CORREIO dá dicas para negociação com a chegada da primeira fatura

Muita gente vai começar a receber a partir de agora a nova fatura do cartão de crédito com as mudanças do rotativo; Veja dicas

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  • Priscila Natividade

Publicado em 8 de maio de 2017 às 07:21

- Atualizado há um ano

Um mês após as mudanças nas regras no rotativo do cartão, as primeiras faturas do cartão de crédito começam a chegar. E se antes, o restante da dívida podia ficar para o mês seguinte quando não dava para quitar mais que o mínimo, a partir de agora os bancos estão obrigados a ofertar linhas de crédito para quitar o débito. Há instituições financeiras onde o parcelamento pode chegar a até 24 vezes, com juros entre 0,99% e 9,99%, a depender do tamanho da dívida e relacionamento com o banco. No entanto, o consumidor não precisa ficar preso aos planos de financiamento ofertados na fatura. Ele pode buscar alternativas de crédito mais baratas, com diferença que chega a até seis pontos percentuais, como aponta o diretor de Economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Roberto Vertamatti. De acordo com a simulação feita a pedido do CORREIO, levando em consideração um saldo devedor de R$ 1,7 mil em uma fatura total de R$ 2 mil, após um mês o débito cresceria para R$ 1.955. Em seis meses o mesmo valor seria quase mais que o dobro do gasto original da fatura chegando a R$ 4.337.  Em um ano, se nada for pago a dívida ficaria em R$ 10.031. Ou seja, os juros ainda continuam muito altos. “Mesmo com as mudanças os juros ainda são muito altos e podem chegar a até 200% ao ano. Para baratear ainda mais esse financiamento, o consumidor pode e deve buscar alternativas com juros menores. Elas existem”, aconselha. Ao trocar o financiamento do cartão de crédito por um empréstimo consignado parcelado em 24 meses, usando como base uma taxa média de juros de 2% para o consignado, na comparação com a taxa média do novo rotativo de 8%, a dívida cairia de R$ 3.875 para R$ 2.157,12, economia de R$ 1.717,88. O empréstimo pessoal também se torna uma opção, visto que a média de juros alcança 5%. Tomando como referência a mesma dívida de R$ 1,7 mil, o valor pago pelo financiamento ainda seria bem menor do que a negociação proposta pelo banco: R$ 2.956,80, ou melhor, R$ 918,20 a menos. Ainda de acordo com o diretor da Anefac, vale a pena buscar taxas mais atrativas em outras instituições financeiras e fazer a portabilidade da dívida. “É pesquisar quem tem as melhores condições. Todos os bancos estão interessados em negociar”, acrescenta. O estudante Edmo Guimarães tem tentado conter o crescimento dos juros depois que só pagou o mínimo (Foto: Marina Silva/CORREIO)No vermelhoO estudante de biotecnologia Edmo Guimarães é um dos que estão na expectativa com a chegada da fatura do cartão prevista para o dia 15 deste mês. Ele conta que já precisou recorrer ao crédito rotativo para pagar em torno de R$ 300 em uma fatura.  Para se livrar das dívidas, Edmo cortou os gastos com alimentação na rua. “Cozinho em casa e levo marmitas prontas para não gastar com salgados ou restaurantes”.Sua fatura de maio deve vir algo em torno de R$ 350. Desse total, o estudante deverá pagar R$ 200 e o restante irá para rotativo. Por isso, ele vai buscar uma negociação que permita quitar o débito até junho. “Eu estou seriamente estudando pegar um empréstimo para quitar o restante que falta e amenizar a questão dos juros”, completa.A dica do coordenador do Juizado de Assistência Financeira ao Super Endividado e educador financeiro, Antônio Carvalho é não se deixar levar pela suavidade das parcelas. Isto porque, quando maior o financiamento, maior também serão os juros pagos por aquela determinada linha de crédito. “Quanto menor a parcela maior vai ser o prazo e a quantidade de juros e o consumidor vai desperdiçar dinheiro com isso. Por mais atrativas que as parcelas pareçam, busque um valor que caiba no seu orçamento. Cartão de crédito não é renda, por isso mantenha seus gastos dentro do limite da sua receita e não do cartão”, recomenda.

Mudanças no rotativo

Banco do Brasil  Os clientes do BB já começaram a receber as faturas considerando as novas regras para uso do rotativo. Quem não conseguir pagar a fatura integralmente vai poder parcelar a diferença em até 24 vezes. O parcelamento é automático, desde que seja pago o valor de acordo com a negociação indicada na fatura. No Banco do Brasil, ainda vai ser possível pagar o valor mínimo, que passa a ser composto pelo saldo devedor e encargos da fatura anterior mais 15% aplicado sobre o valor de novas compras do mês junto a parcelas de financiamentos anteriores, se for o caso. 

