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Elaine Sanoli
Publicado em 4 de julho de 2025 às 16:50
Além de indicar um romance entre a ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, Joneuma Silva Neres, e o líder da facção Primeiro Comando de Eunápolis (PCE), Ednaldo Pereira de Souza, conhecido como Dadá, as investigações do Ministério Público da Bahia (MP-BA) apontaram o envolvimento dos dois em um esquema de compra de votos.>
De acordo com as informações acessadas pela TV Bahia, eles negociavam votos por cerca de R$ 100. Ela foi denunciada à Justiça por facilitar a fuga de 16 detentos em dezembro de 2024 e está presa desde janeiro.>
As informações do processo indicam que Joneuma utilizava seu cargo de gestora da unidade prisional, onde concedia benefícios a integrantes de facções, para possibilitar o encontro entre Dadá e o ex-deputado federal Uldurico Jr., padrinho político de Joneuma. O ex-parlamentar foi candidato à prefeitura de Teixeira de Freitas no último pleito, em 2024.>
O acordo entre eles previa o acobertamento das ações do PCE dentro e fora do presídio. Para isso, eram "prometidos" votos dos detentos provisórios da unidade, que pertenciam à facção, bem como de familiares e amigos, que recebiam cerca de R$ 100. Joneuma, por sua vez, ganharia apoio de Uldurico para se manter no cargo de diretora da instituição. >
Ainda segundo as investigações, Joneuma teria recebido R$ 1,5 milhão da facção e planejava fugir para o Rio de Janeiro, onde a facção PCE tem como aliado o grupo Comando Vermelho (CV). A defesa da ex-diretora nega. "Em nenhum momento [ela] recebeu qualquer tipo de valor. Foi requerido a quebra do sigilo bancário, no momento que quiserem, eles têm acesso, porque em nenhum momento qualquer dinheiro vinculado à facção foi recebido por ela", diz o advogado.>
Em seu depoimento, o ex-coordenador do presídio Wellington Oliveira, preso em janeiro por suspeita de ser cúmplice da ex-diretora, não confirmou que havia uma relação amorosa entre Joneuma e Dadá, mas relatou que os dois frequentemente tinham encontros a sós, com o visor da porta coberto por uma folha de papel, conduta que era vista com estranhamento por funcionários da unidade. Joneuma foi presa em janeiro deste ano, enquanto estava grávida. A criança nasceu prematura e está com a mãe no Conjunto Penal de Itabuna.>
Em abril, ela ingressou com pedido judicial de auxílio financeiro para arcar com custos da gravidez contra o ex-deputado federal Uldurico Junior, alegando que o político seria o pai da criança. O ex-parlamentar, inclusive, é citado nas investigações como um dos políticos que possuíam livre acesso aos presidiários e não passavam por revistas ou inspeções. >
Um dos policiais penais ouvidos no processo contou que Uldurico costumava se comunicar, com certa frequência, com presos e lideres de facção, entre eles Dadá. Procurado pela TV Bahia, o advogado do ex-parlamentar afirmou que "Uldurico Junior diz não responder a nenhuma acusação e que tem pressa para fazer o teste de DNA".>