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Portal Edicase
Publicado em 27 de junho de 2024 às 17:49
A anorexia, também chamada de anorexia nervosa, é um distúrbio alimentar complexo que afeta a saúde física e mental do paciente. Caracterizada por distorção de imagem corporal e medo intenso de ganhar peso, a condição, segundo um levantamento realizado pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) em parceria com a Unifal (Universidade Federal de Alfenas), aflige qualquer faixa etária, mas é mais comum em mulheres jovens. >
“As pessoas com anorexia geralmente restringem drasticamente a ingestão calórica, o que pode levar a um estado de desnutrição grave. Essa condição está intimamente ligada a desequilíbrios hormonais, como baixos níveis de leptina, um hormônio produzido pelo tecido adiposo que regula o apetite”, explica o Dr. Gustavo Medeiros, médico nutrólogo e CEO da Nutrohealth. Segundo ele, além da desnutrição, a doença pode afetar a produção de outros hormônios e, assim, causar mais complicações físicas e psicológicas. >
As causas da anorexia são multifatoriais. Conforme o Dr. Thiago Genaro, curador da psiquiatria da Conexa (ecossistema digital de saúde integral), a doença pode envolver fatores: >
Uma pessoa com anorexia pode apresentar comportamentos incomuns. Conforme o Dr. Thiago Genaro, geralmente o paciente começa a esconder alimentos não ingeridos, como debaixo da cama, na mochila, no banheiro. Além disso, evita fazer refeições com outras pessoas. >
“Começa a comer pequenas porções e se diz satisfeito e indisposto. Rumina alimentos, por vezes chegando a regurgitá-los. Pesquisa compulsivamente sobre dietas e atividade física. E passa a trazer no discurso padrões mais rígidos e muitas vezes distorcidos sobre beleza, saúde e bem-estar”, acrescenta. >
Os especialistas explicam que o transtorno tem um impacto geral na saúde dos pacientes, podendo causar consequências graves quando não tratado. Tais como: >
Além disso, a condição também pode afetar a saúde mental. “A anorexia contribui com o desenvolvimento de sintomas depressivos e ansiosos, gerando grande sofrimento não apenas para o paciente, mas para toda a família. É comum ocorrer a comorbidade com outros transtornos psiquiátricos, como transtornos de personalidade, dependência química e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). São elevadas as taxas de suicídio entre pacientes com anorexia”, diz o Dr. Thiago Genaro. >
A psicóloga clínica Tatiane Paula explica que a condição pode ser classificada em duas categorias: >
“É importante ressaltar que os subtipos podem se sobrepor ou alternar ao longo do tempo, e que a classificação é baseada no padrão de comportamento predominante no momento da avaliação”, alerta o Dr. Gustavo Medeiros. >
A anorexia e a bulimia são transtornos alimentares em que a pessoa se torna obcecada pela magreza e perda de peso. No entanto, apesar de terem características semelhantes, elas diferem em alguns aspectos. Por exemplo, no caso da anorexia, o indivíduo não come por medo de engordar e, muitas das vezes, se enxerga acima do peso, mesmo estando abaixo do ideal. >
Na bulimia, a pessoa tem um peso normal, conforme a sua estrutura corporal, ou está um pouco acima do peso , e deseja perder alguns quilos. Porém, come de tudo e, depois, se sente culpada. Para compensar, pratica exercícios físicos de forma intensiva, induz o vômito após as refeições e faz uso de laxantes para evitar o ganho de peso. >
Normalmente, aqueles que convivem com pessoas próximas com o transtorno são quem detectam os primeiros sinais da doença, pois quem sofre com a condição dificilmente é capaz de identificá-la. Em função disso, os pacientes, de modo geral, são levados ao médico por membros da família ou amigos. >
“A família e os amigos desempenham um papel crucial ao oferecer apoio emocional, encorajando hábitos alimentares saudáveis, participando de terapias familiares quando necessário, e sendo compreensivos e pacientes com o processo de recuperação do paciente”, ressalta a psicóloga clínica Tatiane Paula. >
O diagnóstico é realizado por meio de uma combinação de avaliações clínicas, psicológicas e físicas. O processo geralmente inclui uma entrevista detalhada com um psiquiatra para entender o histórico e comportamento alimentar do paciente, além de exames físicos, laboratoriais e testes psicológicos para avaliar a saúde mental. Essa análise pode ser repetida ao longo do tempo para monitorar o estado de saúde do paciente. >
Por ser um transtorno com múltiplas causas, a anorexia precisa de várias abordagens para ser tratada, envolvendo nutricionista, psicólogo e psiquiatra. “[O tratamento] deve envolver terapia nutricional, para estabelecer um peso saudável com o paciente, levando-o a um físico que o agrada esteticamente, mas que permita um estilo de vida equilibrado; terapia psicológica, para abordar a percepção de imagem corporal e as disfunções relacionadas à alimentação; e terapia medicamentosa, recomendada em diversos casos, por exemplo, por meio de suplementação hormonal”, explica o Dr. Gustavo Medeiros. >
Em alguns casos, conforme o Dr. Thiago Genaro, também é necessário internar o paciente, a fim de “recuperar e manter o peso em um patamar mais adequado; tratar as condições clínicas associadas; repor as vitaminas; devolver ao paciente um olhar mais saudável sobre seu corpo, imperfeições e autoestima e tratar comorbidades presentes, como depressão, ansiedade, transtorno de personalidade, dependência química etc.” >
Além dos tratamentos médicos, alguns hábitos de vida saudáveis também podem auxiliar na recuperação do paciente. Tais como: >
Apesar de não existir uma forma garantida de prevenção para a anorexia nervosa, algumas medidas são indicadas pelos profissionais para incentivar a conscientização. O Dr. Thiago Genaro, por exemplo, recomenda que os pais de jovens entre 15 e 25 anos, fase em que a incidência da doença é maior, monitore as redes sociais, acolham os filhos e validem os seus sentimentos. >
“O ambiente escolar pode contribuir com o debate não apenas pondo em pauta temas como magreza e beleza, mas proporcionando ao jovem momentos de reflexão sobre perfeccionismo, baixa tolerância à frustração e autoestima ”, diz o especialista. >
Para Tatiane Paula, outros cuidados também podem ajudar a evitar a anorexia. “A prevenção pode incluir a promoção de uma imagem corporal positiva desde cedo, evitar comentar sobre peso e forma corporal de maneira negativa, educar sobre alimentação saudável sem focar em dietas restritivas, e estar atento aos sinais precoces de distúrbios alimentares para buscar ajuda profissional rapidamente”, conclui. >