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Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2020 às 13:25
- Atualizado há 2 anos
Carolinie Figueiredo usou as redes sociais no Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, nesta quarta-feira, 25, para relatar que sofreu violência obstétrica no parto da filha Bruna Luz, 9, que fez aniversário na mesma data.>
Além de compartilhar que a experiência de dar à luz pela primeira vez foi traumática, a atriz de 31 anos, que também é mãe de Theo, 6, falou sobre um abuso sexual que também sofreu na adolescência.>
"Minha história de compreensão da violência começou há nove anos, na chegada da minha filha ao mundo. Por ter sido um parto vaginal e sem anestesia, eu não compreendia o que tinha acontecido. Eu tinha 22 anos. Dois anos depois, eu estava grávida do meu segundo filho. Ao repassar as experiências do primeiro parto com a médica, ela me disse: 'O que aconteceu foi uma violência obstétrica e você precisa elaborar isso'", disse ela.>
"Um filme passou na minha cabeça: não só a privação de água e comida, o impedimento de movimentar meu corpo. Não só as palavras de descrédito e humilhação sobre meu processo de parir, mas também a manobra de Kristeller", continuou Carolinie. Tal manobra trata-se de uma prática perigosa que consiste em empurrar a barriga da mãe para que o bebê saia mais rápido.>
Sobre a experiência, ela enfatizou: "Essas dores estão vivas nas nossas células, na sensação física de limites que foram atravessados. Fica a vontade de chorar, o nó na garganta, as memórias que estão gravadas e emergem nos registros do corpo", escreveu.>
"A verdade é que todas nós já sofremos algum tipo de assédio, abuso ou violência. Se você não lembra é só uma questão de tempo até seu sistema nomear. São as fichas que vão caindo ao longo da vida. Eu demorei 15 anos pra compreender que a maneira que perdi minha virgindade também foi um estupro", relembrou.>
Por fim, Figueiredo deixou um recado para Bruna. "Filha, hoje é seu aniversário de 9 anos. Parte do meu trabalho é limpar o terreno para que você pise com mais segurança. Estamos abrindo espaço para que seu caminho seja mais livre. Esse movimento não é só meu, mas de todas mulheres que vieram antes. Mulheres que atravessaram tudo isso sem ter espaço de fala e escuta. Quando você puder compreender toda essa história, eu espero que você sinta orgulho e admiração por esse movimento", disse ela.>
* estagiária sob supervisão de Charlise Morais>