Antes da Maratona, os soteropolitanos já faziam provas de atletismo

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  • Nelson Cadena

Publicado em 31 de agosto de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Bem antes da realização dos primeiros jogos olímpicos da era moderna, realizados em Atenas, os baianos já promoviam provas de atletismo, então chamadas de corridas de pedestres, em distâncias em torno de mil metros, um pouco mais do que isso. Nos jogos olímpicos de 1896, com exceção da Maratona, a única prova de fundo realizada foi a dos 1.500 metros e somente nos jogos de Paris (1900) é que foi introduzida a prova de 5 mil metros que no certame do quatriênio seguinte, em São Louis, foi substituída pela prova de 4 milhas por revezamento.

Os baianos promoviam corridas de fundo entre amigos, as mais concorridas eram as organizadas pela turma do Beco do Mocambinho, a partir de 1889, e pela mesma época, as programadas para os intervalos do forrobodó do Politeama e outras realizadas à beira- mar na Barra. Nada oficial. A Gazeta Médica da Bahia condenava a prática sob o argumento de que muita gente junta e suando tornava-se “foco de propagação de epidemias”. A criação da Liga Baiana de Esportes Terrestres com o objetivo de promover o futebol, na primeira década do século XX, beneficiou os praticantes do pedestrianismo, esses, praticamente concentrados em dois clubes esportivos: Esporte Clube Vitória e Yankees. O resto fazia figuração.

A construção da arena multiuso do Rio Vermelho na Fonte do Boi, em 1914, no mesmo espaço que tinha sido do Derby e após do Ground, criou melhores condições para a prática dessa modalidade esportiva. Provas de 1.500 e 5.000 metros faziam parte da programação, que incluía também páreos de bicicleta e patins e exibições de outros esportes. Já eram corridas de fundo de maior porte, não se cogitava ainda promover uma maratona por um motivo muito simples: as provas de fundo atraíam pouquíssimos participantes. No Comércio, o Clube Colombo, um dos 34 clubes esportivos da época, promovia corridas de 1.500 metros, simultaneamente com outros esportes.

As provas de maior fôlego passaram a ser promovidas na década de 1920, no contexto do Campeonato Baiano de Atletismo, realizado a partir de 1925. A principal era a de 10.000 metros. A cidade nos proporcionava outras provas similares, através da iniciativa dos clubes, com apoio da Associação Baiana de Atletismo. O Campo da Pólvora, por exemplo, era o cenário (ponto de partida e chegada) do Raid de Resistência de 15 quiilômetros e não faltava a corrida de resistência do Farol ao Campo (que supomos fosse o Campo da Graça) e o revezamento 4x2000 denominado de Corrida à Beira-Mar. Em 1935, Aroldo Maia criou a Volta da Cidade, cujo percurso ignoramos, mas o nome sugere longa distância.

A repercussão da Corrida de São Silvestre, a partir de 1925, estimulou a prática de corridas de fundo na Bahia e muitos anos depois - então o evento já era internacional e televisionado -  o jornal A Tarde passou a realizar uma eliminatória com a participação de mais de mil atletas. O  objetivo era selecionar os melhores para representar o estado na tradicional corrida paulistana. Já se cogitava em realizar uma maratona na Bahia, mas os projetos esbarravam no custo e na incerteza de contar com adeptos dessa modalidade. Em 1984 é que se conseguiu realizar a primeira prova do gênero em Salvador, e outra no ano seguinte, com o nome de Maratona da Independência.

Mais tarde,  a maratona foi substituída pela meia maratona, um percurso mais viável do ponto de vista de custos e participação de atletas, e retomada em 2013 e após 2017, atualmente com o nome de Maratona da Cidade de Salvador, a atual edição programada para 23 deste mês. Maratona é invenção e maluquice de grego, uma prova vinculada a uma herança do inconsciente coletivo dos sucessos da guerra contra os persas. Era o tudo ou nada. 42 km quando poderia ser 10 ou 20, não fosse o DNA incorporado dos relatos épicos.