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Maria Raquel Brito
Publicado em 10 de outubro de 2025 às 06:00
Arte, educação e, acima de tudo, diversão. O mês das crianças chega acompanhado de mais uma edição do Festival Vilerê, iniciativa do Teatro Vila Velha voltada para os pequenos. Como parte do programa “Vila Ocupa a Cidade”, o festival acontece este ano no Museu de Arte da Bahia, entre os dias 11 e 19 de outubro. Parte da programação é gratuita e outra tem ingressos a preços populares, que podem ser adquiridos pelo Sympla ou na bilheteria do museu. >
Ao longo dos nove dias, os visitantes terão acesso a três espetáculos e seis oficinas e workshops de temas variados. O projeto, que está completando 14 edições, faz um trabalho de mediação cultural com foco na iniciação artística de crianças e adolescentes da rede pública de ensino, de comunidades e de instituições sociais. >
“O Vilerê nasceu de um desejo muito bonito: o de olhar com mais atenção e carinho para as crianças e os jovens que frequentam o teatro – e também para aqueles que ainda vão descobri-lo. A gente queria criar um espaço onde a infância e a juventude fossem protagonistas, não só como público, mas como pensadores, criadores e participantes ativos da cena cultural”, diz a curadora e coordenadora geral do Festival Vilerê, Cristina Castro. >
Segundo a curadora, o que não podia faltar na programação era a mistura entre diversão e reflexão, uma vez que “o Vilerê não é só um festival para assistir: é para participar, experimentar, criar junto”.>
Atrações do Vilerê
“Por isso, além dos espetáculos, a programação traz oficinas, rodas de conversa, atividades no jardim, mediações e sessões com Libras, tudo pensado para ampliar o acesso e o diálogo. A gente acredita que o teatro pode ser um espaço de descoberta e de escuta – um lugar onde as crianças e os jovens se veem, se reconhecem e também sonham novos futuros”, afirma.>
Quem abre a programação é o espetáculo “Laborioso Contato: Um palhaço anuncia o fim do mundo”, da Trupe Motim de Teatro, do Ceará, que terá sessões nos dias 11 e 12 de outubro às 17h (abertas ao público) e mais uma sessão fechada (mediada) no dia 16, às 10h. Na peça, um extraterrestre pousa na terra para pôr fim na humanidade e o palhaço Bufão enfrenta os quatro cavaleiros do apocalipse para salvar o mundo. >
O espetáculo vem circulando por diversos festivais do país e desembarca pela primeira vez no Vilerê. “É muito significativo para a Trupe Motim conseguir circular com um trabalho que une palhaçaria, bonecos e formas animadas, levando teatro a diferentes espaços e públicos. Essa é uma arte que, muitas vezes, é marginalizada, mas que possui um valor imenso. Nosso trabalho dentro da palhaçaria é diferenciado, pois borramos as fronteiras entre linguagens artísticas, misturando música, dança, artes visuais, palhaçaria e dramaturgia”, diz o ator Chico Henrique. Além do espetáculo, a trupe ministrará também uma oficina de construção de máscaras nos dias 13, 14 e 15.>
Seguindo a programação de espetáculos está a peça “A Botija, Um Pequeno Inventário de Histórias Fantásticas do Nordeste Brasileiro”, da Cia. Fabulinhando (RN/SP), que nasce de uma pesquisa em literatura oral por cidades do sertão potiguar e tem apresentações nos dias 16, às 16h, e 17, às 15h. E no ritmo “Vila ABCD”, da baiana Cia. Brasil de Teatro, o festival traz nos dias 18 e 19, às 17h, um musical que mergulha no universo da língua portuguesa através de composições feitas a partir das letras do alfabeto. Os ingressos das produções abertas ao público custam R$20 (meia) e R$40 (inteira).>
O Vilerê reúne ainda uma série de atividades formativas gratuitas, como a oficina de teatro para adolescentes, com a atriz e diretora Chica Carelli (BA), uma oficina de jardinagem para crianças com o ator, cantor, produtor cultural e jardineiro Pedro de Rosa Morais e os workshops “O trabalho autoral para as infâncias”, da Cia Fabulinhando (RN/SP) e “O Museu Através da Perspectiva da Criança”, com atriz e arte-educadora Marísia Motta. Além de uma edição especial do Fala Vila com o tema “Arte e Infâncias: onde a cultura se reinventa”. >
Em sua oficina, a atriz Marísia Motta apresentará para os pequenos quantos universos cabem num só museu. Segundo ela, a oficina surgiu da vontade de exercitar que as crianças compartilhem as impressões que têm quando visitam uma exposição, convidando-as a elaborar suas próprias obras de arte a partir do que acabaram de apreciar.>
“As crianças têm direito à cultura e quanto mais cedo nós adultos apresentarmos esse universo para elas teremos a chance de formar seres humanos mais sensíveis e mais conectados com uma sociedade melhor. Acredito na arte como poder de transformação”, diz.>