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Carmen Vasconcelos
Publicado em 2 de junho de 2025 às 06:00
O relatório “O Futuro dos Empregos”, do Fórum Econômico Mundial apontou que até 2030, cerca de 170 milhões de novos empregos serão criados em todo o mundo, enquanto aproximadamente 92 milhões de funções serão eliminadas devido à automação e digitalização. >
Setores que dependem fortemente de processos repetitivos e tarefas administrativas estão em risco. Profissões como operadores de caixa, assistentes administrativos e digitadores são algumas das mais vulneráveis à automação. >
Mas diante de mudanças tão rápidas e significativas, como os profissionais podem se preparar para minimizar os impactos negativos? >
A especialista em desenvolvimento profissional e mudanças e sócia-proprietária da Quantum Development, Susana Azevedo explica que o primeiro passo é estar atento ao que se passa no mercado de trabalho. “A partir da consciência desses movimentos e dos riscos associados, podemos fazer uma gestão ativa de nossa carreira, de nosso desenvolvimento em termos de competências, habilidades, experiências e escolhas profissionais”. Em outras palavras, Susana reforça a importância de tomar as rédeas da própria carreira e estar adiantado às mudanças que podem ocorrer. Segundo a especialista, não há outro caminho a não ser a qualificação e a requalificação profissional. “A pesquisa destaca que cerca de 50% dos trabalhadores precisarão passar por esse processo de requalificação até 2025”, explica. >
Para o CEO da Progic Igor Gavazzi Vazzoler, além da atitude de aprendizado contínuo, o profissional precisa cultivar competências interpessoais, como pensamento crítico, criatividade e inteligência emocional, torna-se indispensável, pois essas habilidades ajudam a lidar com desafios complexos e a tomar decisões estratégicas. “Outra estratégia importante é construir uma rede de contatos sólida, que permita a troca de experiências e a identificação de novas oportunidades. Dessa forma, o profissional se mantém flexível, adaptável e capaz de se reposicionar no cenário competitivo em constante evolução”, orienta. >
O Diretor de Recruitment Solutions da LHH Brasil Gustavo Coimbra Costa reforça que no mundo globalizado e digitalizado, a capacidade de apreender coisas novas (e desaprender coisas antigas) é essencial para a evolução do mercado de trabalho e garantir não apenas o emprego, mas a empregabilidade. “Isso significa que curiosidade legitima, busca constante por conhecimento e uso do tempo para melhorias é essencial. Vivemos a era do conhecimento e da entrada da tecnologia na substituição de tarefas rotineiras, por isso a evolução do aprendizado constante é essencial “, pontua.>
Mudança de profissão >
Se diante de tudo isso você percebeu que sua carreira está em risco, os especialistas defendem que uma mudança de rota profissional pode ser a transformação necessária para garantir a empregabilidade. >
Especialista em transição de carreira e diretor da Transite Vinicius Walsh diz que a transição de carreira não precisa ser um salto no escuro — ela pode ser feita com estratégia, consciência e planejamento. “O primeiro passo é entender que mudar de carreira não é recomeçar do zero, e sim reaproveitar competências em um novo cenário”. Ele reforça que é importante mapear o que se sabe, buscar conexões com a nova área desejada e dar pequenos passos: fazer um curso, participar de comunidades, testar o novo caminho por meio de freelas ou projetos paralelos. >
“Também é essencial cuidar da parte emocional e financeira — mudanças trazem incertezas, mas com preparo e apoio, os impactos negativos podem ser bem reduzidos”, sugere Walsh. >
Wlash afirma que funções muito operacionais e repetitivas estão sendo profundamente impactadas pela automação. “Isso não quer dizer que essas pessoas ficarão sem espaço — mas é fundamental repensar o papel que exercem. Quem trabalha em funções administrativas, atendimento básico ou produção industrial precisa buscar atualização, porque essas tarefas estão cada vez mais sendo assumidas por máquinas e sistemas”, reflete o representante da Transite. >
Gustavo Coimbra defende que a transição de carreira precisa ser encarada como um processo natural dos dias atuais e do futuro. Os ciclos de tempo na mesma função estão cada vez mais curtos e os novos desafios constantes precisam pautar a evolução. Nesse processo, o maior aprendizado deve ser o autoconhecimento profundo e definir claramente quais são as áreas de fortaleza e desenvolvimento. “Além disso, existem hoje no mercado vários modelos de atuação profissional, e não apenas mais o modelo de contratação formal, trazendo ainda mais flexibilidade e ganhos aos profissionais. No processo de transição de carreira, um dos maiores ganhos é a intensificação do networking, que leva aos movimentos principais de carreira. Ele ainda é responsável por mais de 70% das novas contratações no mercado da américa latina”, complementa.>
IA como estratégia >
Nesse universo de flexibilidade, digitalização e aprendizados constantes, Gustavo Coimbra Costa afirma que a Inteligência Artificial (IA) não precisa ser vista como uma ameaça. “Na minha visão, a IA é um parceiro do desenvolvimento profissional. Ela chega trazendo ao mercado de trabalho a otimização de tarefas repetitivas e a consolidação de informações em um mesmo canal compartilhado de conhecimento, exigindo que os humanos desenvolvam a capacidade de analisar e críticas a informações, mudando seu comportamento de apenas executar uma tarefa para uma abordagem de melhoria das atividades”, defende. >
Igor Gavazzi vai além e complementa que, ao invés de substituir o talento humano, essa tecnologia pode elevar o nível estratégico, ajudando a empresa a atingir um diferencial competitivo enquanto os colaboradores se dedicam a funções de maior valor agregado. >
A especialista Susana Azevedo reforça que, apesar de muito citadas, não são apenas as competências técnicas digitais que vão garantir a continuidade das carreiras. Uma das habilidades mais valorizadas é ter um modelo mental de aprendiz. “Com certeza todos necessitamos de ter um nível de literacia digital e tecnológica mais alto, mas para lidar em cenários com tantas mudanças simultâneas e rápidas, precisamos primeiro desenvolver a habilidade de aprendizagem contínua”, explica Susana. >
Ela destaca que ainda de acordo com o relatório “O Futuro dos Empregos”, habilidades conectadas a competências humanas cognitivas e socioemocionais serão as mais relevantes. Entre elas estão pensamento analítico, resiliência, flexibilidade e agilidade, liderança e influência social e empatia. >