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Decisão é mais uma consequência de investigação jornalística que apontou, entre outros problemas, não haver pessoas negras na HFPA, entidade que escolhe vencedores
Da Redação
Publicado em 10 de maio de 2021 às 18:57
- Atualizado há um ano
A rede de TV americana NBC anunciou que não vai transmitir a cerimônia de entrega de prêmios do Globo de Ouro em 2022, uma vez que a Hollywood Foreign Press Association (HFPA), entidade que reúne jornalistas estrangeiros baseados nos EUA, terá, segundo a emissora, dificuldades para por em prática as reformas necessárias na premiação.
"Continuamos a acreditar que a HFPA está comprometida com uma reforma significativa", disse a rede, em comunicado. "No entanto, mudanças dessa magnitude exigem tempo e trabalho, e acreditamos fortemente que a HFPA precisa de tempo para fazer isso da maneira certa. Como tal, a NBC não irá transmitir o Globo de Ouro de 2022. Supondo que a organização execute seu plano, temos esperança de estar em posição de transmitir o programa em janeiro de 2023."
Segundo o site de notícias Deadline, a decisão foi tomada na segunda-feira, quando a WarnerMedia se juntou à Netflix e à Amazon para cortar os laços com a HFPA devido à falta de confiança no grupo sem fins lucrativos em aprovar uma reforma sistêmica séria.
"Não acreditamos que essas novas políticas propostas resolverão os desafios sistêmicos de inclusão e diversidade da HFPA, nem a ausência de transparência de suas operações", afirmou Ted Sarandos, um dos diretores-executivos da Netflix, em carta enviada aos organizadores do Globo de Ouro, na sexta, 7.
A NBC pagaria cerca de 60 milhões de dólares pela transmissão e não se sabe ainda se o pagamento será feito mesmo assim, para assegurar os direitos.
A decisão é mais uma consequência provocada pela investigação publicada em fevereiro pelo jornal Los Angeles Times, que apontou não haver atualmente pessoas negras na HFPA. O jornal também levantou questões éticas sobre a relação próxima entre a HFPA e os estúdios de cinema que podem influenciar na escolha dos indicados e vencedores do Globo de Ouro.
A polêmica ofuscou a cerimônia em fevereiro, uma das principais premiações de Hollywood e que anualmente antecede a entrega do Oscar. As novas regras exigem que membros da HFPA parem de aceitar itens promocionais presenteados por estúdios de cinema e TV e que o grupo publique uma lista pública de membros com links para seus trabalhos.
Na semana passada, a HFPA aprovou mudanças amplas com o objetivo de diversificar suas fileiras e abordar reclamações éticas. Entre os passos, está a contratação de um diretor de diversidade, enfatizando o recrutamento de jornalistas negros e amplificando a seleção para o grupo de jornalistas estrangeiros da área de entretenimento.
A organização também aprovou em votação a adição de 20 novos membros aos atuais 87 neste ano e a expansão de sua composição em 50% nos próximos 18 meses.
Engrossando o coro de indignação, o ator Tom Cruise devolveu, nesta segunda, 10, os três troféus que venceu no Globo de Ouro - o de Melhor Ator que ele ganhou por Jerry Maguire e outro por Nascido em 4 de Julho e o de melhor coadjuvante por Magnólia. Ele enviou os troféus para a sede da HFPA, em Los Angeles.
No Twitter, o ator e cineasta americano Mark Ruffalo publicou um texto em que critica o Globo de Ouro, confessando sua infelicidade por ter recebido o prêmio de melhor ator em série, por I Know This Much Is True, neste ano.
Também a atriz Scarlett Johansson, estrela de Viúva Negra, se juntou aos profissionais do setor e rompeu laços com a associação do Globo de Ouro. Segundo o site da revista Variety, Johansson definiu a HFPA como "uma organização que foi legitimada por pessoas como Harvey Weinstein para ganhar o reconhecimento da Academia".