Antes resistente, COI admite possibilidade de adiar Olimpíada

Comitê prometeu anunciar decisão em um mês

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  • Da Redação

Publicado em 22 de março de 2020 às 16:46

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Kazuhiro Nogi/AFP

Pela primeira vez, o Comitê Olímpico Internacional (COI) admitiu a possibilidade de adiar os Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, em razão da pandemia do novo coronavírus que tem prejudicado a preparação dos atletas em todo o planeta.

Após reunião extraordinária neste domingo (22), o Comitê Executivo da entidade garantiu que a Olimpíada não será cancelada e prometeu dar a resposta final sobre a data do evento em quatro semanas.

A Olimpíada está prevista, inicialmente, para ser realizada entre 24 de julho e 9 de agosto deste ano. O COI afirmou, em nota divulgada neste domingo, cogitar a possibilidade da modificação do planejamento em relação à data estipulada. O Comitê entende que o período de um mês será definitivo para chegar a uma resposta. 

"Esta etapa permitirá uma melhor visibilidade do rápido desenvolvimento da situação da saúde em todo o mundo e no Japão. Servirá de base para a melhor decisão no interesse dos atletas e de todos os demais envolvidos."

Há cenários diferentes que se apresentam em relação à mudança de datas. Há a possibilidade de os Jogos de Tóquio serem remarcados para o final deste ano, ou, então, para 2021 ou 2022. O que não está em questão, segundo a entidade, é o cancelamento da Olimpíada, enfatizando que "o cancelamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio não resolveria qualquer problema, nem ajudaria ninguém". Avanço do coronavírus deve adiar Olimpíadas de Tóquio (Foto: Mladen Antonov/AFP) O COI afirma que é possível que a data do evento não seja alterada, ao mesmo tempo em que cogita adiar o evento. A entidade faz ponderações e ressalvas, explicando que confia nas autoridades japonesas, mas que reconhece a gravidade da crise de saúde pública provocada pela covid-19.

"Por um lado, há melhorias significativas no Japão (...) Isso poderia fortalecer a confiança do COI nos anfitriões japoneses de que o COI poderia, com certas restrições de segurança, organizar os Jogos Olímpicos no país, respeitando seu princípio de salvaguardar a saúde de todos os envolvidos", diz o comunicado.

Por outro lado, prossegue a nota, "existe um dramático aumento no número de casos e novos surtos de covid-19 em diferentes países de diferentes continentes. Isso levou o comitê executivo a concluir que o COI tem de tomar o próximo passo no planejamento de diferentes cenários".

A pressão sobre o COI para o adiamento da Olimpíada se intensificou nos últimos dias. Vários atletas, comitês olímpicos nacionais e federações esportivas de países diferentes se manifestaram a favor do adiamento do evento, incluindo o Comitê Olímpico do Brasil (COB). As críticas aumentaram especialmente depois das declarações do presidente do COI, Thomas Bach, que disse seguidas vezes que a data não seria alterada.

Após a reunião do Comitê Executivo, Bach escreveu uma carta à comunidade global de atletas para dar uma explicação sobre a abordagem da entidade.

"As vidas humanas têm precedência sobre tudo, incluindo a realização dos Jogos. O COI quer fazer parte da solução. Portanto, tornamos nosso princípio principal proteger a saúde de todos os envolvidos e contribuir para conter o vírus", escreveu Bach. "A chama olímpica será uma luz no fim do túnel", disse.