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Da Redação
Publicado em 25 de janeiro de 2019 às 06:00
- Atualizado há 2 anos
O atum está até 30% mais barato no Mercado do Peixe de Água de Meninos, na Cidade Baixa, em Salvador. O quilo que custava entre R$ 16 e R$ 19 pode ser encontrado agora por até R$ 14. >
A redução no preço é provocada pelo aumento na quantidade de atum que tem chegado à capital baiana. Boa parte do pescado vem do Sul e Sudeste do Brasil, mas também tem crescido o volume que chega da região Sul da Bahia.>
“O pessoal de Ilhéus tem enviado mais atum para cá, isso acaba refletindo no nosso preço. Já os consumidores também têm comprado mais e as vendas aumentaram cerca de 20%”, afirma Fernando Santos, que comercializa pescados há doze anos. Fernando Santos está vendendo até 20% a mais de atum no Mercado do Peixe de Água de Meninos (Foto: Georgina Maynart) Boa pescaria Os pescadores de Ilhéus estão encontrando atum com mais frequência nas águas oceânicas que banham esta parte da costa baiana. Segundo eles, vários fatores passaram a influenciar no sistema de pesca da região.>
“Nos últimos dois anos nós mudamos a modalidade de pesca. Estamos usando um sistema que segura o cardume, evitando a dispersão dos peixes. Assim, vários barcos conseguem atuar numa mesma área", explica Pedro Mota, dono de barco que começou a pescar atum há dois anos, depois de passar 25 anos pescando exclusivamente camarão.>
Ele prossegue: "Nós também passamos a contar com a presença de muitas embarcações que atuavam no Sul do Brasil e migraram para a Bahia. Além disso, nós temos uma costa muito rica, com um fator preponderante que é a distância. A nossa plataforma de pesca, que é a área de exploração que vai de zero a 200 metros de profundidade, é estreita, então nós encontramos cardumes a uma hora de distância da área de atuação”. >
Este ano, a grande temporada de pesca deve se prolongar até março.“É tanto atum que passamos a fazer o caminho contrário. Atualmente somos nós que mandamos para o Sudeste e para o Sul do Brasil, inclusive para Itajaí, em Santa Catarina, que antes era o maior produtor”, acrescenta o pescador.Crescimento de 550%De acordo com a Bahia Pesca, empresa vinculada à Secretaria de Agricultura do Estado, desde o fim de 2018 para cá, os barcos da região desembarcaram no Terminal Pesqueiro da Ilhéus mais de 100 toneladas de atum, um volume 550% maior do que no ano anterior. >
“Há dois fatores que explicam esse crescimento. O primeiro é o aumento no interesse dos pecadores em desembarcar o atum no terminal de Ilhéus por conta da infraestrutura. Além disso, possivelmente fatores climáticos podem estar causando uma ressurgência no Sul da Bahia. Uma ressurgência é uma área em que há um grande acúmulo de nutrientes na superfície, com impactos na cadeia alimentar da vida marinha”, analisa o presidente da Bahia Pesca, Eduardo Rodrigues.>
Além do atum, o terminal vem registrando uma elevação significativa dos outros pescados como dourado, marlim, galhudo e meca, também abundantes na região. Em 2018 foram desembarcadas pelo terminal mais de 240 toneladas de peixes, cerca de 60% a mais do que em 2017.>
Para incentivar a pesca na região, estão sendo disponibilizados no terminal serviços como beneficiamento do pescado, estrutura de peixaria, caminhão frigorífico, píer com capacidade para abrigar cerca de 15 embarcações ao mesmo tempo, e descontos de até 25% na venda de gelo. Terminal Pesqueiro de Ilhéus registrou aumento de 550% no desembarque de atum (Foto: Bahia Pesca) NutritivoO atum é rico em propriedades nutricionais, a exemplo de proteínas, potássio, magnésio, vitaminas do complexo B e Ômega 3, um tipo de gordura classificada como boa para o organismo. >
Segundo os especialistas, o Ômega 3 é um ácido graxo capaz de atuar na redução de inflamações, proteger o corpo de doenças cardiovasculares e auxiliar no controle do colesterol. >
Não por acaso, o atum é um dos peixes mais usados na produção de sushi e sashimi, pratos da culinária japonesa.>
Pescado em expansãoO atum é considerado um recurso internacional, por ser uma espécie de peixe que migra durante o ciclo de vida. Por isso, os países banhados pelo oceano estão ligados à Comissão Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico (ICCAT), que certifica a pesca e estabelece regras para que não haja excesso de captura. >
De acordo com o órgão, a adoção de novas tecnologias de pesca tem estimulado o crescimento da produção de atum no Brasil. Os dados mostram que a produção anual brasileira quintuplicou entre 2010 e 2017, passando de cerca de 5 mil toneladas para mais de 26 mil toneladas por ano.>