Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Gabriela Cruz
Márcia Luz
Publicado em 9 de agosto de 2025 às 12:01
Mais do que um elemento de moda, o hanbok — traje tradicional coreano — é um símbolo da história, dos valores e da cultura do povo sul-coreano. Mas não é somente na Coreia do Sul que é possível vestir a roupa. Como parte da imersão coreana em São Paulo, qualquer pessoa que tenha interesse pode visitar a Feira do Bom Retiro, que acontece aos sábados, e alugar o hanbok para experimentar, tirar fotos e se sentir um pouco mais perto da cultura, usando a vestimenta que parece nos transportar para um episódio de kdrama de época. Foi exatamente isso que fizemos, no último fim de semana, para mostrar aqui na coluna.>
Márcia Luz,
jornalistaCom opções de tamanhos e cores, por apenas R$ 20, dá para usar o hanbok. O conjunto é formado por três peças: a superior, chamada jeogori, uma espécie de jaqueta que cobre os braços e possui uma faixa de tecido que recorta a gola; a inferior, que pode ser uma calça (baji) para os homens ou saia (chima) para as mulheres; e o po, uma espécie de roupão. >
Gabriela Cruz,
jornalista e ilustradoraComo há um jeito específico de vestir e amarrar, é possível contar com a ajuda dos atendentes do quiosque para colocar e tirar a roupa, que também é muito delicada, geralmente feita em tecidos como organza e seda e com muitos bordados. O mais interessante é que esta é uma roupa fluida, confortável, elegante e que se adapta à forma do corpo da pessoa.>
Liu Falcão,
professora e produtora de eventosRelatos históricos indicam que o hanbok existe há dois mil anos, sendo usado desde a era dos Três Reinos, nos períodos de Goguryeo, Baekje e Silla (57 a.C. – 668 d.C.). A peça ganhou ainda mais importância na Dinastia de Joseon (1392-1897), quando se tornou um sinal que distinguia a classe social, o gênero, a idade e a ocupação. >
Os mais abastados usavam a roupa em tecidos nobres, cores vibrantes e design reto e elegante, enquanto as classes mais baixas utilizavam algodão. A tradição do hanbok sobreviveu à ocupação japonesa, à divisão das duas Coreias no fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e à ocidentalização da moda com a presença de marcas estrangeiras no mercado sul-coreano.>
- Hoje o hanbok é usado em ocasiões especiais, como casamentos, cerimônias tradicionais, festivais e nos feriados do Ano Novo Lunar e do Chuseok (Dia de Ação de Graças). Quem visita a Coreia e veste o traje tem entrada gratuita em pontos históricos, como o Palácio de Gyeongbok. >
- Foi neste palácio, inclusive, que o grupo BTS gravou uma performance da música Idol, com todos os membros trajando uma releitura contemporânea do hanbok. A apresentação foi exibida nos Estados Unidos, no programa The Tonight Show Starring Jimmy Fallon, e soma milhões de visualizações no YouTube.>
- O modelo tradicional é o que vemos com mais frequência, porém jovens marcas e estilistas têm se inspirado no hanbok para suas criações, fazendo releituras da roupa.>
- Com a Hallyu se espalhando pelo mundo, cresceu o interesse pelo hanbok e, para preservar a tradição, a Administração do Patrimônio Cultural da Coreia do Sul reconheceu a peça como Patrimônio Cultural Imaterial, reforçando sua importância cultural e histórica.>
- O Ministério da Cultura, Esportes e Turismo da Coreia do Sul estabeleceu, em 1996, a data de 21 de outubro como o Dia do Hanbok, com o objetivo de estimular o uso do traje, sobretudo pelas novas gerações de cidadãos sul-coreanos.>
- A marca KIMHYESSOON Hanbok, criada em 1984 pela estilista Kim Hye-Soon, é especializada na elaboração de peças sob medida e já assinou figurinos para filmes e séries. O sucesso é tão grande que ela recebeu convites para expor as criações em dois importantes museus: o Metropolitan Museum of Art, em Nova York, e o Louvre, em Paris. Ela também publicou, em 2009, o livro King’s Costume, sobre as roupas tradicionais.>