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Ex-diretora de presídio mantinha relação amorosa com líder de facção, aponta investigação

Presos e funcionários contaram, em depoimento, que a gestora concedia regalias aos integrantes da facção Primeiro Comando de Eunápolis (PCE)

  • Foto do(a) author(a) Elaine Sanoli
  • Elaine Sanoli

Publicado em 3 de julho de 2025 às 21:39

Joneuma Neres Silva, ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis e Ednaldo Pereira Souza, o Dadá, chefe do Primeiro Comando de Eunápolis
Joneuma Neres Silva, ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, e Ednaldo Pereira Souza, o Dadá, chefe do PCE Crédito: Reprodução

As investigações sobre a fuga de 16 detentos do Conjunto Penal de Eunápolis, em 12 de dezembro de 2024, apontaram irregularidades na gestão da ex-diretora Joneuma Silva Neres, de 33 anos, que indicam sua participação na fuga. De acordo com depoimentos de presos da unidade, Joneuma mantinha relações amorosas com um dos fugitivos, o líder do Primeiro Comando de Eunápolis (PCE), Ednaldo Pereira Souza, conhecido como Dadá. Além disso, há indícios de que ela concedia regalias aos integrantes do grupo, conforme noticiado pelo CORREIO

O conteúdo do processo e dos depoimentos foi acessado pela TV Bahia. As informações indicam que Joneuma autorizou a entrada irregular de itens como freezers, roupas, sanduicheiras e refrigeradores para uso dos integrantes de facções. Segundo o ex-coordenador do presídio Wellington Oliveira, preso em janeiro por suspeita de ser cúmplice da ex-diretora, Joneuma chegou a liberar até mesmo a entrada da esposa de Dadá no Conjunto Penal sem qualquer necessidade de revista ou inspeção. 

"As investigações apontam diversas irregularidades no Conjunto Penal, após a direção assumida pela investigada, tais como contato direto e reuniões particulares com detentos chefes de facções criminosas, concessão de certos benefícios e autorização de entrada no presídio sem a devida revista pessoal para algumas pessoas, dentre elas a esposa do atual líder da facção criminosa conhecida como PCE”, escreveu o juiz do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), na sentença que manteve a prisão da ex-gestora, em janeiro. 

A defesa de Joneuma alega que o comportamento da diretoria buscava apenas manter a paz na penitenciária. "Dentro de uma unidade penal, vive-se de negociação, no sentido de você tentar ao máximo estabelecer a ordem da unidade prisional, evitar problemas, guerras e conflitos entre os presos", afirmou o advogado Artur Nunes. 

Em seu depoimento, Wellington não confirmou que havia uma relação amorosa entre Joneuma e Dadá, mas relatou que os dois frequentemente tinham encontros a sós, com o visor da porta coberto por uma folha de papel, conduta que era vista com estranhamento por funcionários da unidade. Joneuma foi presa em janeiro deste ano, enquanto estava grávida. A criança nasceu prematura e está com a mãe no Conjunto Penal de Itabuna. 

Em abril, ela ingressou com pedido judicial de auxílio financeiro para arcar com custos da gravidez contra o ex-deputado federal Uldurico Junior, alegando que o político seria o pai da criança. O ex-parlamentar, inclusive, é citado nas investigações como um dos políticos que possuíam livre acesso aos presidiários e não passavam por revistas ou inspeções.

Um dos policiais penais ouvidos no processo contou que Uldurico costumava se comunicar, com certa frequência, com presos e lideres de facção, entre eles Dadá. Procurado pela TV Bahia, o advogado do ex-parlamentar  afirmou que "Uldurico Junior diz não responder a nenhuma acusação e que tem pressa para fazer o teste de DNA".

Ainda segundo as investigações, Joneuma teria recebido R$ 1,5 milhão da facção e planejava fugir para o Rio de Janeiro, onde a facção PCE tem como aliado o grupo Comando Vermelho (CV). A defesa da ex-diretora nega. "Em nenhum momento [ela] recebeu qualquer tipo de valor. Foi requerido a quebra do sigilo bancário, no momento que quiserem, eles têm acesso, porque em nenhum momento qualquer dinheiro vinculado à facção foi recebido por ela", diz o advogado.

Até o momento, 15 detentos que escaparam do presídio ainda estão foragidos. Do total de 16, a polícia conseguiu localizar um deles, em uma casa em Eunápolis, mas o homem acabou morto durante a ação policial.