economia

Atenção ao uso do crédito global: especialistas só recomendam em casos de emergência

A modalidade flexibiliza o uso do crédito, com a gestão dos limites de acordo com a linha que o cliente mais precisa de recursos

  • Foto do(a) author(a) Gabriel Rodrigues
  • Gabriel Rodrigues

Publicado em 6 de março de 2017 às 00:01

 - Atualizado há um ano

Uma conta aqui, um gasto ali, compras e mais compras. Para muitas famílias linhas de crédito como o cartão e o cheque especial são itens fundamentais para cobrir as despesas necessárias ou um mimo pretendido. Em muitos casos, o valor gasto é tanto que falta limite de compra. Por isso, bancos têm oferecido opções de transferências de limites que permitem aumentar o saldo do cartão de crédito a partir do cheque especial, ou o contrário. Crédito global aumenta o poder de compra do consumidor, que pode transferir de uma linha para outra o limite contratado(Foto: Robson Mendes/ CORREIO)A modalidade, chamada de crédito global, tem contribuído na hora de pagar as contas e, de acordo com os bancos, a flexibilidade tem ajudado também a promover o uso consciente. Atualmente, Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil são as instituições que oferecem o serviço.

Apesar da facilidade em aumentar o poder de compra, especialistas alertam para os cuidados que os clientes devem ter no momento da contratação do produto. Para o educador financeiro Ângelo Guerreiro, é preciso saber se o crédito buscado é realmente necessário.  “Trocar o cheque especial pelo cartão só serve se você  estiver pagando rigorosamente a fatura em dia”, explica. “Para uma pessoa que paga o cartão na data, vale a pena dizer ao banco que não gosta do cheque especial e quer transferir o limite. Agora, se você é uma pessoa que parcela e paga o mínimo, estará trocando seis por meia dúzia”, alerta o especialista.Crédito responsávelA explicação para a preocupação está nas altas taxas cobradas pelos bancos nas modalidades de cartão de crédito e cheque especial. A taxa de juros do rotativo do cartão de crédito chegou ao recorde de 482,1% ao ano em novembro do ano passado, de acordo com o Banco Central. O encargo subiu 6,3 pontos percentuais e foi o maior da série histórica iniciada em março de 2011. Já o do cheque especial subiu 37,9 pontos percentuais em dezembro de 2016 na comparação com o mesmo período de 2015, quando estava em 287% ao ano.Em alguns momentos, no entanto, é necessário ter mais poder de compra e aumentar o limite a partir de uma linha crédito pode ser vantajoso, por exemplo, na compra de bens duráveis parcelados.  Ou mesmo para quitar as contas do início de ano, como as escolares, no cheque especial. Mas é preciso ter boa saúde financeira.Diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) Miguel José Ribeiro destaca que o crédito não significa um mal para os usuários, mas ressalta que é preciso saber como usar. “Ter crédito não é uma coisa ruim, desde que seja planejado. É importante saber se o orçamento permite o gasto. Quanto mais longo o prazo, mais caro o produto”, diz ele.  

DICA DA SEMANA: USE BEM O CRÉDITO

Seja racional  Antes de adquirir qualquer tipo de produto, avalie se realmente precisa daquilo. Além disso, verifique se pode programar uma compra à vista, e por um preço menor, mais adiante.

Evite o impulso Quando for às compras, leve uma lista daquilo que precisa e evite  tomar decisões baseadas em impulsos.

Renegocie as dívidas Tome a iniciativa de ir ao lugar em que está devendo e negocie o pagamento em condições adequadas às suas condições, com o que de fato você pode cumprir.

Troque juros Uma opção para quem está sofrendo com juros altos é buscar outras instituições, ou mesmo operações de crédito que tenham juros mais baixos, e trocar uma dívida mais cara por outra mais barata.

Defina prioridades Caso não tenha condições de dar conta de todas as dívidas, eleja o que é prioridade, o que é mais importante e fácil de resolver no momento. 

Antecipe recursos Se for inevitável, tente utilizar o dinheiro das férias ou do décimo terceiro para resolver o problema. Nesse caso, é importante se programar para passar sem esses recursos.

Consulte O saldo do seu cartão de crédito ao menos uma vez a cada dez dias. Esta é uma forma de não levar susto no dia do recebimento da fatura.

Saques Não efetue saques em dinheiro com cartão de crédito. Para valores baixos, os juros e a tarifa podem sair mais caros que o próprio valor do saque.

Certifique-se de que o site é seguro e a empresa é idônea nas compras pela internet. Não faça compras onlines com empresas pouco conhecidas.

Cuidado com as compras parceladas. Muitas lojas embutem juros sem avisar ao consumidor. Veja se o lojista está assumindo o juros da operação.

Escolha um cartão que possua sistema de bônus. Muitas empresas oferecem prêmios para usuários de cartão.

Não use sempre Não é à toa que o cheque especial é emergencial. A facilidade pode virar pesadelo devido às altas taxas de juros. 

Tome cuidado, pois só compensa pegar o dinheiro quando você sabe que terá recursos para pagar a dívida nos próximos dias. Quite a dívida o quanto antes.

Quando precisar, use o cheque especial. Pague o mais rápido possível. Basta depositar o dinheiro na conta corrente e o limite estará disponível de novo.

Verifique se você tem algum benefício. Algumas contas correntes oferecem isenção de juros de cheque especial por alguns dias no mês. 

Lembre-se que, além do juros, a utilização do cheque especial tem outro custo: o IOF de 0,38% ao mês, que é cobrado na conta no 1º dia útil do mês. 

Observe qualquer alteração ou cancelamento de limite de crédito pelo banco. Essas operações são consideradas quebras de contrato e consideradas ilegais pelas autoridades.

Família Junte a família e defina os desejos de curto (um ano), médio (até dez anos) e longo (mais de 10 anos) prazos auxilia no processo de disciplina para não gastar por impulso em prol da realização de algo mais significativo. Coloque as cartas na mesa com relação as todas as receitas e despesas do orçamento. 

Descontos não é vergonha nenhuma, muito pelo contrário, é uma prática comum e que pode render boa economia. Se um produto custa mil reais e pode ser parcelado em 10 vezes de 100 reais, certamente à vista custará de 10% a 20% menos.