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Paulo Leandro
Publicado em 19 de outubro de 2022 às 05:06
Esta coluna concede a Sadio Mané o troféu Santa Dulce dos Pobres para acrescentar ao laurel conquistado quando da festa Bola de Ouro, na qual destacaram-se Benzema, Lewandowski, Salah, Mbappé e Modric.>
Valorizar ações solidárias pode melhorar o convívio entre as pessoas, como nunca é demais destacar, quando se trata do craque de Senegal, hoje no Bayern de Munique, na Alemanha.>
A prática virtuosa como oportunidade seria o grande legado deste jogador da África preta, ligado a sua aldeia, mesmo tornando-se ídolo na Europa.>
Coincidiu de Sadio Mané ganhar o Troféu Sócrates, o médico do calcanhar mágico, ambas as personalidades voltadas para princípios de compaixão e amor; alegria de jogar sem trapacear.>
Seriam pessoas raríssimas, capazes de inspirar outras bem dispostas a entender a solidariedade como valor, acolhendo quem tem menos, ajudando a tantas quantas precisam, doando sentido para a existência.>
Temos na Bahia o exemplo máximo de Santa Dulce dos Pobres, seguindo esta mesma tendência, provavelmente por benevolência de Deus.>
O mal, assim, não existe, quando um jogador tira de seu ordenado cifras vultosas, a fim de prover os seus de alimento, roupa, moradia e até internet, em uma lição preciosa para quem sofre com as desigualdades.>
Quando se verificam o racismo, a mentira, a falsa denunciação, a misoginia, a LGBTQIA+++fobia, a violência, o incentivo às armas e o culto à ignorância, aparecem Sadio, Sócrates e Dulce a nos iluminar.>
O mundo, recomendavam os textos vedas da Índia, recuperados pelo pensador alemão Arthur Schopenhauer, é uma viagem de quatro estações: o nascimento, a doença, a velhice e a morte.>
A compaixão seria nossa única chance de enfrentá-lo, pois todas e todos estamos no mesmo barco, desde a pequena rainha de um reino de pobres explorados ao mais anacrônico canibal feio, estúpido e mau.>
As principais vitórias de Sócrates e Sadio Mané são estas ações de amparo, em contrapé ao Brasil contemporâneo, quando se calculam 33 milhões sem pão.>
Estranha condição se este fosse um país de onde se tiram verbas das universidades, dos remédios populares e de programas sociais para agradar acumpliciados com um projeto de poder.>
Este modelo é copiado por desumanas tiranias incompetentes, na base da sociedade, numa mescla de conselhos fiscais pegajosos, em formações de quadrilha imitando a referência a qual admiram.>
Enquanto houver pessoas amorosas, como Sadio Mané, detentores dos troféus Sócrates e Santa Dulce, pode-se acreditar em uma virada no placar rumo ao título de campeão da Paz.>
Multipliquem-se os sadios e teremos uma humanidade sem privilégios de etnia, classe ou gênero, constituindo-se um grupo só, capaz de derrotar os admiradores do nazismo.>
Não há razão para um grupo humano melhor e outros piores; agraciados com acesso aos direitos e outros roubados por doentes mentais; somos 7 bilhões e meio de condenados a um purgatório: viver.>
Para todas e todos quantas nasceram, virão enfermidades, e se não morrerem cedo, chegarão a velhice e a morte, ninguém, nem mesmo hitlers perseguidores de gatinhos, escapam do final infeliz.>
A lição de Sadio é a vontade de fazer o Bem para livrar-se do Pecado e da Queda a fim de fazer o movimento de retorno ao Criador.>
Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.>