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Esposa de Binho da Galinha foi presa novamente em nova fase da operação
Da Redação
Publicado em 10 de abril de 2024 às 15:31
A investigação da Polícia Federal sobre uma suposta milícia liderada pelo deputado estadual Binho Galinha (PRD-BA) fala em "tentáculos" que se espalham por vários segmentos do poder público baiano. A informação sobre a investigação foi divulgada em reportagem da Folha de S. Paulo. Ontem, uma operação voltou a prender a esposa de Binho Galinha, Mayana Cerqueira.
Binho é apontado pela PF como líder de uma milícia que atua com jogo do bicho e agiotagem a partir da sua cidade de origem, Feira de Santana. Outros crimes apontados incluem extorsão e receptação de carga roubada. O deputado nega e diz em nota que "jamais praticou os crimes que lhe estão sendo atribuídos", afirmando que vai provar sua inocência na Justiça.
A PF chegou a pedir o afastamento de Binho do cargo, mas o Ministério Público foi contra e a Justiça negou o afastamento.
A capilaridade da organização criminosa pode ser avaliada pelo fato de Binho ter sido eleito deputado e por ter relações com policiais militares, segundo acreditam os policiais federais. Cinco PMs foram chegaram a ser presos suspeitos de fazer parte do braço armado do grupo.
A PF aponta que Binho teria envolvimento com o crime há anos, indicando a movimentação financeira atípica e acima dos seus rendimentos - a movimentação de fevereiro a dezembro do ano passado chegou a R$ 3,9 milhões, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Ele foi preso em 2011.
Para os investigadores, o deputado usa seu cargo para ter informações privilegiadas e ajudar a encobrir os crimes praticados pela milícia. A PF voltou a pedir a prisão da esposa de Binho porque ela trocou o número de telefone dois dias antes de uma operação contra o deputado, em dezembro do ano passado. Troca de mensagens interceptada mostra Mayana falando que a "Federal" estava investigando e por isso não poderia fazer nada do "tigre", em referência ao jogo do bicho.
Operação
A prisão de Mayana acontece em meio à Operação Hybris, que investiga uma organização criminosa especializada na lavagem de dinheiro do jogo do bicho, agiotagem, extorsão e receptação qualificada em Feira de Santana e cidades circunvizinhas, na Bahia. Ela já havia sido presa em dezembro por causa da mesma investigação.
Cinco policiais militares, entre eles um tenente-coronel, também foram alvos de mandados de busca e apreensão. No total, foram cumpridos 17 mandados de busca e um de prisão preventiva. A Justiça determinou o bloqueio de R$ 4 milhões das contas bancárias dos investigados, além da suspensão das funções públicas dos PMs. A decisão foi expedida pelo Juízo da 1º Vara Criminal de Feira de Santana.
Segundo as investigações, a organização criminosa seria chefiada pelo parlamentar Binho Galinha, que foi alvo de busca e apreensão e bloqueio de bens durante a operação ‘El Patrón’, no dia 7 de dezembro de 2023. As investigações apontaram ainda que os policiais integram o braço armado do grupo miliciano, sendo responsáveis pela segurança das atividades ilícitas desenvolvidas pelo grupo criminoso.
Em uma nota publicada nas redes sociais, Binho Galinha afirmou estar à disposição da Justiça para “esclarecer os fatos envolvendo seu nome e de familiares na operação denominada de ‘EI Patron’”.
O político afirmou ainda que tem acompanhado os desdobramentos das investigações com tranquilidade e colaborado com o Poder Judiciário. “Nesta terça-feira, durante mais uma fase da operação, o deputado Binho Galinha volta a afirmar que jamais praticou os crimes que estão sendo lhe atribuídos e que vai provar sua inocência na Justiça”, finaliza a nota.
Os PMs também são investigados por ocultarem a propriedade de bens e dissimularem valores decorrentes de infrações penais. Além disso, apurações da Receita Federal revelaram inconsistências fiscais dos investigados, movimentação financeira incompatível, assim como a propriedade de bens móveis e imóveis não declarados e indícios de lavagem de dinheiro.
A operação foi deflagrada em conjunto pelo Ministério Público estadual, por meio do Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco); Polícia Federal; Receita Federal e pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP), por meio da Corregedoria (Coger) e da Força Correcional Especial Integrada (Force). O Grupo de Pronta Intervenção da Polícia Federal (GPI) também prestou apoio.
Participaram da operação cerca de 200 policiais federais e estaduais, além de 13 auditores-fiscais, analistas tributários da Receita Federal e promotores de Justiça do Gaeco baiano. A investigação continuará para apurar eventual participação de outras pessoas. Se condenados pelos crimes cometidos, os investigados poderão cumprir penas máximas que, somadas, podem ultrapassar 50 anos de reclusão.