SALVADOR

Babalorixá denuncia que foi expulso de missa na Igreja dos Mares: 'Racismo religioso'

Polícia Civil investiga caso; Arquidiocese de Salvador informou que ocorrência está em análise

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Publicado em 25 de março de 2024 às 15:45

Religiosos do candomblé foram expulsos de igreja
Religiosos do candomblé foram expulsos de igreja Crédito: Reprodução / Redes sociais

Um babalorixá denunciou ter sofrido racismo religioso em uma missa na Igreja dos Mares, em Salvador, na última sexta-feira (22). Segundo o candomblecista Ronald Alagan, que acompanhou o caso, o líder religioso Adriano Santos estava com seus "iaôs" (filhos de santo que passaram pela iniciação) para acompanhar o culto, mas o padre parou a cerimônia para expulsar os religiosos do candomblé da igreja. O líder católico foi identificado como Pe. Manoel da Paixão Gomes do Prado.

"Ele [babalorixá] foi registrar boletim de ocorrência e vim aqui denunciar mais um racismo religioso. Sofreu constrangimento, intolerância, racismo", reclamou Ronald. "Como de praxe, o padre manda eu me retirar, disse que estava desrespeitando a religião dele", completou Santos. Os fiéis estavam no local para fazer o ritual da romaria, quando iniciados vão às igrejas católicas para buscar proteção e bênção divina. 

A 3ª DT/Bonfim investiga a denúncia de intolerância religiosa. O depoimento da ocorrência, registrada na Central de Flagrantes,  descreve que pessoas vestidas com roupas religiosas de matriz africana foram impedidas de entrar na missa. A Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid) acompanha o caso. 

Nesta segunda-feira (25), o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) encaminhou ofícios ao responsável pela Igreja Católica Nossa Senhora dos Mares, solicitando que se manifeste a respeito da denúncia, e à Polícia Civil para que informe o andamento do inquérito policial instaurado para apurar o caso.

Em nota, a Arquidiocese de Salvador comentou que valoriza e promove o diálogo inter-religioso, contando com uma Comissão Arquidiocesana para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso, assim como repudia quaisquer atos de intolerância religiosa, defendendo o respeito aos lugares de culto, aos próprios cultos e aos seus participantes.

Quanto ao caso, a instituição informou que "está acompanhando atentamente, em vista da justa apuração do ocorrido".