Confira os livros que os atores levaram na hora de votar

Neste Dia Nacional do Livro, saiba mais sobre as obras críticas que os famosos levaram para as urnas

  • D
  • Da Redação

Publicado em 29 de outubro de 2018 às 19:10

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução/Instagram

Alice Wegmann levou: Ensaio Sobre a Cegueira (de José Saramago)

Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma "treva branca" que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas. O livro é a fantasia de um autor que nos faz lembrar "a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam". José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti.Cada leitor viverá uma experiência imaginativa única. Num ponto onde se cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante da pressão dos tempos e do que se perdeu: "uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos".

Debora Falabella levou: O Livro das Semelhanças (de Ana Martins Marques)
A mineira Ana Martins Marques se mostra, em seu terceiro livro, como um dos grandes valores da poesia brasileira. Seus versos comunicam e são certeiros, a nota lírica vem sempre acompanhada de uma visão irônica — e delicada — da realidade. Dividido em quatro seções, O livro das semelhanças desperta o leitor para o prazer iluminador e sensível de uma voz forte e original. Do amor à percepção de que há um espaço para o lugar-comum, do entendimento da precariedade do nosso tempo à graça proporcionada pela memória: eis uma poeta que nos fala diretamente. Ou, como diz em um de seus versos: "Ainda que não te fossem dedicadas / todas as palavras nos livros / pareciam escritas para você".

Bruno Gagliasso levou: O Ódio que Você Semeia (de Angie Thomas)
Uma história juvenil repleta de choques de realidade. Um livro necessário em tempos tão cruéis e extremos. Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial. Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição, e os tiros disparam. De repente, o amigo de infância dela está no chão, coberto de sangue. Morto. Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas, estudando em uma escola de brancos de classe alta e, depois, voltando para a periferia de maioria negra, Starr precisa descobrir a sua voz. Angie Thomas, em uma narrativa muito dinâmica, divertida, mas ainda assim, direta e firme, fala de racismo de uma forma nova para jovens leitores. Este é um livro que não se pode ignorar.

Shopie Charlotte levou: Quem Tem Medo do Feminismo? (de Djamila Ribeiro)
Livro reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados por Djamila Ribeiro no blog da revista CartaCapital, entre 2014 e 2017. No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de “silenciamento”, processo de apagamento da personalidade por que passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação. Foi apenas no final da adolescência, ao trabalhar na Casa de Cultura da Mulher Negra, que Djamila entrou em contato com autoras que a fizeram ter orgulho de suas raízes e não mais querer se manter invisível. Desde então, o diálogo com autoras como Chimamanda Ngozi Adichie, bell hooks, Sueli Carneiro, Alice Walker, Toni Morrison e Conceição Evaristo é uma constante.

Muitos textos reagem a situações do cotidiano — o aumento da intolerância às religiões de matriz africana; os ataques a celebridades como Maju ou Serena Williams – a partir das quais Djamila destrincha conceitos como empoderamento feminino ou interseccionalidade. Ela também aborda temas como os limites da mobilização nas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de referência para o feminismo, como Simone de Beauvoir.

Chandelly Braz levou: Grande Sertão: Veredas (de Guimarães Rosa)
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Vou de livro. Vou com Guimarães e Riobaldo que me ensinam o caminho.

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Na obra de Guimarães Rosa, o sertão é visto e vivido de uma maneira subjetiva e profunda, e não apenas como uma paisagem a ser descrita, ou como uma série de costumes que parecem pitorescos. Sua visão resulta de um processo de integração total entre o autor e a temática, e dessa integração a linguagem é o reflexo principal. Para contar o sertão, Guimarães Rosa utiliza-se do idioma do próprio sertão, falado por Riobaldo em sua extensa e perturbadora narrativa. Encontramos em ´Grande Sertão-Veredas´ dimensões universais da condição humana - o amor, a morte, o sofrimento, o ódio, a alegria - retratadas através das lembranças do jagunço em suas aventuras no sertão mítico, e de seu amor impossível por Diadorim.

Drica Moraes levou: Para Educar Crianças Feministas (de Chimamanda Adichie)
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Pela liberdade da Democracia e a força dos livros!

