por até 20 horas. Internet, TV e telefonia ficaram inoperantes em boa parte do período. E o que restou como canal seguro de informação? O rádio.

De acordo com o jornal The Guardian, cenas inusitadas foram registradas em Madri: pessoas reunidas nas ruas em torno de carros com o rádio ligado, compartilhando notícias, e uma corrida às lojas em busca de rádios a pilha e baterias. O levantamento publicado pela revista RedTech apontou que cerca de 3% da população adquiriu um rádio a pilha no mesmo dia do apagão. Mais de 90% dos entrevistados afirmaram que o rádio foi o meio mais importante para se informar durante a crise. Em contrapartida, o tempo dedicado à TV caiu pela metade e as leituras online recuaram 30%.

Esses dados reforçam a lição óbvia: em situações de crise, o “velho” rádio é insubstituível. Com equipamentos simples, independentes da rede elétrica e da internet, ele garante a circulação de informações vitais. Rádios equipados com geradores mantiveram transmissões em Portugal e Espanha, ajudando a orientar a população sobre mobilidade, hospitais e medidas de segurança.

No Brasil, a experiência deve servir de alerta. Embora tenhamos avançado com a migração do AM para o FM e com o crescimento do rádio digital, não podemos negligenciar o papel estratégico do rádio em emergências. Num país com dimensões continentais e vulnerável a apagões, desastres climáticos e crises de infraestrutura, garantir que a população tenha acesso ao rádio é também uma questão de segurança e prestação de serviço.

O recado é simples e atual. O rádio não é apenas entretenimento ou companhia no trânsito. Ele é meio de confiança, proximidade e sobrevivência informacional. Portanto, além de acompanhar seu programa favorito no celular ou no carro, é bom não esquecer de manter em casa o tradicional radinho de pilha. Pode parecer coisa do passado, mas, quando as telas se apagam, é ele quem continua falando.

Victor Pinto é jornalista e advogado. Apresentador da Band Bahia e rádio Excelsior. Especialista em gestão de empresas em radiodifusão.

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