Empresas avançam rumo à neoindustrialização

Indústrias baiana e nacional buscam a inovação para superar desafios e aumentar a competitividade

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Publicado em 25 de maio de 2024 às 06:00

Da Bahia para o mundo, SENAI CIMATEC é referência em inovação industrial
Da Bahia para o mundo, SENAI CIMATEC é referência em inovação industrial Crédito: Foto: Valter Pontes/ Coperphoto/Sistema FIEB

Considerada uma estratégia para revitalizar economias que enfrentam o processo de desindustrialização, aumentar a competitividade global, além de gerar emprego e renda, a chamada neoindustrialização é um conceito que abrange a adoção de novas tecnologias, políticas de incentivo e sustentabilidade.

Nesse sentido, a expectativa é que as indústrias intensifiquem o foco na descarbonização e digitalização em 2024, alinhando-se com práticas internacionais e promovendo o desenvolvimento de áreas como energias renováveis, bioeconomia e economia circular.

O setor industrial na Bahia, em que pese os obstáculos à competitividade enfrentados nas últimas décadas, como o Custo-Brasil, baixa qualidade educacional e de mão-de-obra, e impactos econômicos da pandemia de Covid-19, apresenta boas perspectivas de desenvolvimento.

“O governo federal sinaliza positivamente com programas que devolvem certo protagonismo à indústria. Nossa expectativa é que essas ações, que envolvem crédito, obras do PAC e investimentos, movimentem segmentos industriais na Bahia e no país como um todo”, projeta o presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), Carlos Henrique Passos.

Competências

Rumo à neoindustrialização, o SENAI CIMATEC desempenha um papel crucial para a indústria. Isso ocorre porque a instituição, que tem unidades em Salvador e Camaçari, está estruturada em áreas de competência que são fundamentais para a transição que o setor precisa fazer na direção da manufatura avançada, conceito que envolve processos produtivos como automação, metrologia, manutenção, logística e eficiência.

"As tecnologias como Inteligência Artificial (IA), Big Data e Internet das Coisas (IoT) têm gerado um impacto significativo nos processos industriais, contribuindo para aumentar a eficiência, melhorar a qualidade dos produtos e impulsionar a inovação. Elas continuarão a desempenhar um papel fundamental na transformação digital da indústria"

Carlos Henrique Passos
presidente da FIEB
Carlos Henrique Passos, presidente da FIEB Crédito: Foto: Valter Pontes/Coperphoto/Sistema FIEB

Descarbonização

Em tempos de emergência climática acentuada, a indústria tem dado uma contribuição significativa acerca da descarbonização de suas atividades. A Bahia, que já se destaca nacionalmente na produção de energia eólica e solar, agora se prepara para se tornar um grande player em hidrogênio verde, considerado por muitos especialistas como o “combustível do futuro”.

“A Bahia é considerada uma região potencialmente favorável ao desenvolvimento de hidrogênio verde, que possui três vezes mais energia do que a gasolina e é percebido como um substituto energético com zero emissão de CO2. Diferentes esforços contribuem para que o estado se destaque nesta área. Um deles foi a iniciativa de elaborar um mapa do hidrogênio verde, que foi desenvolvido pelo SENAI CIMATEC”, observa Passos.

Ricardo Alban, presidente da CNI Crédito: Foto: Divulgação/CNI

Desafios à neoindustrialização

No final do ano passado, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou o Mapa Estratégico da Indústria 2023-2032, um planejamento em longo prazo que aponta oito caminhos centrais para o setor (saiba mais nas PGs 14 e 15). Já para 2024, a entidade projeta um crescimento do PIB de 2,1% ao ano, resultado do aumento da renda da população e de juros um pouco menores do que em 2023.

“Mas é preciso alertar que parte do aumento do consumo de produtos industriais é abastecido por bens importados, e a timidez do Banco Central em cortar os juros é um sinal negativo para novos investimentos e para estimular a produtividade e a competitividade”, pondera o presidente da CNI, Ricardo Alban.

O empresário baiano, que presidiu a FIEB até o ano passado, também lista os principais desafios da indústria nacional para ingressar na era da neoindustrialização. “As indústrias esbarram no custo de implantação dos projetos, na falta de clareza sobre o retorno dos investimentos, e, muitas vezes, no desconhecimento técnico sobre as tecnologias. O plano Brasil Mais Produtivo [lançado em novembro] vai justamente promover esse salto na tecnologia e na produtividade das nossas micro, pequenas e médias empresas”, pondera Alban.

5 fatores-chave para a neoindustrialização

  1. Adoção de novas tecnologias: introdução de tecnologias avançadas, como automação, robótica, e inteligência artificial, para aumentar a eficiência e a competitividade da produção industrial.
  2. Foco em setores de alto valor agregado: investimento em indústrias que oferecem produtos com maior valor agregado, como biotecnologia, farmacêutica, e eletrônica.
  3. Sustentabilidade: integração de práticas sustentáveis na produção industrial, visando a redução de impactos ambientais e o aumento da eficiência no uso de recursos.
  4. Desenvolvimento de clusters industriais: estímulo à formação de clusters ou parques industriais que promovam sinergias entre empresas, universidades e centros de pesquisa.
  5. Políticas de Apoio: implementação de políticas governamentais que apoiam a industrialização, incluindo incentivos fiscais, subsídios, e investimentos em infraestrutura.

O projeto Indústria Forte é uma realização do Jornal CORREIO com o patrocínio da Neoenergia, Unipar, Tronox, Suzano e Ferbasa, parceria da Braskem, apoio institucional da FIEB e Sebrae e apoio da Wilson Sons.

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