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Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2018 às 07:00
- Atualizado há 2 anos
Elas são inspiradas pela fé. Carregadas no sincretismo, pedem licença aos orixás e trazem a baianidade como identidade. Assim são as joias assinadas por criadores da nossa terra que não fogem das suas origens e refletem a multiplicidade da rica cultura regional.>
Ouro, prata e sementes se misturam nas mais belas formas, dando vida às preciosidades criadas por Marcela Cordier, Gabriela Lisboa e pelo Mago dos Metais.>
O Museu de Arte da Bahia (MAB) abriu as portas, literalmente, para ser cenário deste editorial, transbordando opulência e magnitude. >
O olhar apurado do fotógrafo Lucas Assis, as roupas cheias de texturas da estilista Marcia Ganem e a maquiagem de Ricardo Brandão ajudaram a criar o clima de majestade que valoriza nossos talentos locais. Confira! (Foto: Lucas Assis) Força natural A natureza sempre foi a inspiração de Gabriela Lisboa, 43. Por isso, confeccionar biojoias pareceu ser seu caminho profissional mais certo. A designer de joias faz bijuterias desde pequena. Usava como matérias-primas penas, sementes e resíduos naturais que colhia nas matas quando passava as férias em Ilhéus.>
Aos 26 anos, fez o curso técnico de designer de joias no Instituto Gemológico da Bahia e enveredou oficialmente pelo ramo das biojoias. “Hoje atuo nas comunidades quilombolas do Baixo Sul junto com o Sebrae, desenvolvendo projetos de valorização da identidade do artesanato baiano”, explica Gabriela.>
Uma constante no trabalho da designer é usar elementos do sincretismo e da força da mulher baiana. “Minha criação é orgânica, deriva das vivências. No momento, estou trabalhando numa coleção inspirada em cestaria”, diz. Materiais que aparecem muito em suas peças são a palha e o coco de piaçava, um tipo de palmeira nativa da Bahia. Às interessadas, as compras podem ser feitas através do insta: @gabrielalisboaajoias. (Foto: Lucas Assis) Ancestralidade africana O casal de ourives, Daisy Santos, 30, museóloga, e Luiz França, 37, está por trás da marca O Mago dos Metais. Ela ajuda na administração, nas pesquisas e no atendimento. Ele materializa as peças. Chamado de autor de joias, Luiz faz tipo misterioso: prefere não mostrar o rosto e está sempre usando a máscara tribal nas fotos.>
Tudo começou por uma questão de segurança, mas adquiriu um significado artístico também pelo desejo de que as obras se destaquem mais que o autor. “Luiz trabalha com criação de joias há 10 anos. Quando trabalhava como auxiliar de serviços gerais em uma ourivesaria, teve a chance de sentar na bancada e fazer a primeira peça”, conta Daisy.>
Ele iniciou a carreira criando peças ligadas a símbolos do candomblé, sempre por encomenda. Mas, há 3 anos, o universo religioso se transformou no grande destaque da marca, que não lança coleções especificas. As compras são feitas pelo instagram: @omagodosmetais. Whatsapp: 71 99304-1486. (Foto: Lucas Assis) Esplendor Sagrado Ela descobriu a profissão da forma mais prosaica possível: assistindo a novela das 21h. “Sempre gostei de arte e desenho, mas a profissão de designer de joias só surgiu quando já cursava engenharia civil. Assistindo à novela global Império, em 2014, tive o despertar”, explica Marcela Pereira, 23 anos. >
A jovem acabou se profissionalizando em São Paulo, fez curso na Escola Pan-Americana de Artes e, quando voltou a Salvador, começou a tocar o novo negócio batizado de Cordier, sobrenome da avó, que adicionou ao seu nome. Fundada há um ano, a marca está na segunda coleção, cujo nome é Bahias.>
“Tinha vontade de criar peças inspiradas na nossa cultura. Pesquisei bastante e escolhi focar em três inspirações: capoeira, samba de roda e candomblé”, conta Marcela. A designer chegou a fazer uma imersão no Recôncavo para viver mais intensamente o que pretendia representar nas peças. Tudo é feito em ouro e a comercialização acontece pelo instagram: @cordierjoias.>