A TV do futuro está mais próxima do que você pensa

Emissoras buscam maior fluidez entre conteúdo usual e da internet

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  • Ivan Dias Marques

Publicado em 4 de janeiro de 2020 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Globoplay/Divulgação

O aumento exponencial da taxa da banda larga e dos serviços de conteúdo via OTT (Over The Top) - ou seja, aqueles para os quais as pessoas não precisam de uma assinatura de TV a cabo ou via satélite, como Netflix, Amazon Prime, Globoplay, etc. - também já está mudando o nosso jeito de ver a TV normal.  A mistura entre a programação linear das emissoras de TV com a não-linear dos OTTs, já que neles o usuário assiste o que quer e na hora em que quer, é uma das grandes atrações da chamada TV 3.0. Fazendo um breve histórico, a TV 1.0 seria aquela clássica, seja em preto e branco ou a cores, em que o sinal era analógico. Ela já foi substituída quase que completamente pela TV 2.0, com sinal digital e qualidade de imagem em alta definição.  A 3.0 terá a qualidade de imagem em UHD (Ultra High Definition, ou ultra alta definição), como 4K e 8K. Alguns países já contam com ela, que, para que seja efetivamente completa, necessitará que as redes de TVs também mudem seus equipamentos de transmissão e captação de imagens, num procedimento semelhante ao que houve com as HDs. Isso só deverá começar a ser feito a partir de 2021, levando cerca de cinco anos para a mudança completa. Enquanto isso, as redes de TVs, para não ficarem atrás das OTTs e aproveitarem essa tecnologia, estão num momento híbrido, de TV 2.5. A intenção é aproveitar as conexões de internet em banda larga acima de 20Mbps para misturar os conteúdos em HD mesmo e trazer uma experiência mais pessoal aos telespectadores.  testes  A Rede Globo já fez dois testes. Ambos apenas com usuários de TVs da marca TCL, com a qual a Globo tem uma parceria para prover o aplicativo do Globoplay já de fábrica. Na primeira, quem acompanhava o capítulo inicial da série Ilha de Ferro foi convidado a assistir o segundo capítulo logo após a estreia ser finalizada. Com um toque no botão do controle remoto, o telespectador pula direto para o segundo capítulo, já dentro do Globoplay, sem a necessidade de logar no aplicativo e buscar a série numa tela inicial. Ou seja, saía da programação linear para a não-linear instantaneamente. No segundo teste, a TV ‘oferecia’ ao telespectador a chance de acompanhar mais do Big Brother Brasil por meio das câmeras disponíveis aos assinantes do pacote pay-per-view do reality show. Quem não fosse assinante tinha a possibilidade de contratar o serviço. “É uma experiência fluida. Pro telespectador não importa se é do ar ou da internet. Ele continua tendo o conteúdo”, diz Filipe Forte, gerente operacional da TV Globo, que falou sobre o futuro da TV durante uma palestra na Minas Gerais Audiovisual Expo (MAX), em Belo Horizonte.  Forte deu outros exemplos de como as redes de TV poderão usar os dados dos consumidores para prover conteúdo específico. “Se você está assistindo a um jogo do seu time e ele faz um gol, poderemos apresentar a camisa do jogador para que você a compre ou dizer se ele pontuou no seu Cartola”, prevê, se referindo ao fantasy game da Globo. Segundo o gerente operacional, 29% dos lares brasileiros já possuem conexão de banda larga acima de 12Mbps, o que permite que esse tipo de  conteúdo possa ser explorado. Mas ainda é preciso que a Globo, por exemplo, consiga acordos com outras fábricas de TVs para que o aplicativo seja melhor distribuído.Dados Quando se fala em mais dados dos telespectadores, há sempre preocupação com o armazenamento e  segurança dessas informações. “A gente tem tido muito cuidado com isso, com acesso muito restrito e respeito total à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados)”, garante Forte. *O jornalista viajou para Belo Horizonte a convite da MAX