Acesse sua conta
Ainda não é assinante?
Ao continuar, você concorda com a nossa Política de Privacidade
ou
Entre com o Google
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Recuperar senha
Preencha o campo abaixo com seu email.

Já tem uma conta? Entre
Alterar senha
Preencha os campos abaixo, e clique em "Confirma alteração" para confirmar a mudança.
Dados não encontrados!
Você ainda não é nosso assinante!
Mas é facil resolver isso, clique abaixo e veja como fazer parte da comunidade Correio *
ASSINE

Daniel Munduruku acusa Krenak de traição em disputa na ABL

Intérprete do pajé Jurecê, na novela Terra e Paixão, disse à Folha que colega "puxou seu tapete"

  • D
  • Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2023 às 10:56

Os escritores Daniel Munduruku e Ailton Krenak
Os escritores Daniel Munduruku e Ailton Krenak Crédito: divulgação

Dado como certo para ocupar a cadeira de número 5 da Academia Brasileira de Letras, que ficou vaga desde a morte do historiador José Murilo de Carvalho, em agosto, o escritor mineiro Ailton Krenak tem um concorrente de peso, também indígena: o escritor/ator paraense Daniel Munduruku, que interpreta o pajé Jurecê na novela Terra e Paixão. Munduruku, inclusive, está em sua segunda candidatura à ABL – em 2021, concorreu à vaga para a cadeira 12.

A candidatura de Munduruku, naquela época, foi defendida por uma carta  assinada por mais de 100 autores brasileiros, incluindo Chico Buarque, Ligia Bojunga, Alice Ruiz e também Ailton Krenak. " Disseram que eu seria o indígena que a Academia gostaria de ter entre os seus imortais", contou ele ao jornal Folha de S.Pauio.

Acontece que dessa vez, Ailton Krenak, validado por uma extensa campanha de divulgação nas mídias tradicionais, resolveu se inscrever. Munduruku afirmou à Folha que se sentiu “abalado” com a “puxada de tapete” do colega. Afinal, segundo ele, haviam combinado de não se enfrentarem. "Ele foi e se inscreveu primeiro", disse Mundurku. “Fiquei abalado. Tinha um combinado nosso de que se fosse para ter um de nós [indígenas] na ABL, esse alguém seria eu. Ele puxou o meu tapete”, completou.

Ainda segundo Daniel Munduruku, que disse ter ligado para Krenak, este lhe garantou que não tinha interesse em entrar para a Academia: “Mas [disse] que havia sido bastante incentivado a sair candidato, então resolveu aceitar. Me garantiu que não faria campanha, mas no mesmo dia já estava fazendo seus contatos”.

“Sou da literatura há 30 anos, premiadíssimo, inclusive pela própria ABL. Tenho uma obra vasta, ensino indígenas a escrever. Eu que inventei a literatura indígena, isso não existia, sou pioneiro. Tenho direito adquirido sobre essa vaga e sei que se o Krenak entrar agora, eu não entro nunca mais”, gabou-se Munduruku à Folha.

Ao mesmo jornal, Ailton Krenak disse que “foi surpreendido por uma nota no jornal dizendo que a vaga do José Murilo poderia ser ocupada por um indígena, no caso, o Ailton Krenak. Eu estava na aldeia e só soube três dias depois. Fiquei surpreso, eu não pensava nisso”.

Sobre a concorrência com Munduruku, Krenak afirmou que é “grave”: “É grave o Daniel fazer um comentário desse. Nunca fiz um trato com ele, sequer tomamos um café. Nunca falei com ele sobre Academia Brasileira de Letras. Nunca reivindiquei nada, nunca fiz acordo para nada. Não faço campanha nenhuma, tenho mais o que fazer”.

Embora diga que está “incomodado com o assunto”, que não faz questão de integrar o time de Imortais da ABL, Krenak não pensa em desistir da candidatura. “Seria molecagem. Eu respeito a Academia e vou até o final, senão nem teria feito a inscrição. Não sei de onde você tirou essa ideia de que uma pessoa que entra na disputa pode desistir, ainda mais sendo o favorito”, disse à Folha.