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O machismo ainda é uma barreira para mulheres na política

O Brasil precisa de mais mulheres na política, e essa deve ser uma bandeira de toda a sociedade

Publicado em 27 de agosto de 2025 às 05:00

Ser mulher na política brasileira ainda é enfrentar um campo cheio de obstáculos
Ser mulher na política brasileira ainda é enfrentar um campo cheio de obstáculos Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ser mulher na política brasileira ainda é enfrentar um campo cheio de obstáculos. As estatísticas falam por si: segundo a ONU Mulheres, o Brasil ocupa a 133ª posição no ranking global de representação parlamentar feminina. Na Câmara dos Deputados, apenas 18,1% das cadeiras são ocupadas por mulheres, enquanto no Senado esse número é de 19,8%, de acordo com o mesmo estudo da ONU.

O avanço, embora tenha ocorrido, ainda é muito pequeno. Um estudo recente da Câmara dos Deputados apontou um crescimento de apenas dois pontos percentuais no número de mulheres eleitas em 2024. Mas isso ainda está longe de representar a nossa realidade: nós, mulheres, somos mais da metade da população e, no entanto, seguimos minoria nos espaços de Poder.

Entre os muitos motivos para essa sub-representação, um se destaca: o machismo. Essa barreira não está apenas nos discursos mais evidentes ou agressivos. Muitas vezes, está nas entrelinhas, em comentários aparentemente “inofensivos”. Tenho vivido isso na pele e vejo que meu caso não é isolado. Quando uma mulher ocupa um cargo de liderança, é comum ouvirmos insinuações de que há “alguém por trás” das nossas decisões. É uma tentativa clara de negar a nossa competência, de não aceitar que chegamos até aqui por mérito próprio, com trabalho, preparo e capacidade.

Esse tipo de comentário não é apenas injusto, é machista e tenta diminuir o papel das mulheres que ocupam posições de destaque. Aí eu deixo um questionamento: por que quando é um homem prefeito não dizem que quem manda é a primeira-dama ou uma mulher próxima dele? A resposta é simples: machismo!

Outro exemplo está no uso do termo “blogueirinha” para se referir a mulheres que utilizam as redes sociais para mostrar seu trabalho pela população. Quando prefeitos homens se destacam pelo uso das redes para se comunicar recebem aplausos e viram “cases” de sucesso. Mas quando é uma mulher, a narrativa muda: “quer aparecer”, “é blogueirinha”.

As redes sociais são uma ferramenta para dar transparência às ações, ouvir a população e aproximar a gestão das pessoas. E não podemos permitir que um instrumento tão importante para a democracia seja transformado em arma de desqualificação apenas porque está nas mãos de uma mulher.

Mudar esse cenário, infelizmente, não é uma tarefa fácil. Casos de machismo e misoginia acabam inibindo as mulheres. A cota de 30% de candidaturas femininas e o percentual mínimo de 30% do fundo eleitoral para mulheres são, de fato, um avanço. Contudo, acredito que o principal obstáculo seja cultural. É preciso enfrentar as barreiras do machismo e da misoginia que nos diminuem e tentam nos afastar dos espaços de Poder. E isso só será feito com educação e conscientização, de mulheres e homens, mas principalmente enfrentando estas barreiras.

As mulheres não precisam pedir licença para ocupar espaço. Nós já conquistamos o direito de estar aqui. Se antes lutávamos contra o silêncio que nos era imposto, agora teremos que enfrentar o machismo e a misoginia que tentam nos diminuir e subestimar nossa liderança. O Brasil precisa de mais mulheres na política, e essa deve ser uma bandeira de toda a sociedade.

Débora Regis é prefeita de Lauro de Freitas

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