Conceição Evaristo é grande homenageada da Flica 2018

Escritora mineira participou do evento em 2016, em mesa com Alex Simões e Lívia Natália

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  • Da Redação

Publicado em 4 de junho de 2018 às 14:48

- Atualizado há um ano

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A escritora mineira Conceição Evaristo, 71 anos, será a grande homenageada da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica) 2018. “A Flica já é oficialmente o maior evento de Cachoeira. Ano passado trouxemos uma pegada mais jovem e evidenciamos a mulher negra e esse ano teremos isso de novo. A homenageada é Conceição Evaristo e nada mais justo. Ela vai comandar uma mesa e merece destaque máximo”, afirma o curador do evento, o jornalista Tom Correia.

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O evento, que chega a sua oitava temporada, reunirá, de 11 a 14 de outubro, na cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano, grandes nomes da literatura nacional e internacional, além de uma programação variada para adultos e crianças. Os nomes das principais atrações da edição estão sendo divulgados em evento no Palácio Rio Branco, na tarde desta segunda-feira (4). Conceição foi o primeiro nome confirmado. "Ela é importantíssima para a literatura brasileira e representa a resistência da mulher negra", completa Tom Correia. Essa não é a primeira vez que Conceição participa da Flica. Em 2016, ela foi convidada de uma mesa sobre literatura negra ao lado do escritor Alex Simões, com mediação da escritora  e professora da Ufba Lívia Natália (Foto: Paolo Paes) Sobre Conceição Evaristo Militante do movimento negro e convicta dos temas que lhe importam falar, a escritora não perde de vista o trabalho com a arte das palavras. “O ato de escrever é trabalhoso, mas é extremamente gratificante. A literatura não é só jogar as palavras. Tem toda uma estética que vai fundamentar a construção do seu texto. Você tem de cuidar desde a escolha das palavras até o modo como você constrói as frases. Eu não nasci rodeada de livros, mas de palavras”, diz, sem esconder o encantamento que a tradição oral lhe causa.

Desde que começou a escrever, foram necessários 20 anos para que o primeiro livro, o romance Ponciá Vincêncio, fosse publicado. E de lá para cá já foram seis livros lançados - entre romance, conto e poesia -, além da contribuição em diversas antologias. O mais recente deles é Histórias de Leves Enganos e Parecenças, de 2016.

Campanha  Uma das escritoras mais celebradas da literatura brasileira contemporânea, o nome dela tem sido cotado para uma das vagas da Academia Brasileira de Letras. Desde o início do mês de maio, a campanha online #ConceiçãoEvaristoNaABL pede a ocupação da Cadeira 7 pela escritora. Em menos de vinte dias, 19 mil pessoas assinaram a petição online - quase o dobro da meta inicial.

Em texto assinado pela professora de literatura da Universidade Federal da Bahia, Denise Carrascosa, a petição questiona se a ABL “está preparada para compreender a necessidade de iniciar uma trajetória de reeducação em nossas formas de letramento” e lembra que o patrono da Cadeira 7, vaga desde a morte do cineasta Nelson Pereira dos Santos, é Castro Alves, “poeta que escreveu criticamente sobre a escravidão a uma distância segura de não tê-la conhecido de fato”. 

Em entrevista recente ao CORREIO, Conceição confirmou que vai submeter a candidatura à ABL, “na certeza de que a gente tem de se submeter a essas audácias”. “Se não tentarmos isso, nunca estaremos lá”.