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Portal Edicase
Publicado em 24 de maio de 2024 às 10:40
Se você deseja se alimentar de forma mais saudável, é importante ter atenção às escolhas feitas no supermercado. Para não cair em armadilhas, precisa aprender a olhar alguns detalhes nos rótulos. Afinal, eles não existem apenas para deixar o produto mais atrativo. >
A doutora em Engenharia Química e professora da UniSociesc (instituição privada de ensino superior) Janaina Karine Andreazza, com formação em Engenharia de Alimentos, alerta para a importância desse hábito. Segundo ela, produtos vendidos como “saudáveis” podem conter uma grande quantidade de conservantes, açúcares e gorduras, e o consumidor leva para casa acreditando que fez uma boa compra. >
“É preciso criar o hábito de escolher lendo os ingredientes do produto, saber a quantidade de gordura, de proteína, de açúcar, de vitaminas que há dentro da embalagem. Muitas vezes você compra um iogurte, por exemplo, achando que vai levar apenas leite e fermento. Mas, em alguns casos, tem muito mais lá dentro daquela embalagem”, exemplifica. >
Recentemente, entraram em vigor algumas mudanças definidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que vão facilitar a vida de quem está em busca de mais saúde no prato. Essas novas regras da Anvisa ajudarão, mas, ainda assim, a mudança depende da boa vontade de dedicar um pouco mais de tempo e atenção na hora da compra. >
A principal mudança é que os produtos com altas doses de açúcares , gordura saturada e sódio passaram a ter a inserção do símbolo de lupa na parte superior frontal do rótulo. O objetivo é deixar claro para o consumidor que o alto teor desse nutriente pode ser perigoso para a saúde. >
Para a especialista, esses ingredientes merecem mesmo essa visibilidade. Afinal, estudos registram ligação entre o consumo rotineiro e o maior risco de obesidade, diabetes, problemas cardiovasculares e outras doenças crônicas. Outras alterações importantes são a inclusão de mais informações nas embalagens e a padronização da cor da tabela nutricional, que passará a ter as letras sempre pretas e o fundo sempre branco para facilitar a leitura. >
Apesar do alerta nas embalagens, não há necessidade de demonizar alimentos ultraprocessados. É importante que o consumidor saiba o que está comprando. “Não acho necessário abolir alimentos ultraprocessados da lista de compras. Só que é importante que sejam consumidos com bastante moderação, de maneira inteligente. Como tudo na vida, o que vale é o equilíbrio”, avalia. Da mesma forma, Janaina Karine Andreazza acredita que seja válido escolher produtos com valores de vitamina, proteína e carboidratos adequados. >
A especialista destaca, no entanto, que um produto sem o alerta da lupa na embalagem não é necessariamente saudável. Muitas empresas ainda não se adequaram. O prazo para que todas estejam cumprindo a nova regra termina em outubro de 2025. >
Na hora da compra, normalmente vale a regra da elegância: menos é mais. Quanto menos ingredientes adicionados, mais natural é o alimento. Quando a lista é muito extensa, o consumidor pode se enganar. “Algumas vezes, ele lê e não encontra a palavra ‘açúcar’, por exemplo. Mas é que o açúcar está ‘disfarçado’. Pode estar como maltodextrina ou em xaropes, como o de milho. Tudo é açúcar. Não tem saída. É preciso observar e pesquisar, se necessário”, ensina a profissional. >
Uma dica valiosa é: os itens que aparecem primeiro na descrição de ingredientes são os que têm em maior quantidade no produto. Prefira, então, aqueles que são pobres em gordura, sódio e açúcar, mas ricos em fibras. >
Quem procura alimento com zero açúcar ou zero lactose também precisa abrir o olho. Janaina Karine Andreazza reforça que a legislação brasileira permite certa quantidade de adição desses ingredientes. Às vezes, um rótulo marca “zero açúcar”, mas não é bem assim. >
“Tem que prestar atenção, porque o rótulo sempre traz a unidade de medida. Por exemplo, se o ingrediente tiver 0,001 grama, a indústria pode arredondar para zero. A lei permite. Então, o consumidor compra achando que não tem açúcar, mas tem. Pouco, mas tem”, diz. >
Já em relação à lactose, existe uma outra regra: se o alimento tiver 100 mg de lactose por mililitro, pode considerar que é zero lactose. Apenas o glúten tem regra mais severa, pois interfere diretamente em doenças autoimunes. Então, se tiver apenas traços de glúten, precisa estar escrito. >
Mas será que as mudanças farão diferença na escolha do alimento? A professora da UniSociesc acredita que sim. Os brasileiros estão se adaptando aos poucos e criando o hábito de ler e entender as embalagens. Uma mudança que pode levar tempo, mas que fará diferença para a saúde e o bem-estar. “Aos poucos, as pessoas vão entender que é nos rótulos que encontramos as informações necessárias para definir se a comida é ou não adequada para o nosso consumo, para a nossa saúde”, finaliza. >
Por Genara Rigotti >