Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Doris Miranda
Publicado em 29 de agosto de 2024 às 06:00
A ganância e a sede de poder sempre foram o combustível primordial para a execução dos planos macabros de Sauron para curvar toda a Terra Média às suas vontades. Ao terminar os episódios da segunda temporada de O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder, disponíveis a partir de hoje (29) no Prime Video, essa afirmação ganha nuances mais subjetivas. >
Está claro nesta nova trama, que segue a narrativa de Tolkien de forma ainda menos ortodoxa, que as jóias foram recebidas por homens, anões e elfos como recurso para afastar a negatividade plantada lentamente pelo Senhor das Trevas em sua jornada ardilosa de dominação. E aí, sim, a malícia incrustada nos anéis chegou aos seus corações e se instalou de forma inevitável.>
Exemplo disso é como a guerreira Galadriel (Morfydd Clark, brilhante), que, seduzida por Halbrand, serviu direitinho aos seus propósitos. E, mesmo ciente disso, não hesitou em aceitar um dos anéis destinados a ela. Ou como o ambicioso ourives Celebrinbor (Charles Edwards), artista por trás das jóias, traz à tona toda a vaidade que sempre escondeu nas cinzas de sua forja. >
Estudioso da psiquê, Tolkien cita as vulnerabilidades da natureza humana de forma metafórica em toda sua obra. A série apresenta isso de forma muito clara e nos aproxima dos personagens.>
A jornada da ascensão de Sauron/Halbrand/Anatar (bem vivido pelo australiano Charlie Vickers) é o foco principal desta vez. Assim como a tensão sutil que se estabelece nos preâmbulos da guerra que encerrou a Segunda Era e transformou o vilão na entidade sem forma que passou a habitar o monte mais alto de Mordor. Definitivamente mais sombria que a primeira, essa temporada foca nos vilões e nos arrasta por seus caminhos lamacentos. >
“Não podemos falar sobre a batalha sem falar sobre Sauron, que está lentamente tentando assumir o controle”, reforça a diretora Sanaa Hamri sobre o papel fundamental do vilão nesta parte da trama. Como ela sugere, o bacana mesmo é acompanhar o sensacional xadrez que ele tece para conseguir o que deseja.>
Um dos alívios ao jogo de gato e rato que se estabelece entre Sauron e o resto do mundo é a jornada do Estranho (Daniel Weyman), e das duas garotas do clã de pés-peludos (ancestrais dos hobbits), em busca de sua identidade. Embora não seja explicitamente dito, fica cada vez mais sugestiva a relação dele com o futuro mago Gandalf - desta vez, temos a visão do cajado do Peregrino Cinzento do futuro. Uma aparição afetiva para ajudar o Estranho é o eremita Tom Bombadil, figura queridíssima da mitologia tolkeniana. Um alívio bem-vindo.>