MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Sem controlar emissões de carbono, grande parte de Salvador deixará de existir daqui a 500 anos, prevê especialista

O climatologista Carlos Nobre veio a Salvador e participou do evento Cidades Sustentáveis

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  • Raquel Brito

Publicado em 30 de abril de 2024 às 05:30

Carlos Nobre
Carlos Nobre Crédito: Divulgação

As mudanças climáticas são um dos assuntos mais urgentes dos tempos atuais. Em Salvador, visando diminuir a pegada de carbono e tentar amenizar os efeitos desse problema, a Prefeitura, em parceria com o Senai Cimatec, lançou a Chamada Cidade Zero Carbono. Sem que essas medidas sejam postas em prática, grande parte da capital baiana pode deixar de existir em 500 anos.

Quem explica é o climatologista Carlos Nobre, uma das maiores referências em climatologia do mundo. Segundo ele, existem vários cenários possíveis de consequências para as mudanças climáticas, a depender do tempo a que nos referimos.

"Vamos imaginar primeiro em um século: se a gente continuar mantendo as emissões altas, no nível que elas estão hoje, Salvador chegará no fim do século com a temperatura na faixa de 2,5ºC acima de hoje, que já está mais quente. Os fenômenos de chuvas intenssíssimas vão acontecer com uma frequência muito maior. Por exemplo, um fenômeno que aconteceria a cada 50 anos vai acontecer a cada cinco ou dez anos”, diz.

Além disso, se o clima do planeta aquecer tudo isso, o nível do mar subirá em 80 cm. Desde que o aquecimento global teve início, já foi registrado um aumento de 20 cm. Mas, o pior futuro em vista ainda é outro.

“Se subir mais 80, isso vai afetar muitas áreas muito baixas aqui de Salvador, mas talvez a pior possibilidade é que quando você pensa em mais de 500 anos, o nível do mar subirá de cinco a 10 metros. Grande parte de Salvador deixaria de existir. Então tem que existir políticas de adaptação que já precisam ser desenhadas a partir de agora”, acrescenta o especialista.

Em sua passagem por Salvador, o cientista alertou ainda para a influência dos extremos climáticos na epidemia de dengue. Isso acontece por conta do desmatamento, que reduz a biodiversidade. Com isso, explicou Nobre, ocorre também a redução no número de outros possíveis hospedeiros dos mosquitos, o que aumenta a busca dos insetos por hospedeiros humanos.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.

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