Amado Batista comemora 40 anos de carreira com novo DVD

Cantor regrava 17 canções e apresenta três inéditas, incluindo o axé music Peão de Obra

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  • Roberto Midlej

Publicado em 13 de fevereiro de 2017 às 06:01

- Atualizado há um ano

Amado Batista gravou o DVD em Brasília (foto: divulgação)Com aproximadamente 450 canções gravadas, Amado Batista teve muito trabalho para escolher aquelas que estariam no CD e DVD Amado Batista - 40 anos (Som Livre), em que regrava ao vivo 17 canções de seu repertório, além de três inéditas. 

Entre as novidades, está Peão de Obra, o primeiro axé gravado por esse fenômeno da música romântica, que afirma já ter vendido mais de 35 milhões de cópias.

“Gosto muito da música da Bahia, mas nunca tinha gravado nada com esse espírito daqui. A música mostra os dramas do dia a dia do pedreiro e reclama da desvalorização da profissão dele”, diz o goiano de 65 anos. As outras inéditas, Sou Igualzinho a Você e A Pé na Estrada, são exemplares de seu tradicional romantismo.

Quando questionado sobre a faixa etária de seu público, o cantor diz que a renovação de sua plateia acontece naturalmente e não há uma preocupação especial em produzir para os mais jovens: “O amor e o romantismo nunca saem de moda. Mas vocês, jornalistas, acham que é só para velhos. Artistas populares, como eu e Roberto Carlos, são para toda a família”.

O Rei, que despontou na Jovem Guarda, continua sendo o maior ídolo e maior fonte de inspiração para Amado Batista. “Ainda tenho o sonho de gravar com ele”, revela o cantor, que já o encontrou pessoalmente, mas nunca cantou com ele. 

Na juventude, Amado dividia-se entre a Jovem Guarda e os Beatles: “A banda já está separada há 46 anos e quando Paul McCartney vem aqui no Brasil, ainda arrebenta! Eles fizeram rock com qualidade e também músicas românticas maravilhosa, como Love Me Do e Yesterday”.Para Amado Batista, os Beatles faziam tanto o rock como a música romântica com a mesma qualidade (foto: divulgação)Loja

A paixão por Roberto Carlos era tão grande que, quando montou uma loja de discos, em Goiânia, Amado batizou de RC7, em homenagem à banda que acompanha o ídolo. 

A primeira loja foi criada depois de juntar umas economias: “Peguei meu 13º, férias e montei uma loja na rodoviária. Vendemos bem e depois acabei conseguindo crédito com as gravadoras”.

Em oito anos, teve quatro lojas e o negócio, apesar de bem-sucedido, teve que ser abandonado pelo cantor, que passaria a se dedicar exclusivamente à música.

Antes de ter a sua loja, Amado trabalhava numa livraria, quando tinha aproximadamente 18 anos. Foi lá que arrumou problemas com o regime militar. “Alguns comunistas frequentavam a livraria e eu permitia que eles lessem livros proibidos. E aí é aquela história: se você anda com ladrão, você também é ladrão”, diz o músico. Passou dois meses preso, em Goiânia, onde foi submetido à tortura.

Livre da prisão, Amado voltou a se dedicar às lojas de disco e ali pôde se aproximar das gravadoras. Até que Oscar Martins, o dono de uma delas, a Chororó, aceitou lançar o  primeiro disco de Amado.  “Mas não vendeu nada, nem a família comprou”, diz rindo.

Brega O sucesso como cantor só viria com o LP Sementes de Amor, de 1978. A popularidade da música O Fruto do Nosso Amor (Amor Perfeito) impulsionou o álbum, que vendeu mais de um milhão de cópias.

Junto com o sucesso, veio a rejeição da crítica que musical, que insitia em rotulá-lo como brega, classificação rejeitada com firmeza pelo músico: “Os que me chamam de brega é porque não gostam da música que eu faço. Não aceito a palavra brega! Vai no dicionário e vê o que significa. Me chamar de brega é um desrespeito aos milhões de fãs que compraram meus discos”, diz, indignado.

Conectado com a nova geração de músicos, o cantor elogia a dupla Victor & Leo: “Eles são ótimos, são o Simon e Garfunkel brasileiros”. Mas faz uma ressalva: “Só não dá para chamá-los de sertanejos. Tem muita dupla que chama de sertaneja aí, mas é pop, rock, vanerão... Sertanejo é Tonico e Tinoco! Esse pessoal aí tatuado não tem nada a ver com sertanejo. O problema é que, agora, todas as duplas que aparecem são consideradas sertanejas. Se é assim, John Lennon e Paul McCartney são sertanejos”. Entre as mulheres, ele aponta Paula Fernandes como o maior talento. Amado Batista compara os brasileiros Victor e Leo à dupla  Paul Simon e Art Garfunkel (foto: divulgação)