Neojiba encerra giro pelo Norte-Nordeste com concerto especial

150 integrantes da Orquestra e Coro Juvenil do Neojiba se apresentaram na Casa Salvatore, no Cabula

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  • Millena Marques

Publicado em 21 de agosto de 2023 às 05:10

Concerto reuniu Coro e Orquestra do neojiba
Concerto reuniu Coro e Orquestra do Neojiba Crédito: Beatriz Meneses/Divulgação

Seiscentas pessoas estiveram neste domingo (20) na Casa Salvatore, no Cabula, para prestigiar o encerramento da Turnê da Liberdade, dos Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba). Pela primeira vez, a Orquestra e o Coro Juvenil realizaram uma turnê juntos, que alcançou sete cidades do Norte-Nordeste: Aracaju, Maceió, Recife, João Pessoa, Mossoró, Manaus e, por fim, Salvador.

As duas últimas receberam a violinista japonesa Midori Goto, Mensageira da Paz da Organização das Nações Unidas (ONU) e um dos nomes mais expressivos da interpretação de música clássica da atualidade.

Sob a regência do maestro Ricardo Castro, fundador e diretor-geral do Neojiba, a turnê homenageou os 200 de Independência do Brasil na Bahia, celebrados no último 2 de Julho. “Nós queríamos que a liberdade da Independência na Bahia fosse marcada fora do estado. Aqui se fala muito, mas fora se fala pouco”, disse o maestro, salientando que o concerto também apresenta um outro sentido: o potencial do projeto musical como ferramenta de liberdade para muitos jovens.

No total, 150 jovens, entre instrumentistas e cantores, percorreram os sete municípios brasileiros - alguns em sua primeira turnê. É o caso da soprano Emyle França, 25 anos, moradora da Capelinha de São Caetano e responsável pelo solo da peça Canticum Natulare, do catarinense Edino Krieger. “Foi uma experiência de enriquecimento cultural. Eu comecei na música de uma forma abrupta e hoje estou aqui”, disse a soprano, que participa do Neojiba há seis anos.

Já Isaac Bispo, 18, encerrou sua terceira turnê. O violinista esteve em dois projetos internacionais do grupo, em 2018 e 2022, quando percorreu países como Suíça, Itália, França, Dinamarca, Bélgica e Holanda. Em solo brasileiro, ele ressaltou a importância de ultrapassar barreiras para propagar a música. “Eu construi novas amizades e aproveitei cada momento, porque a nossa missão é levar a música para outras cidades”, pontuou Isaac, morador do bairro Santa Cruz.

O repertório da apresentação contou com obras de compositores brasileiros contemporâneos, como É Doce Morrer no Mar, de Dorival Caymmi e arranjo de Ernst Widmer, e Stamos em Pleno Mar, de André Mehmari, a partir do poema de Castro Alves, além de peças europeias, como Concerto Para Violino e Orquestra em ré Menor, de Robert Schumann - uma escolha de Midori, que se apresenta com o Neojiba pela terceira vez.

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O maestro Ricardo Castro e a violinista Midori  Goto    Crédito: Beatriz Meneses/Divulgação

Ela esteve em Salvador em 2015, quando deu aulas e fez apresentações por uma semana. No ano seguinte, participou de um concerto na Suíça, durante uma turnê internacional. “Estou muito feliz em voltar aqui. É muito bom ver que novos músicos estão surgindo e é muito gratificante tocar com os músicos que o Neojiba forma”, disse Midori. A violinista japonesa arca com os próprios custos das viagens que faz para projetos como o baiano. “Ela nunca pediu cachê. Midori é um dos principais exemplos de generosidade nesse nível de qualidade”, afirmou Castro.

É a primeira vez que a Casa Salvatore é utilizada como uma sala de concerto. Ao falar sobre isso, o maestro defendeu a ideia de que a música deve ser tocada em espaços adequados. Segundo ele, para contemplar a sofisticação dos seus instrumentos. “Foram anos de estudo para chegar nessa qualidade. Isso não se alcança ao ar livre, com microfones”, disse.

O concerto contou com a presença da cantora Daniela Mercury, que assistiu à apresentação na primeira fila. “Uma experiência extraordinária. Realmente os jovens estão cada dia melhores, revelando talentos distintos e criando uma orquestra com características próprias. Eu, que acompanho desde a formação do Neojiba, chorei hoje várias vezes”, elogiou.

Além da cantora, muitos familiares fizeram questão de prestigiar a apresentação. Foi o caso de Eliane Gomes, 42, mãe de Guilherme Gomes, 17, um dos trompistas da orquestra. “É uma sensação maravilhosa assisti-lo e acompanhar a apresentação de todos os integrantes. A orquestra incentiva a conhecer mais sobre a música e dá a possibilidade de um futuro melhor”, disse a moradora de São Caetano.

Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo