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Gabriel Rodrigues
Publicado em 24 de abril de 2020 às 05:00
- Atualizado há 2 anos
Com o futebol mundial paralisado em praticamente todo o mundo por conta da pandemia do novo coronavírus, torcedores apaixonados pelo esporte e que estão em casa cumprindo o isolamento social têm encontrado nas reprises dos jogos a chance de matar a saudade dos clubes e seleções.>
Neste sábado (25), será a vez da torcida do Bahia reviver um momento marcante. E também de ajudar quem, no passado, construiu a história do clube e hoje precisa de apoio.>
A partir das 14h30, o canal por assinatura SporTV retransmite o duelo entre Bahia e Fluminense, disputado há 31 anos na Fonte Nova. O triunfo por 2x1 deu ao Esquadrão a vaga na final do Brasileirão de 1988, contra o Internacional, e deixou o tricolor mais perto da segunda estrela. >
Para aproveitar o momento, o Bahia lançou uma ação e iniciou a ‘venda de ingressos’ para a partida que detém o recorde de público da antiga Fonte Nova: 110.438 pessoas. O valor simbólico é de R$ 5 e o dinheiro arrecadado será usado para financiar o projeto Dignidade aos Ídolos, criado em 2018 e que atualmente oferece ajuda financeira para seis ex-jogadores do clube em situação de vulnerabilidade.>
“O torcedor vai assistir de casa se sentindo na Fonte Nova. Trinta anos depois, vamos acrescentar mais torcedores aos 110 mil que compareceram na época”, explicou Guilherme Bellintani, atual presidente tricolor.>
Além de ajudar quem precisa, o torcedor que entrar na campanha receberá um ingresso virtual semelhante ao da partida e descontos em estabelecimentos parceiros do clube. Até a manhã de ontem, mais de 5 mil ingressos já haviam sido vendidos. A comercialização acontece através do aplicativo do Bahia.>
Um dos beneficiados no programa, o ex-atacante Naldinho comemorou a participação da torcida e a ajuda que vem recebendo do clube. “Moro aqui em São Paulo e vou te falar, nunca vi uma coisa dessa, uma torcida tão fanática quanto a do Bahia. Tive a honra de vestir essa camisa, dei o meu sangue, meu suor, e hoje o Bahia vem me ajudando. Mesmo sendo virtual, um jogo que foi em 1988, a torcida participa”, disse.>
Atualmente, Naldinho vive com a família na cidade de Marília, em São Paulo. Ele conta que a pandemia alterou a sua rotina. “Aqui em São Paulo, a capital está muito perigosa. Em Marília tem alguns casos e nós estamos nos precavendo. Como tenho diabetes, doença crônica, não posso vacilar. Estou casa, de máscara, evito sair, só se for coisa urgente. Essa pandemia é mundial, parou tudo e temos que ter a consciência e cada um fazer a sua parte”.>
Quem também manifestou a felicidade pela movimentação da torcida tricolor foi o ex-lateral Zanata, outro beneficiado pelo projeto. Através das redes sociais do Bahia, ele pediu para que os torcedores continuem contribuindo. “Esperamos a colaboração de vocês, isso é muito importante para a continuidade do programa de dignidade aos ídolos”.>
Naldinho e Zanata por pouco não estiveram na campanha que deu ao Bahia o bicampeonato brasileiro. Enquanto Zanata chegou a ser campeão baiano em 1988, mas foi negociado antes do Brasileiro, Naldinho desembarcou no tricolor na temporada seguinte ao título, em 1989. “Tive a oportunidade de jogar com 80% desses jogadores que foram campeões”, lembra.>
Criado em 2018, o programa Dignidade ao Ídolos reserva 0,31% do orçamento do Bahia para ajuda aos ex-jogadores em dificuldade financeira. Esse ano, o clube projetou o orçamento de R$ 180 milhões, mas o valor dificilmente vai ser alcançado por conta da pandemia do coronavírus.>
Para ter direito ao benefício, os ex-atletas passam por uma análise da comissão do projeto. Os nomes selecionados são levados para aprovação no Conselho Deliberativo. Os benefícios oferecidos são mensais e variam de um a três salários mínimos, a depender da situação social de cada ex-atleta.>
Além de Naldinho e Zanata, os ex-jogadores Alberto Leguelé, Jorge Campos, Jair e Helinho estão sendo contemplados. O próximo a integrar o grupo será Romero.>