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Paulo Leandro
Publicado em 11 de março de 2020 às 05:00
- Atualizado há um ano
Vamos largar de preocupação com dólar, coronavírus e outros temas irrelevantes: o que realmente importa é o Vitória, representante baiano na Copa do Brasil, ao enfrentar o Ceará amanhã.
É o Decano o fiel campeão do rei, nosso El Cid, após a morte de Dom Fernando, abatido por 1x0 pelo modesto River do Piauí, tão lanterna da chave A da Copa do Nordeste que deu inveja a Diógenes, de dentro do barril.
E que razões temos para crer em alcançar a quarta fase e arrumar aí um novo dinheiro salvador enquanto a torcida decide-se a participar da grande vaquinha mensal por meio do programa Sou Mais Vitória?
Vico é uma delas. Atento às oportunidades, como faziam os típicos homens-gol, tem sido decisivo, com uma qualidade a mais, cuja omissão, neste texto, tem a intenção de não dar pista aos coirmãos da terra da retroescavadeira.
Outro nome capaz de permitir razões para a crença na vitória em Fortaleza é o de Alisson Farias, com sua movimentação em zigue e em zague, sem guardar posição, diante dos marcadores, se ficarem arrumadinhos como em jogo de totó.
Mas nem Vico nem Farias seriam tão eficientes sem o ímã chamado Léo Ceará, xará do time vovô. É um leão em campo, daí Léo também ser apropriado para nomear quem atrai mais a atenção da parelha de beques.
Os desconfiados em uma boa atuação podem parar já com as dúvidas, aplicando física quântica, ao gerar realidade: no banco, temos a presença da inteligência rimada com experiência de prof. Geninho, pós-doc em fútil-ball contemporâneo.
Quem pega um clube aos pedaços, precisa ter paciência para ir arrumando a agremiação como fazemos nos difíceis quebra-cabeças de 1.200 peças: o Vitória acertou com Geninho depois de algumas tentativas sem sucesso.
E que outras razões teriam os rubro-negros? O guarda-valas Ronaldo? O lateral cobrador de faltas Carleto? O entrosamento da zaga e do meio-campo, quais? Melhor guardar segredo pois um jogo começa a ser vencido ou perdido no noticiário, dias antes.
E os cearenses, teriam também as suas razões, justificando assim uma suspensão dos juízos, uma vez que nenhuma das partes poderia convencer a outra? A tradição recomenda a prudência, pois são dois grandes clubes, frequentes em disputas animadas.
Houve um tempo, muito tempo atrás, quando o alvinegro costumava impor-se ao Vitória, tendo os torcedores mais veteranos guardado com mágoa uma goleada de 7x2 imposta ao scratch representado por Osni, André, Mário Sérgio e uma plêiade de heróis.
Naqueles anos 1970 e até meados dos 1980, o Vitória costumava desassossegar seus seguidores, quando o Ceará aparecia no meio da tabela. Os clubes já compartilharam um ídolo sem-igual: Zé Eduardo, atacante completo, no drible, no arranque e no gol.
Enquanto o coronavírus não vem, os cearenses poderão comparecer à Arena para tomar a bença ao vovô, razão para formar crença num resultado pois jogam em seu lar. No entanto, saibam, os bons tempos voltaram para o Vitória.
O rubro-negro, finalista e semifinalista da competição mais democrática do país, está pronto para fazer prevalecer suas razões: vamo, vamo, negô, trazer um bom resultado para decidir a vaga no Monumental MB, com casa cheia!
Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.
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