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Roberto Midlej
Publicado em 8 de maio de 2024 às 06:00
Ainda faltam algumas questões burocráticas e ritos processuais, mas está praticamente assegurado: depois de um longo imbróglio, a Associação dos Amigos do Teatro Castro Alves (ATCA) seguirá como gestora da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba) nos próximos dois anos, com o maestro Carlos Prazeres como regente. Conforme publicado no Diário Oficial desta terça-feira (7), a associação obteve na primeira etapa do edital a nota técnica 96,26 contra 90,43 do único concorrente, o Instituto Arte Plena.
Segundo a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBa), vem agora a fase de “habilitação jurídico-fiscal e qualificação econômica e financeira”. E, caso a ATCA cumpra os critérios, será homologada vencedora. No entanto, a entidade prefere ainda não celebrar a vitória, uma vez que pode haver recurso por parte do outro concorrente no prazo de cinco dias úteis após a publicação.
Em comunicado divulgado ontem, a Secult informou que, caso não haja recurso, “divulgará parecer final da Comissão Julgadora e emitirá Ato de Homologação, declarando o resultado final, com a entidade vencedora assumindo a gestão da Osba por 24 meses, após a assinatura do novo contrato”.
Procurada pelo CORREIO, a ATCA informou que vai aguardar a divulgação oficial do resultado: “A ATCA reforça o desejo de manter o trabalho bem-sucedido realizado como Organização Social gestora da Osba desde abril de 2017. Durante esse período, a Osba alcançou vários avanços, incluindo o aprimoramento da qualidade artística, a expansão do repertório e o aumento do público”.
A ATCA também destacou a atuação de Carlos Prazeres, curador artístico e maestro da Osba. Segundo a entidade, “a Orquestra também conquistou feitos significativos, como ser escolhida, em 2023, como a melhor Orquestra Sinfônica do Brasil no Prêmio Profissionais da Música e ser a principal atração do Festival Música em Trancoso por dois anos consecutivos, entre outras atividades”.
Prazeres foi procurado pelo CORREIO, mas também disse que prefere aguardar a homologação. Também procurados pela reportagem, músicos da orquestra disseram o mesmo.
Histórico
Em 2023, a Secult lançou um edital para selecionar uma Organização Social para gerir a Osba. Inscreveram-se a ATCA - que já geria a orquestra - e o Instituto de Desenvolvimento Social pela Música (IDSM), ligada ao maestro Ricardo Castro (Neojiba).
Em julho, o resultado dava o IDSM como vencedor e a ATCA era desclassificada. Segundo a Secult, a ATCA não havia atingido a nota técnica mínima para chegar à fase seguinte do processo de seleção por falta de comprovação da experiência no critério de gestão e execução de serviços de gestão, e divulgação da música de concerto.
O IDSM chegou a indicar que o paulista Cláudio Cruz seria o novo maestro da Osba. Mas a ATCA recorreu e conseguiu a desclassificação do concorrente. Como os dois únicos concorrentes foram eliminados, o edital foi declarado tecnicamente “fracassado”. Por isso, foi lançado o novo edital neste ano, em que a IDSM decidiu não concorrer.
Meses antes daquele edital, Ricardo Castro havia criticado a Osba por promover o Osbrega, concerto cujo repertório era formado por canções do brega brasileiro. Numa rede social, Ricardo escreveu: “Quando uma orquestra sinfônica estadual, depois de conquistar milhões inéditos para seu orçamento e poder contratar músicos excelentes, escolhe esse ‘título’ para promover um concerto que poderia ser tocado melhor por ’Lairton e seus teclados’, estamos certamente entrando em um círculo do inferno nunca Dantes visto neste país”.