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Jairo Costa Jr.
Publicado em 2 de novembro de 2023 às 05:00
No penúltimo e considerado o mais concorrido dos encontros realizados pela Câmara de Vereadores com ex-prefeitos de Salvador, o presidente da Fundação Índigo e secretário-geral do União Brasil, ACM Neto, fez na tarde de quarta-feira (01) um passeio sobre a trajetória da capital desde que assumiu o comando do Palácio Thomé de Souza. Para a plateia que lotou o plenário da Casa, Neto relatou o cenário que encontrou quando tomou posse pela primeira vez, os avanços que transformaram a cidade durante oito anos e o legado deixado por ele e ampliado pelo sucessor, Bruno Reis (União Brasil).
"Jamais vou esquecer o dia em que tomei posse como prefeito nessa mesma Casa há mais de uma década. Ao atravessar a Praça Municipal (após deixar a cerimônia), lembro bem o peso que sentia sobre meus ombros. A partir dali, não teria mais desculpas. A responsabilidade era minha", recordou Neto, em alusão ao trabalho que teria pela frente para reverter o quadro de decadência que Salvador se encontrava à época. "Nada funcionava. Enfrentávamos problemas que praticamente algemavam a prefeitura, suprimindo dela a condição de enfrentar as principais questões, de garantir uma infraestrutura razoável", acrescentou
Nos minutos iniciais, o ex-prefeito disse que se fosse fazer um relato sobre todos os feitos realizados entre 2013 e 2020 não teria tempo para falar de tudo, mas como a passagem dele é mais recente, ela também está mais presente na memória do cidadão. "Então, decidi me concentrar nos exemplos mais simbólicos. O ponto de partida, a base de todo o trabalho que desenvolvemos, está na organização administrativa, no equilíbrio das contas públicas, algo que se tornou um dogma para nossa gestão", afirmou.
Quando se sentou na cadeira de prefeito, contou, encontrou uma prefeitura quebrada, com saldo negativo de 70 milhões. "Ao fim de oito anos, deixamos um saldo positivo de R$ 1,6 bilhão em caixa. Salvador era 23ª colocada no Índice Firjan. Quem poderia dizer, hoje, ela ocuparia o primeiro lugar entre todas as capitais", destacou, ao citar o destaque obtido pela cidade no novo ranking elaborado pela Federação das Indústrias do estado do Rio de Janeiro (Firjan), divulgado na noite de anteontem. "Em 2012, já dizia que não existe vento bom para marinheiro ruim", ressaltou.
Era uma forma de dizer, com doses de sutileza, que a lógica inversa também se aplica. Ou seja, marinheiro bom consegue levar o barco adiante mesmo com vento ruim. "Tudo isso (os avanços) ocorreu em períodos de crise econômica, política e institucional no Brasil. Sepultamos a história de que Salvador só conseguia viver de pires na mão. Essa conquista foi comprovada em 2016 e confirmada em 2020. Hoje, temos o melhor prefeito do Brasil, que é Bruno Reis", declarou, enquanto arrancava aplausos sonoros no plenário da Câmara.
Ao destacar cada resultado bem-sucedido, o ex-prefeito citava o integrante da gestão responsável pela área. Nos avanços da gestão fiscal e financeira, lembrou o papel do ex-governador Paulo Souto, secretário da Fazenda durante seus dois mandatos. Na montagem do planejamento estratégico e realização de grandes projetos estruturantes, mencionou a importância do chefe da Casa Civil, Luiz Carreira. "Compusemos uma equipe altamente qualificada. Quero agradecer e deixar clara minha gratidão a cada colaborador que esteve ao meu lado. Peço desculpas a eles, porque sei que as cobranças não foram poucas. Eram telefonemas de madrugada, nos fins de semana, mas deu certo", afirmou.
Aposta em priorizar investimentos nas áreas mais pobres
No entanto, ponderou Neto, não adiantava apenas qualificar a gestão e ter contas equilibradas. "Era preciso transformar a cidade. Nós nunca tivemos dúvidas em priorizar os investimentos nas áreas mais pobres", apontou, ao reforçar que aproximadamente 85% dos recursos da prefeitura foram direcionados aos bolsões de maior pobreza. Nos serviços públicos de alta relevância, o ex-prefeito lembrou que, na última década, Salvador foi a capital do Brasil que obteve o maior salto no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
"Diziam que eu era louco por querer construir um hospital municipal (localizado no bairro de Boca da Mata), o primeiro da história de Salvador. Hoje ele está aí, funcionando em plena capacidade e oferecendo serviço de excelência. Quando assumi, não existia uma só UPA do município. Atualmente, temos dez. A cobertura em atenção básica, que era de 18%, ultrapassou os 60%", acrescentou, antes de elogiar o trabalho realizado pela vice-prefeita, Ana Paula Matos (PDT), à frente da área e pelo seu antecessor, o deputado federal Leo Prates (PDT), que comandou a pasta no período mais crítico da pandemia.
Ao lado do pai, Antonio Carlos Magalhães Júnior, acionista e integrante do Conselho de Administração da Rede Bahia; da mãe, Rosário Magalhães; da irmã, Renata Correia, diretora do CORREIO; da esposa, a administradora Mariana Barreto de Magalhães; e de dezenas de políticos, aliados e admiradores, Neto contou também o que a trajetória como prefeito significou para ele mesmo: “Esses oito anos me transformaram de modo profundo como pessoa, como homem e como político também”.