Carlinhos Brown revela seu lado cancioneiro em live no dia 13

Músico vai dispensar repertório carnavalesco na apresentação, que terá canções suaves e melódicas

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  • Roberto Midlej

Publicado em 10 de junho de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Caio Gallucci/divulgação

Esqueça aquele Carlinhos Brown que você está acostumado a ver no Carnaval, inquieto, agitado e que faz a multidão pular atrás dele no trio. O Brown que você vai ver na live deste sábado, às 20h, é outro. Será o autor de canções suaves, melódicas e, às vezes românticas. Também será um Brown com a voz mais trabalhada e preparada para um canto moderado.

O show, chamado Umbalista, vai acontecer no “estúdio-casa” do músico e será transmitido ao vivo pelo Sony Channel e pelo YouTube do artista. O título da apresentação é uma referência aos Tribalistas, grupo formado por Brown, Arnaldo Antunes e Marisa Monte, que esporadicamente se reúnem para gravar e compor algumas músicas. Chico Buarque vai recitar um texto durante a live (Foto: Leo AVersa/divulgação) “Fiquei muito tempo voltado para o Carnaval, mas o próprio Carnaval terminou me devolvendo a oportunidade de fazer canções. Daí, por exemplo, surgiu Tantinho. Aí, digo pra mim mesmo: olha, tenho chances na canção”, revela um modesto Brown.

Mas, afinal, o que é uma canção? “A canção está muito ligada ao estado da alma, ao romantismo... Mas tá muito mais ligada a um trabalho melódico mais elaborado que a coisa carnavalesca, que você pode cantar 'oi, oi, oi, ai, ai, ai!' e já foi! A canção tem que trabalhar harmonia e ter mais colocação vocal, tem uma dose de emoção que chega na pessoa e pode ir mais longe”, define o autor de belas canções, como Segue o Seco, Velha Infância e Maria de Verdade.

Para Brown, Marisa Monte foi a maior responsável por despertar e vislumbrar esse talento dele para compor canções: “Eu poderia ter parado em Água Mineral [sucesso gravado pela Timbalada], mas aí começaram a dizer que eu era poeta, mas eu na verdade ficava ali juntando frase. E foi Marisa que me descobriu como cancioneiro e me transformei em parceiro dela. Depois, veio Arnaldo e seguimos juntos”. Gloria Estefan também vai participar à distância (divulgação) Mas a apresentação, avisa Brown, não será caseira, nem terá um tom amador. Ao contrário, será com bastante apuro técnico: “É uma live feita prioritariamente para TV, mas que passa também na internet, então é um formato diferente. Além disso, as lives começaram já faz quase três meses, então nós, artistas, já amadurecemos nesse tempo. É um registro que vai ficar pra sempre e não quero que pareça uma demo. Não posso errar um acorde e estou ensaiando muito”.

Dois artistas internacionais vão participar da live, porém em vídeos gravados previamente, para manter a qualidade, segundo Brown: Gloris Estefan e Chico Castillo, que já tocou com o grupo Gipsy Kings. Arnaldo Antunes e Marisa Monte também farão uma aparição. Ainda haverá outro convidado especialíssimo: Chico Buarque, que vai recitar um texto.

Quarentena De perfil inquieto e sempre produzindo, o isolamento social parece ser um desafio para o músico, que faz o possível para respeitar as regras. Quebra-as raramente e, segundo ele, por uma causa muito importante, que é a manutenção de seus projetos sociais. “Durante a epidemia, fiz umas coisas para Angola, para o Canadá e para diversos países da América Latina, mas sempre em casa”, afirma o músico, sem entrar em detalhes. 

Em casa, o músico tem acompanhado o noticiário e está atento às manifestações contra o racismo, que começaram após George Floyd, um homem negro americano, ser sufocado até a morte por um policial branco. “O negro está estigmatizado à figura de uma pessoa submissa e não tem a oportunidade de educação. A violência policial é culpa de quem está no comando, que não sabe estruturar bem uma abordagem policial. Às vezes, o menino tá ali fumando um baseado e enchem ele de porrada, de tapa. A abordagem precisa ser repensada e seus efeitos são terríveis. Você precisa aprender a respeitar a polícia e não a ter medo dela”.

A canção mais nova de Brown, Abota, em parceria com Guilherme Menezes, faz referência a Floyd: “Não consigo respirar/ O asfalto está ciente/ Não sou o assalto/ Não sou o delito/ Só sou mais um homem preto / Por favor, ouve meu grito”.