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Maria Raquel Brito
Publicado em 8 de outubro de 2025 às 06:00
Uma influenciadora de moda recebe a chance da carreira: protagonizar uma campanha de Dia das Mães para uma das maiores grifes do mundo. O único desafio que a separa de concretizar esse sonho é convencer o filho, que desiste de ir encontrá-la em São Paulo e embarca em uma viagem para viver em uma ecovila sustentável na Floresta Amazônica. >
Assim começa a aventura de Ingrid Guimarães e Rafa Chalub em Perrengue Fashion, que estreia amanhã (9). O longa, dirigido por Flávia Lacerda e escrito por Ingrid Guimarães, Marcelo Saback, Celio Porto e Edu Araújo, tem no elenco também nomes como Filipe Bragança e Michel Noher. >
Perrengue Fashion estreia nesta quinta-feira (9)
Ingrid, que já foi muitas mulheres ao longo da carreira, vive agora a blogueira Paula Pratta. A personagem supriu a vontade que ela tinha de mostrar que mulheres acima dos 50 anos podem ocupar também um lugar de influência na internet. >
“Isso foi algo que eu construí pensando que o etarismo também é uma questão estética. Então eu queria falar sobre o belo, o influenciar, [o direito de] ter desejos: desejos de consumo, desejos sexuais. Fiz questão de botar uma cena bonita de sexo no filme”, disse a atriz, em entrevista virtual realizada no dia 29 de setembro.>
Ingrid participou ativamente do processo criativo de Perrengue Fashion, marcando presença na produção e na ilha de edição, além do roteiro. Para ela, isso foi essencial para atingir o objetivo de destacar essas mulheres. >
“Eu acho que isso tudo me ajuda a poder colocar a mulher da minha idade no protagonismo absoluto e falando de temas que eu acho que são tão identificáveis com tanta gente de todas as gerações”, afirmou.>
O filme marca a estreia de Rafa Chalub no cinema, na pele de Taylor, assistente e amigo de Paula Pratta. Fiel, Taylor embarca junto com a amiga rumo ao Norte do Brasil, para que a influenciadora encontre o filho Cadu, o convença a desistir do ativismo ambiental e consiga fechar a campanha. >
O sonho das telonas existia para Rafa há algum tempo, mas os personagens sempre pareciam reforçar estereótipos dos quais ele queria se afastar, o que fez com que recusasse alguns papeis nos últimos anos. Quando recebeu o convite de Ingrid e leu a descrição de Taylor, pensou: “é assim que tem que ser”.>
“O Taylor é um cara afeminado, engraçado, divertido, o que eu sou também, mas que tem uma função nesse filme. É um papel muito bem escrito por outros roteiristas gays, o que eu acho que é uma grande diferença desse papel ter sido tão bem feito. Ele tem uma importância, ele faz uma diferença imensa na vida [da Paula Pratta], como ela faz na vida dele. É um personagem que, realmente, o fato de ser gay é um detalhe com toda a história.”>
Se a admiração por Ingrid já é perceptível pela camisa da peça teatral Cócegas, escrita e interpretada por Ingrid e Heloísa Perissé, que Rafa vestia durante a entrevista, o ator não poupa palavras para expressá-la. Foi a veterana um dos principais fatores para que ele decidisse entrar de vez no mundo dos filmes. “Eu sempre fui muito fã da Ingrid e, por acompanhá-la durante muitos anos, eu já sabia que trabalhar com ela envolvia um certo profissionalismo, uma certa qualidade que, para um comediante que está chegando agora, é muito importante”, disse.>
Enquanto a moda é o centro da vida para Paula Pratta, para seu filho Carlos Eduardo – o Cadu, vivido por Filipe Bragança –, há coisas mais urgentes, como viver de maneira mais sustentável e reduzir os danos que deixamos no meio ambiente. “O Cadu me ensina e me inspira a tentar me movimentar para mudar e tentar deixar algum impacto, alguma marca no mundo”, disse Filipe. >
Segundo o ator, não há muito em comum entre ele e o personagem, a começar por um ponto importante: ele nunca iria para lugar algum sem avisar à mãe. “Minha mãe sabe onde eu estou o tempo todo, não posso deixar de avisar, senão ela surta. Assim como Paula Pratta também surta no filme”, brincou. Apesar das diferenças, porém, Filipe diz admirar quem deixa para trás uma vida de conforto para se dedicar a um planeta melhor.>
Michel Noher concorda. O ator argentino, que interpreta o líder comunitário Lorenzo, não sabe se conseguiria viver como o personagem, mas aprecia a crença dele no coletivo. “Isso que eu acho muito especial nele e mais ainda nesses tempos que a gente está vivendo, em que o máximo que podemos aspirar é a mudar a própria vida. Às vezes, nem isso. Então, uma pessoa que acredita em mudar o mundo e acredita em mudar o mundo de um jeito amável com o resto, eu acho muito valioso e gostei muito de poder atravessar por aí”, falou.>
Através da interseção entre moda e sustentabilidade, a mensagem de conscientização aparece fortemente no longa. Para Filipe, o humor é uma das melhores ferramentas para tratar assuntos mais duros. “A comédia, principalmente no Brasil, é muito popular, muito acessível. Um filme como esse é para toda a família, então todos podem alimentar o hábito de viver essa experiência coletiva do cinema juntos e várias gerações podem refletir.”>
Rafa Chalub, estreante no cinema e veterano no uso do humor como política, também defende o poder da comédia de gerar debates sérios. “Essa é uma das artes mais relevantes que a gente tem e eu acho que vai continuar assim por muito tempo. Porque desgraça sempre vai ter e o comediante sempre vai estar aqui para poder fazer essa realidade ser suportável”, disse.>