Chapecoense diz que queda de avião foi benéfica a Alan Ruschel

Revoltado, jogador se pronuncia: 'Só eu sei os traumas que carrego comigo'

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  • Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2022 às 16:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: Márcio Cunha/ACF

Um dos sobreviventes do acidente aéreo sofrido pela delegação da Chapecoense em 2016, o jogador Alan Ruschel entrou com um processo na Justiça contra o clube, por danos morais. Mas, na tentativa de se livrar do pagamento, a agremiação alegou que a tragédia que matou 71 pessoas foi benéfica a ele."Efetivamente, o acidente deu notoriedade ao reclamante e alavancou seus ganhos, bastando-se verificar o histórico em sua carteira de trabalho, sua imagem valorizou e passou a ter notoriedade mundial", afirmou a Chapecoense, em documento enviado ao Judiciário."Ainda, a fim de se evitar preclusão, cumpre-se gizar que o reclamante não foi vítima de um acidente, pelo contrário, foi um sobrevivente, abençoado pela força divina e, dentre aqueles ligados diretamente ao futebol, o ÚNICO que continua a desenvolver suas atividades identicamente ao período anterior", completou o clube.

Além disso, a Chapecoense disse que a vida de Ruschel continuou normalmente após o acidente, e que o jogador se casou meses após a queda do avião. A agremiação ainda completou apontando que o lateral sempre disse "não recordar de nada", e concluiu que "nenhum trauma a princípio ficou", avaliando que Alan nunca utilizou os serviços de psicologia e psiquiatria disponibilizados pelo clube.

Ruschel foi à Justiça contra a Chapecoense em maio do ano passado, pedindo o pagamento de R$ 3.381.105,40. O valor é referente a danos morais pela tragédia, além da contestação do seguro recebido e verbas trabalhistas, como salários atrasados e direitos de imagem.

Após tomar ciência das declarações, o jogador se defendeu nas redes sociais, nesta sexta-feira (25). Ele se disse revoltado a defesa do clube no processo. Ainda de acordo com Ruschel, a Justiça foi acionada apenas após a Chapecoense não cumprir com o pagamento dos valores acordados.

"Eu tive acesso a defesa do clube, e eles alegam que eu não sou vítima do acidente e, sim, um sobrevivente. Afirmam que a tragédia me trouxe benefícios. Estão sendo levianos e despreparados na condução de um assunto tão importante. A minha vida precisava continuar, mas isso não tira responsabilidade do clube", disse."Só eu sei os traumas que carrego comigo, o esforço, a luta para voltar a jogar. Hoje tenho oito parafusos nas costas, não quero me vitimizar, mas apenas para deixar essa situação clara. Afirmar que minha vida seguiu normal é um absurdo, não só comigo, mas também com os familiares das vítimas do acidente", completou.Hoje aos 32 anos, Alan Ruschel teve três passagens pela Chapecoense. Primeiro, em 2013. Depois, de 2016 a 2019. E, por fim, voltou em 2020. Na temporada passada, ele defendeu o Cruzeiro e o América-MG.