Mais de dois mil peixes são encontrados mortos em Feira de Santana após fortes chuvas

Ambientalista João Dias adverte que os animais estão contaminados e pede para que não sejam consumidos pela população

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  • Alan Pinheiro

Publicado em 1 de março de 2024 às 21:17

De acordo com o ambientalista João Dias, que também preside a ONG Feira Viva, ainda existem peixes morrendo no local
Ainda existem peixes morrendo no local, de acordo com o ambientalista João Dias, que também preside a ONG Feira Viva Crédito: Reprodução/TV Bahia

Mais de dois mil peixes foram encontrados mortos na Lagoa Grande após as fortes chuvas que atingiram a cidade de Feira de Santana nos últimos dias. A informação foi  confirmada pela prefeitura da cidade. Segundo o ambientalista e presidente da ONG Feira Viva, João Dias, até esta sexta-feira (1°) ainda havia peixes morrendo no local.

A Prefeitura de Feira de Santana não informou o que causou o incidente, mas para o ambientalista João Dias, dois fatores contribuíram para que os peixes morressem.

O primeiro foi a mudança nos parâmetros que alteram as características da água, como a temperatura, o oxigênio dissolvido e o pH. "Assim como nós seres humanos respiramos retirando o oxigênio do ar através dos pulmões, os peixes retiram o oxigênio da água através das brânquias. Uma alteração brusca, no oxigênio dissolvido, no pH e na turbidez, faz com que ele tenha dificuldade de filtrar água, porque tem que passar nas brânquias. Não filtrando a água, não absorve oxigênio e morre", explicou.

A turbidez é a medição da resistência da água à passagem de luz, sendo provocada pela presença de partículas flutuando na água. Ou seja, a sujeira que escoou junto com a água da chuva para dentro da lagoa. Já o pH (potencial hidrogeniônico) é uma medida que determina se a água é ácida ou alcalina.

Para João Dias, outro motivo que explica o fenômeno é a poluição da lagoa. Segundo o ambientalista, o local recebeu um esgoto por muitos anos e o sedimento, formado no fundo da lagoa, foi removido com as fortes chuvas. Essa remoção do sedimento também alterou os parâmetros da água.

Além da poluição e da mudança nos parâmetros da água, a alta densidade de peixes no local e o fato dos peixes serem pecilotérmicos, ou seja, a temperatura do corpo acompanhar a temperatura da água, também entram na equação do problema. "Quando há alterações bruscas na temperatura, tanto para mais quanto para menos, alguns peixes podem morrer. O ideal é você ter três peixes adultos por metro cúbico, e nela tem muito mais do que isso", complementou.

Peixes estão impróprios para consumo

Pela grande quantidade de peixes que apareceram no entorno da lagoa, o ambientalista adverte que os animais estão contaminados e pede para que não sejam consumidos pela população. "Eles podem transmitir doenças para humanos, porque devido à lagoa estar poluída, o peixe pode adquirir doenças virais, bacterianas e verminoses. Várias dessas doenças podem pegar em seres humanos", alertou.

O único caso desses exemplares serem consumidos com segurança é se os peixes forem fritos ou cozidos com a temperatura acima de 100 °C. "Se comer o peixe mal passado ou mal frito, a pessoa corre o risco sério de ir à óbito", completou.

O Parque da Lagoa Grande é um equipamento gerenciado pelo Governo do Estado. A Secretaria do Meio Ambiente (Sema) foi procurada e não retornou até a publicação.

*Sob orientação da subeditora Caroline Neves