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Wendel de Novais
Publicado em 7 de julho de 2025 às 11:21
Além dos resultados políticos, Joneuma Silva Neres, ex-diretora do presídio de Eunápolis que facilitou a fuga de detentos, obteve ganhos financeiros para atuar em favor de presidiários da facção Primeiro Comando de Eunápolis (PCE), que foi incorporada pelo Comando Vermelho (CV). A denúncia feita pelo Ministério Público do Estado (MP-BA) indicou que a investigada teve um lucro milionário no processo. >
“Apurou-se, com os depoimentos colhidos nas investigações preliminares, que a intermediação da primeira denunciada nas atividades criminosas que beneficiavam os membros do “PCE” chegou a lhe render valores próximos de R$ 1.500.000,00”, detalhou o MP na denúncia. O valor teria sido pago em seis meses, já que Joneuma foi nomeada diretora em março de 2024 e exonerada em dezembro do mesmo ano. >
Joneuma Silva Neres
O documento da denúncia, que a reportagem teve acesso, destaca a ação diária de Joneuma no processo de planejamento da fuga, que era encabeçada pelo líder do PCE, que tinha envolvimento amoroso com a denunciada. As investigações revelaram ainda que, no intuito de apagar rastros das ações em favor da facção, Joneuma agiu politicamente para demitir servidores que não cooperassem com as suas ações. >
“A denunciada começou a utilizar-se, sistematicamente, da influência política de seu padrinho Uldurico Pinto [ex-deputado federal], junto ao SEAP e ao governo estadual para direcionar as contratações e demissões dos servidores do Conjunto Penal de Eunápolis. Assim, os servidores que ‘não fechavam os olhos’ ou compactuavam com aqueles desmandos eram intimidados ou sumariamente demitidos”, diz denúncia. >
Ao todo, a denúncia destaca a demissão de ao menos cinco funcionários no processo. Profissionais que foram substituídos por pessoas ligadas a Joneuma, incluindo a sua irmã. Dentro da ‘logística’ do planejamento de fuga, o primeiro passo da investigada, em parceria com o líder do PCE e o supervisor do presídio, foi transferir todos os líderes da facção para duas celas de onde fugiram no fim do ano passado. >
“Ficou acertado entre os três primeiros denunciados que os líderes do PCE deveriam ficar todos juntos nas celas 44 e 45 do pavilhão B, para poderem se comunicar e trabalharem juntos, nos atos preparatórios e executórios da fuga. Assim, os três primeiros denunciados deliberaram que o roteiro da fuga passaria por uma escavação (buraco) direcionada para o teto da cela 44”, explica trecho da denúncia. >
Para a escavação, Joneuma chegou a ceder uma furadeira para o grupo criminoso que, depois de passar pelo buraco, conseguiu acessar a passarela e a parte externa do Conjunto Penal no dia da fuga. >