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Hanbok: vestimos o traje tradicional coreano para contar a história da peça

Da tradição milenar aos dias atuais, um mergulho na simbologia, na história e na experiência de vestir essa roupa emblemática

  • Foto do(a) author(a) Gabriela Cruz
  • Foto do(a) author(a) Márcia Luz
  • Gabriela Cruz

  • Márcia Luz

Publicado em 9 de agosto de 2025 às 12:01

Annyeong News
O hanbok — traje tradicional coreano — é um símbolo da história, dos valores e da cultura do povo sul-coreano Crédito: reprodução

Mais do que um elemento de moda, o hanbok — traje tradicional coreano — é um símbolo da história, dos valores e da cultura do povo sul-coreano. Mas não é somente na Coreia do Sul que é possível vestir a roupa. Como parte da imersão coreana em São Paulo, qualquer pessoa que tenha interesse pode visitar a Feira do Bom Retiro, que acontece aos sábados, e alugar o hanbok para experimentar, tirar fotos e se sentir um pouco mais perto da cultura, usando a vestimenta que parece nos transportar para um episódio de kdrama de época. Foi exatamente isso que fizemos, no último fim de semana, para mostrar aqui na coluna.

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Gabriela Cruz, Márcia Luz e Liu Falcão de hanbok na Feira do Bom Retiro, em São Paulo Crédito: Arquivo pessoal

“Vestir o hanbok é um ritual. A escolha das cores, os bordados e até o laço, que é feito de uma maneira única, são etapas que nos conectam com particularidades da cultura coreana. Ainda que isso seja feito dentro de uma feira, quando vestimos o hanbok, automaticamente a nossa postura é de reverência a essa tradição viva e, mesmo quando recebe atualizações de moda, segue sendo um elemento de identidade cultural do povo sul-coreano.”

Márcia Luz,

jornalista

Com opções de tamanhos e cores, por apenas R$ 20, dá para usar o hanbok. O conjunto é formado por três peças: a superior, chamada jeogori, uma espécie de jaqueta que cobre os braços e possui uma faixa de tecido que recorta a gola; a inferior, que pode ser uma calça (baji) para os homens ou saia (chima) para as mulheres; e o po, uma espécie de roupão.

É ao vestir o hanbok que o contato com a cultura sul-coreana se torna mais profundo: trata-se de colocar no corpo uma peça carregada de história, tradição e simbolismo. Mais do que uma roupa, é um gesto que aproxima, de forma sensível e concreta, o visitante desse universo

Gabriela Cruz,

jornalista e ilustradora

Como há um jeito específico de vestir e amarrar, é possível contar com a ajuda dos atendentes do quiosque para colocar e tirar a roupa, que também é muito delicada, geralmente feita em tecidos como organza e seda e com muitos bordados. O mais interessante é que esta é uma roupa fluida, confortável, elegante e que se adapta à forma do corpo da pessoa.

Para quem vive a cultura coreana através dos doramas e do K-pop, vestir o hanbok é como realizar um sonho. É como entrar no cenário daquele dorama de época que você tanto ama. De repente, não é só imaginação: você está ali, naquele universo que antes só existia na tela. Para quem ainda não teve a chance de ir à Coreia, esse momento é um pedacinho dela bem perto da gente

Liu Falcão,

professora e produtora de eventos

Conheça a história do hanbok

Relatos históricos indicam que o hanbok existe há dois mil anos, sendo usado desde a era dos Três Reinos, nos períodos de Goguryeo, Baekje e Silla (57 a.C. – 668 d.C.). A peça ganhou ainda mais importância na Dinastia de Joseon (1392-1897), quando se tornou um sinal que distinguia a classe social, o gênero, a idade e a ocupação.

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O hanbok existe há dois mil anos Crédito: Divulgação

Os mais abastados usavam a roupa em tecidos nobres, cores vibrantes e design reto e elegante, enquanto as classes mais baixas utilizavam algodão. A tradição do hanbok sobreviveu à ocupação japonesa, à divisão das duas Coreias no fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e à ocidentalização da moda com a presença de marcas estrangeiras no mercado sul-coreano.

Curiosidades sobre a roupa coreana

- Hoje o hanbok é usado em ocasiões especiais, como casamentos, cerimônias tradicionais, festivais e nos feriados do Ano Novo Lunar e do Chuseok (Dia de Ação de Graças). Quem visita a Coreia e veste o traje tem entrada gratuita em pontos históricos, como o Palácio de Gyeongbok.

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BTS usando hanboks contemporâneos Crédito: Divulgação

- Foi neste palácio, inclusive, que o grupo BTS gravou uma performance da música Idol, com todos os membros trajando uma releitura contemporânea do hanbok. A apresentação foi exibida nos Estados Unidos, no programa The Tonight Show Starring Jimmy Fallon, e soma milhões de visualizações no YouTube.

- O modelo tradicional é o que vemos com mais frequência, porém jovens marcas e estilistas têm se inspirado no hanbok para suas criações, fazendo releituras da roupa.

- Com a Hallyu se espalhando pelo mundo, cresceu o interesse pelo hanbok e, para preservar a tradição, a Administração do Patrimônio Cultural da Coreia do Sul reconheceu a peça como Patrimônio Cultural Imaterial, reforçando sua importância cultural e histórica.

- O Ministério da Cultura, Esportes e Turismo da Coreia do Sul estabeleceu, em 1996, a data de 21 de outubro como o Dia do Hanbok, com o objetivo de estimular o uso do traje, sobretudo pelas novas gerações de cidadãos sul-coreanos.

- A marca KIMHYESSOON Hanbok, criada em 1984 pela estilista Kim Hye-Soon, é especializada na elaboração de peças sob medida e já assinou figurinos para filmes e séries. O sucesso é tão grande que ela recebeu convites para expor as criações em dois importantes museus: o Metropolitan Museum of Art, em Nova York, e o Louvre, em Paris. Ela também publicou, em 2009, o livro King’s Costume, sobre as roupas tradicionais.