Tiago Iorc: 'A Bahia é um epicentro do amor'

Cantor apresenta a turnê do álbum Daramô, neste sábado (8), na Concha Acústica; Clube CORREIO dá 20% de desconto

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Publicado em 8 de julho de 2023 às 05:06

Tiago Iorc se apresenta com banda
Tiago Iorc se apresenta com banda Crédito: Divulgação

Chegou a vez de Salvador receber a turnê Daramô, que marca o lançamento do álbum homônimo de Tiago Iorc, oitavo da carreira do paranaense, lançado no final do ano passado. Ele se apresenta neste sábado (8), às 19h, na Concha Acústica do TCA. Tiago já fez um giro pela Europa com o trabalho, que reflete uma fase intimista, de músicas produzidas durante a pandemia e interessadas em investigar o amor. Na entrevista, ele fala do processo de composição de canções como Daramô e Tudo o que a fé Pode Tocar, assinadas em parceria com a mulher Duda Rodrigues. Também fala da presença inspiradora da Bahia no álbum e da parceria com as Ganhadeiras de Itapuã.  

Você passou uma temporada na Bahia, poderíamos dizer que o seu tempo aqui foi planejado para a construção desse novo álbum?

Sim, a ida para a Bahia foi planejada, pois senti que seria bonito ter um pouquinho de calor nas nossas vidas enquanto eu e todos os envolvidos no projeto estávamos convivendo e preparando o álbum. A brisa, o mar, o sol, uma temperatura mais brasileira, não tão fria, foram importantes para nos inspirar durante o processo.

De que maneira a Bahia inspirou as canções?

Sinto que tenho uma conexão profunda e íntima com a Bahia, para mim é um epicentro do amor. Os sons da natureza, as belas paisagens tropicais e principalmente, o afeto do povo local, foram fortes inspirações para a construção de Daramô.

Como foi o processo de composição do álbum?

Durante a pandemia, eu e Duda (minha companheira) ficamos isolados em uma casa de praia em Governador Celso Ramos (SC) com poucos moradores, próximo de Florianópolis. Nesse período bastante imersivo, surgiram as nossas composições em parceria, que vocês podem ouvir em Daramô. Esse álbum é justamente um reflexo da nossa troca, que é muito viva desde que a gente se conheceu.

O nome do álbum, Daramô, traz uma certa reflexão sobre as relações pessoais contemporâneas. Como as canções foram pensadas na relação com essa ideia?

Daramô representa a vontade de troca, estar mais aberto para o diálogo e o afeto. É fundamental que nas relações a gente tente compreender mais o outro em toda a sua complexidade. As canções refletem este sentimento de estar disposto a trocar, dialogar e aprender com o outro.

Sobre a parceria com as Ganhadeiras, como conheceu o grupo e como surgiu essa parceria com elas?

O Paul Ralphes (amigo e produtor musical do álbum) me apresentou as Ganhadeiras e de cara fiquei encantado. Fui conhecer de perto o projeto e é realmente lindíssimo, uma honra que consegui ter elas comigo nesse álbum, elas celebram a força ancestral de mulheres que ganhavam a vida como lavadeiras na Bahia, e que carrega ainda mulheres originárias desse movimento. Tem um simbolismo místico muito forte.

Nesse álbum você tem uma música que fala sobre fé, qual a importância dela na sua vida?

Para a mim a fé, representa esperança, principalmente esperança no amor e por isso, é tão importante. Entendo que independente de religião, devemos buscar compreender o sentido da existência e nos conectar com nosso propósito. Para mim, existir é mágico por si só.

 Numa entrevista a Zeca Camargo, você disse que o clichê tem "uma coisa profunda". Pode falar mais sobre isso?

Acho que não podemos colocar os clichês como sempre superficiais, a profundidade até pode ser perdida na maneira como eles apresenta, mas só de algo se tornar popular, emocionar um grande número de pessoas, isso não pode ser banalizado.”

 Depois dos sucessos Amei Te Ver e Coisa Linda, qual foi o caminho buscado para esse novo momento. Houve uma preocupação em fugir de uma fórmula e escapar da tal "zona de conforto"?

Acho que tudo o que se estimula demais perde a sensibilidade, fica numa mesmice. Comecei a estranhar: eu amo fazer isso e não gosto mais de fazer. Fique até alguns meses sem pegar no violão. Aos poucos, fui me reconectando com violão e buscando novas inspirações e sonoridades para não correr o risco de tentar reproduzir uma espécie de fórmula. No processo de composição de Reconstrução, precisei ficar em contato com outras sensibilidades para resgatar um pouco da minha.

 Você gravou três álbuns com canções predominantes em inglês. Há quem diga que a língua portuguesa é mais melódica que a inglesa. Concorda com isso? Por que decidiu parar de compor em inglês?

Acho que foi acontecendo de maneira natural e orgânica, de acordo com o que fazia mais sentido para mim em cada momento de vida. Depois de sucesso de Amei Te Ver e do Troco Likes, em geral estabeleci uma comunicação maior com o grande público brasileiro, por isso era inevitável me aprofundar num processo de busca da brasilidade. Com isso, acabei me encontrando, também, cada vez mais com o violão de nylon, o que era novo no meu trabalho, minhas músicas eram sempre mais no violão de aço. E agora estou descobrindo a percussividade da mão, uma influência de grandes artistas do nosso país, como Gilberto Gil e Djavan.

Pelo que me lembro, não houve turnê de Reconstrução, por causa da pandemia, ainda que algumas canções do álbum estivessem na turnê do Acústico. Na atual turnê, iremos poder ouvir músicas desse álbum, com novos arranjos, por exemplo?

Com certeza! Temos algumas músicas de Reconstrução na turnê atual e tem sido muito bonito apresentar essas canções e sentir a reação do público.

 No palco, você e o violão costumam ser os principais elementos para trazer as músicas em seus shows, no show que será apresentado na Concha será um show com a sua banda. O que podemos esperar de diferente, nesse show com uma formação com presença de uma banda?

Eu amo estar no palco, seja sozinho ou com banda. Pra mim, é uma honra poder celebrar canções e a união das pessoas cada vez que me apresento. Essa turnê está sendo com banda, mas é um pouco diferente de projetos anteriores… Aguardem por muitas novidades...

FICHA

Show: Daramô

Local: Concha Acústica do TCA

Quando: Sábado (8), às 19h

Ingressos: R$ 170 | R$ 85 (pista) e R$ 250 | R$ 125 (camarote). Vendas no Sympla e na bilheteria. Clube CORREIO dá 20% de desconto.