Prato na mesa: primeiro passo para vida digna começa em casa

Qual é o meu, o seu, o nosso papel para mudar essa realidade? A pergunta não é retórica. É aquela cuja resposta todos nós deveríamos estar buscando

Publicado em 28 de agosto de 2023 às 23:59

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Artigo Crédito: Arte CORREIO

O Brasil é uma potência à parte. Há terra, mar, recursos naturais, biodiversidade, um povo afetuoso, como nunca se viu em outro lugar. Neste país de dimensões continentais, que respira diversidade de cultura, de povos e de raças, é estranho pensar que, junto de tudo isso, seu povo também sofre com uma das piores mazelas que o mundo já conheceu. A fome existe, e é um desafio latente nos dias de hoje.

Nos últimos tempos, especialmente depois da pandemia, a sociedade pôde notar, ainda que minimamente, o tamanho da potência que se criou quando absolutamente todos os esforços e capacidade humana estavam a serviço de resolver o que se desenrolou como o mais duro episódio da história recente.

É evidente que já existiam grandes movimentos sociais que trabalhavam nessa frente, mas é fato, igualmente, a guinada da sociedade civil, das organizações, da iniciativa privada e do governo para a agenda ESG, com olhar especial para o S, que tem as pessoas no centro. As mesmas pessoas cuja força de trabalho movimenta o Brasil e que vão atuar no E e no G.

Mesmo diante de uma força sem igual, do talento, das habilidades e da criatividade, parte do brasileiro está faminta. E não há vida digna sem ter o que comer dentro de casa. Oferecer e fomentar oportunidades de trabalho e renda ainda não são a solução do problema. São parte dela, sabemos. Mas faço aqui um questionamento: você tem força para trabalhar quando há um avassalador buraco em seu estômago?

E a fome que conhecemos não é a mesma fome que os 33 milhões de brasileiros que não têm sequer um prato para comer conhecem. Os dados são da ONU e despertam um alerta urgente, um chamado, um grito de desespero de quem está silenciado.

Qual é o meu, o seu, o nosso papel para mudar essa realidade? A pergunta não é retórica. É aquela cuja resposta todos nós deveríamos estar buscando. E é inaceitável que neste mesmo país 46 milhões de toneladas de alimentos sejam desperdiçadas por ano.

Neste 29 de agosto, Dia do Combate à Desnutrição, te faço um apelo. Seja parte da mudança. Acolha pessoas em vulnerabilidade social, doe seu tempo, doe alimentos, apoie ONGs e empresas engajadas na agenda social. A consciência do despenhadeiro social presente hoje no Brasil pode mudar o nosso amanhã e de tantas pessoas que precisam comer para sobreviver. Há muito trabalho incrível sendo feito a várias mãos, mas nunca é demais ter mais uma.

Carlos Pignatari é diretor de Impacto Social da Ambev e está à frente de todos os projetos de impacto positivo da companhia, como o Projeto Contra Fome e o Bora (plataforma de inclusão produtiva), o VOA (programa de voluntariado e mentoria para organizações sociais) e a água AMA (projeto que dá acesso à água potável a quem não tem).