Ambulante tenta defender filha e é morta por grupo que invadiu casa

Marizete Alves dos Santos, de 55 anos, tentou proteger a filha mas acabou morta

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  • Nilson Marinho

Publicado em 13 de fevereiro de 2019 às 10:49

- Atualizado há um ano

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A vendedora ambulante Marizete Alves dos Santos, 55 anos, morreu na madrugada desta quarta-feira (13) depois de tentar salvar a filha da mira de dois homens que invadiram a residência da família, que fica na Rua Jornalista Arquimedes Gonzaga, na localidade do Dique Pequeno, no bairro do Engenho Velho de Brotas. O genro da ambulante, Tiago de Jesus Santana, 27, também foi baleado e foi socorrido para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde permanece internado.Inicialmente, o CORREIO publicou que Tiago morreu no hospital. A informação está errada e foi corrigida às 17h08.

De acordo com vizinhos de Marizete, era por volta das 1h, quando dois homens de capacete, roupa social e luvas, pularam o muro da casa que fica na proximidades do Colégio Victor Civita. Eles, ainda de acordo com vizinhos, estavam a procura de Tiago, genro de Marizete, que morava no primeiro andar do imóvel. Os homens balearam Tiago e pretendiam também atirar contra a esposa dele. Marizete tentou salvar a filha da mira de bandidos e acabou sendo morta (Foto: Reprodução/Nilson Marinho/CORREIO) Segundo um vizinho, Marizete escutou os barulhos e saiu de um dos cômodos da casa onde dormia. Na sala, ela presenciou a cena e se jogou na frente da filha, para evitar que ela fosse morta. Um dos homens atirou, atingindo o peito da ambulante, que morreu no local antes mesmo da chegada de uma equipe médica. 

A irmã de Marizete, a aposentada Lúcia Alves, 66, disse que a ambulante morava no térreo e, a filha, no andar de cima. Ela resolveu dormir na casa da filha justamente no dia que ocorreu o crime."Uma mulher guerreira, nascida e criada aqui. Todo mundo gostava dela e todos estão arrasados com isso. Minha irmã era uma pessoa boa", lamentou. A casa da família fica em uma escadaria que dá acesso a uma outra rua do mesmo bairro. Foi por lá que os criminosos fugiram, a pé, depois de atirar contra a sogra e o genro.

Tiago chegou a ser socorrido por populares e encaminhado para o HGE. Ele estava consciente quando entrou no carro de um conhecido em direção a unidade de saúde. Na manhã desta quarta, era possível ver rastros de sangue na escadaria que dá acesso à residência. 

De acordo com informações registradas no Posto da Polícia Civil do HGE, Tiago chegou na unidade às 1h44, com ferimentos no lado direito da axila, braço direito e perna direita. 

Marizete tinha uma barraca de frutas há mais de 10 anos entre as ruas Frederico Costa e Boa Vista de Brotas, nas proximidades do supermercado Gbarbosa, do bairro de Brotas. Aos finais de semana, ela vendia água e cerveja no Dique do Tororó.

Pessoas que trabalham nas imediações sentiram a falta de Marizete que sempre chegava ao ponto às 7h. O dono de uma loja de cosméticos, a Belíssima, disse que a ambulante era muito querida por todos. "Um mulher do bem. Quando cheguei aqui, há cinco anos, ela já estava. Todos a conhecia", lembrou o empresário João Reis, 34.

Em nota, a Polícia Militar informou que policiais da 26ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Brotas) foram acionados e no local encontraram a mulher já sem sinais vitais e que o homem havia sido socorrido por populares para o HGE. "A PM acionou a perícia para a remoção do corpo e outra equipe foi à unidade hospitalar, mas a vítima logo depois não resistiu", diz a nota da PM, que equivocadamente informa que Tiago havia morrido. 

Já a Polícia Civil informou que foi acionada por volta das 2h30 para atender a ocorrência, mas que ainda não há informações sobre a autoria e a motivação dos crimes. Os casos estão sendo investigados pela Delegacia de Homicídios/Atlântico.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro