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Paulo Leandro
Publicado em 18 de janeiro de 2020 às 13:05
- Atualizado há um ano
Nostalgia é a lembrança do que nos alegra, necessariamente atualizada, a cada memória capaz de desvelar o momento passado. Como tudo que nos alegra, aumenta nossa potência de agir, pois traz de volta, pelas recordações, as imagens de nossos melhores replays em câmera lenta.
Foi esta a recompensa por ter comparecido ao lançamento do livro 40 anos de inovação, de autoria do amigo "colombaiano" Nelson Cadena. Trata-se de uma interpretação da trajetória de quatro décadas do CORREIO, minha primeira redação, aos 21 anos, escrevendo o que mais gosto: esporte.
Desde então, a crônica esportiva, a pesquisa científica de futebol, incluindo mestrado e doutorado, o hábito de jogar bola e de torcer, formaram uma amálgama, como as pedras roladas encontradas nos garimpos de outrora.
O leitor não faz ideia da luta de ser cronista, a começar pelos horários, enfrentando madrugadas e feriados, finais de semana dedicados ao labor. Nos nossos momentos de maior trabalho, os amigos e familiares estão livres!
Nosso leitor acompanha a história dos clubes, e cobra com a autoridade de quem conhece, acrescida do impacto do forte afeto por seu time. Deste perfil, emerge a necessidade de atualização constante. Mesmo nas poucas folgas, o cronista está vendo um jogo ou lendo o jornal.
Pois, quando ele voltar ao trabalho, não tem como chegar na redação desinformado para recomeçar a labuta. Poucas editorias mobilizam quantidade tão grande de informações, desde escalação de jogadores, mudanças táticas e uma quantidade oceânica de números e estatísticas.
Acresce o esforço para monitorar a própria afinidade, uma vez que não descemos de paraquedas de alguma nave espacial e temos nossa história de vida, nossas preferências, cujo monitoramento constante pode levar ao esgotamento emocional.
Os que declaram seus clubes, sofrem marcação dos leitores, que não enxergam o valor moral sinceridade. Daí, muitos de nós escolherem definir-se por clubes de fora, do Sudeste ou pequenos do interior ou da capital, disfarçando sua real preferência.
Só se faz esporte com paixão e ética, pois o jornalista escreve sob pressão e não dura dois dias no serviço se não tiver o dom do equilíbrio. Foi assim, na minha segunda passagem pelo Correio, já neste século, ao reinventarmos a editoria de esporte para torná-la mais competitiva.
Agora, como colunista, gostaria de agradecer a preciosidade editada como um ourives por Cadena, ao lembrar o convívio com colegas sempre presentes e tantos outros cujos nomes não puderam ser citados por questão de espaço.
Representando a todos nós, na seleção das quatro décadas, vou escalar um ataque no velho 4-2-4 com craques que já deixaram as nossas quatro linhas da redação: José Carlos Mesquita, Armando Oliveira, Aymoré Moreira e Sergio Costa, diretor de redação e craque do Esporte.
Nestes 40 anos de inovação, o CORREIO colecionou prêmios, editou cadernos especiais, soltou notícias exclusivas e nos alegrou com edições criativas: uma Real Escola de crônica esportiva, disciplina negligenciada pelas universidades em suas grades curriculares, apesar da demanda.
Seria preciso novo livro, caríssimo Cadena, só para o Esporte! Grato pelo presente!
Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.