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Por Jairo Costa Júnior
Jairo Costa Jr.
Publicado em 17 de outubro de 2022 às 06:25
O governo Rui Costa (PT) autorizou o pagamento da parcela da Bahia na compra dos respiradores para pacientes com covid um dia após a Operação Ragnarok, voltada a investigar irregularidades na aquisição dos equipamentos pelos nove estados nordestinos. Documento obtido pela Satélite no site de transparência do governo mostra que, em 2 de junho de 2020, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) liberou o repasse de R$ 9,89 milhões relativos, segundo a própria nota de empenho, à “transferência de recurso ao Consórcio Nordeste, para aquisição emergencial de 60 ventiladores pulmonares pelo Estado da Bahia”. Um dia antes, contudo, a Polícia Civil havia prendido três pessoas e cumprido mandados de busca e apreensão na Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
Negócio arriscado Mesmo com o cerco coordenado pela Secretaria de Segurança Pública contra suspeitos de envolvimento no caso que ficou conhecido como “escândalo dos respiradores”, o governo Rui deu aval para o repasse.
Aviso prévio Antes de autorizar a transferência referente à compra dos respiradores 24 horas depois da Operação Ragnarok, o governador já tinha conhecimento também dos prejuízos que o negócio causaria aos cofres públicos. Em abril de 2020, Rui Costa, então presidente do consórcio, sabia que os 300 aparelhos não haviam sido entregues aos nove estados nordestinos pela HempCare. A empresa recebeu R$ 48 milhões para fornecer os equipamentos, 60 deles destinados à Bahia, mas quebrou sucessivamente os prazos. Em 15 de maio do mesmo ano, o petista foi informado de que pagou, mas não iria levar.
Para relembrar Dias após o escândalo estourar na imprensa, foram descobertos detalhes de ligações entre cardeais do PT e a HempCare. Com sede em Araraquara, a empresa foi contratada como intermediária da compra de respiradores fabricados na China. Cabia a ela ainda zelar para que os equipamentos chegassem ao Brasil. O que não ocorreu. Foi revelado, à época, que a assinatura do contrato ocorreu após o governo da Bahia, que preside o Consórcio Nordeste, ter a primeira remessa de aparelhos apreendida nos EUA.
Volta à vitrine Em 26 de abril deste ano, a Polícia Federal (PF) deflagrou, com autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ), uma nova operação para investigar as suspeitas de fraudes e desvios na compra dos respiradores. Entre os alvos da batida, estavam Bruno Dauster, ex-secretário da Casa Civil do governo e suspeito de envolvimento com o esquema, e o empresário Cleber Isaac, conhecido pelas ligações a cúpula do PT na Bahia. Rui Costa também figura na lista de investigados no STJ, que mantém sigilo sobre o caso.
Ponta solta O documento ao qual a coluna teve acesso revela um dado até então desconhecido sobre a negociata: o repasse liberado pelo governo da Bahia foi feito ao Consórcio Nordeste quase dois meses após o órgão ter pago o montante à HempCare.