Bradesco  As taxas no banco variam de  entre 3,60% e 9,80% para aqueles que precisam negociar o saldo devedor, que pode ser parcelado em até 12 vezes. Caso o cliente queira negociar um prazo maior, ele deverá entrar em contato com os canais de autoatendimento.  

Caixa Econômica  Os clientes que estiverem com saldo rotativo terão três opções: quitar a fatura total; pagar o mínimo; ou aderir à linha de crédito parcelada, financiada em até 24 vezes com taxas entre 3,30% e 9,90% ao mês. Para formalizar a adesão, o cliente deve pagar o valor exato da primeira parcela de uma das propostas de parcelamento, que estará disponível na fatura, até a data do vencimento.

Itaú  O banco também negocia o saldo devedor em até 24 parcelas com juros entre entre 0,99% e 8,90% a.m. O Itaú criou também a opção em que o cliente escolhe o valor que deseja pagar de entrada com o restante sendo financiado em 12 vezes com a mesma taxa oferecida no parcelamento da fatura. A entrada pode ser qualquer valor entre o valor da menor parcela oferecida para o parcelamento da fatura e o valor do pagamento mínimo.Os clientes podem buscar mais informações no site www.itau.com.br/cartoes/novaregra.

Santander  O Banco irá parcelar, automaticamente, o saldo remanescente do rotativo de 4 a 18 vezes, com juros que irão variar de 2,99% a 9,99% ao mês, de acordo com o perfil e as necessidades financeiras do cliente. O banco também disponibiliza o Total Parcelado, que permite a quitação do saldo total do cartão,  com taxas que variam de 2,99% a 7,99% ao mês e prazo de até 36 vezes.

Dica da semana: Cuidado com o rotativo

Entenda as mudanças  Antes, o consumidor deveria fazer o pagamento mínimo (15% do valor da fatura) até o vencimento para não ficar inadimplente. O restante da dívida, acrescido de juros, era cobrado no mês seguinte e o consumidor poderia fazer o pagamento mínimo novamente, mês a mês, gerando a famosa “bola de neve” do rotativo do cartão. Agora, o consumidor só pode fazer o pagamento mínimo por um mês. Depois disso, o banco  é obrigada a oferecer uma linha de crédito para que parcele o saldo devedor com juros menores.

Bola de neve  Mesmo com juros menores, os encargos do financiamento ainda são altos. Portanto, caso perca o controle financeiro e não consiga pagar a fatura total do cartão no vencimento, é preciso fazer, imediatamente, um diagnóstico financeiro e descobrir a verdadeira causa do problema. 

Alternativas  Antes de aceitar as opções de parcelamento ofertadas na fatura, busque  uma linha de crédito com taxas de juros menores, como um empréstimo pessoal ou consignado, por exemplo. 

Limites  O limite do cartão de crédito não deve ultrapassar 50% do salário ou ganho mensal, o que evitará gastar mais do que se recebe. É importante que a soma das dívidas não ultrapasse 30% do salário ou ganho mensal, justamente para evitar o descontrole financeiro. 

Parcelas  Ao fazer o parcelamento é preciso ter consciência que está comprometendo o orçamento mensal dos próximos meses, portanto é imprescindível controlar os gastos.

Encargos  Evite o pagamento de anuidade do cartão. Hoje, é possível encontrar cartões que não cobram nenhuma taxa de manutenção. Também nunca empreste o cartão de crédito à outra pessoa, mesmo que seja conhecida. 

Benefícios  Busque mais informações sobre prêmios ou milhagens e outras vantagens oferecidas pelos cartões em seus programas de fidelidade. Isso pode garantir uma boa economia. 

Controle  Anote todas as despesas realizadas com o cartão de crédito para que saiba onde e com que mais gastou.

Número de cartões  Reduza o número de cartões. Restrinja a quantidade, respeitando o limite da renda. Ter muitos cartões pode fazer com que a pessoa se descontrole no orçamento, além do gasto adicional com anuidades.

Vencimento  Se contar com dois cartões, aproveite para ter duas datas diferentes de pagamento, de preferência com uma diferença de 15 dias entre elas. Isso possibilita uma melhor administração do dinheiro.

Evite fazer saques  As tarifas cobradas para saques com cartão de crédito costumam ser elevadas.

Extrato  Pelo menos uma vez por semana, olhar o extrato do cartão de crédito pelo aplicativo do celular, no site do banco ou pelo caixa eletrônico é um jeito fácil de controlar suas finanças. 

Cartão não é renda  Lembre-se que o limite do cartão não pode entrar na receita como parte da renda da família.  Mais uma vez, vai ser preciso planejamento.