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Quando uma amiga lhe perguntou como devia educar a filha como feminista, Chimamanda Ngozi Adichie respondeu com uma carta: Querida Ijeawele...Neste texto intimista, a escritora faz 15 sugestões. O seu objetivo? Fortalecer as novas gerações de mulheres e proporcionar-lhes ferramentas para crescerem com um maior sentido de identidade e independência. Da aparência à parentalidade, do casamento à sexualidade e até mesmo à escolha dos brinquedos na infância, a autora explora temas fundamentais e incita as mulheres a desprenderem-se dos velhos mitos. É uma das vozes mais poderosas que se erguem num debate que não é apenas importante - é necessário e urgente. Querida Ijeawele é um texto curto mas repleto de sabedoria. Um manifesto sobre o feminismo que não é apenas para mulheres. Porque o feminismo não pressupõe a exclusão dos homens. Pressupõe a igualdade de direitos para todos. Com humor, inteligência e compaixão, Chimamanda Ngozi Adichie reflete sobre o que significa ser mulher nos dias de hoje, numa obra que promete ser revolucionária... e que pretende apenas um mundo mais justo.

Leticia Spiller levou: Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas (de Augusto Boal)
Augusto Boal (1931-2009) foi um dos maiores teatrólogos contemporâneos. O título de “Embaixador do Teatro Mundial”, conferido a ele pela Unesco em 2009, consagrou uma trajetória brilhante. Seus métodos e encenações correram o mundo desde 1971, quando foi preso e exilado pela ditadura. Pudera, pois a atuação de Boal no Teatro de Arena, a partir de fins dos anos 1950, havia trazido a política para o centro dos palcos brasileiros, encenando e discutindo os problemas sociais que até hoje nos afligem. Teatro do oprimido é o livro mais conhecido do autor - foi traduzido para as principais línguas do ocidente e do oriente. Nela estão os fundamentos teóricos e técnicos desenvolvidos por Boal nos anos seguintes em obras que falam às pessoas comuns e vão muito além do palco, ganhando ruas, praças, escolas, parlamentos e clínicas, na tentativa de nos libertar das opressões impostas e das que criamos dentro de nós mesmos. 

Patrícia Pillar levou: O Mundo É Bárbaro (de Luis Fernando Verissimo)
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Pela Paz e pelo diálogo!

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Escolhidas num universo de 500 textos, entre os melhores que o autor escreveu nos últimos oito anos, elas discutem a ascensão chinesa, a guerra contra o terror, a candidatura de Barack Obama à presidênc

Nesta segunda-feira (29), é comemorado o Dia Nacional do Livro, mas quem passou pelo feed do Instagram ontem (28), pode ter pensado que a data foi antecipada. Acontece que no segundo turno de votação para a definição do novo presidente do Brasil, que aconteceu neste domingo, os eleitores passaram a aderir um movimento iniciado na rede social, que incentivava os cidadãos a levarem livros com críticas sociais para as cabines eleitorais. Famosos diversos seguiram a onda reflexiva e levaram livros que iam desde os mais poéticos aos mais históricos.  Alguns dos atores mais conhecidos pelo público nacional não ficaram de fora do movimento, que começou em apoio ao ex-candidato Fernando Haddad, mas acabou indo além. As obras, que foram muito compartilhadas na rede social imagética, ficaram misturadas entre nacionais e internacionais. Os livros escolhidos tratam de temas variados, como amor, respeito, feminismo e outros tópicos contra preconceitos.  O CORREIO separou alguns dos títulos, de gêneros diversos, que estiveram nas mãos dos atores no momento de votação. Confira a lista com indicações: Camila Pitanga levou: Uma das biografias de Nelson Mandela / A filha de Camila, Antônia, levou: Fico Besta Quando Me Entendem Sobre o livro que a filha de Camila levou: Uma das mais importantes vozes literárias do Brasil, Hilda Hilst (1930 - 2004) se queixou durante toda a vida do silêncio em torno de sua obra - incompreensão da crítica, distância do público e descaso dos editores. As vinte entrevistas reunidas em 'Fico besta quando me entendem', foram feitas de 1952 a 2002 em diversas ocasiões, como o lançamento de um de seus títulos, a estreia de uma de suas peças ou, mais tarde, em uma homenagem e tentativa de compreender sua obra. Mais do que pretender dar voz às queixas que foram responsáveis por uma imagem muitas vezes arredia da autora, a reunião dessas conversas é uma preciosa aproximação de seu universo, da forma como Hilda encarava a vida, a literatura, os amigos, o amor e a morte. E desvendam, ao longo de vinte anos, uma mulher sensível, bem humorada, ávida por ser lida - não apenas por vaidade, mas pela certeza de ter o que comunicar. Considerada uma das mais importantes escritoras contemporâneas do Brasil, Hilda Hilst produziu, ao longo de cinquenta anos, um universo literário composto de poesia, teatro, prosa de ficção e crônicas. Seu texto, muitas vezes considerado controverso pela crítica, é denso, duro, viril, mas mantém o lirismo da poeta e a vontade de comunicar os mistérios do mundo. Nesse emaranhado literário, muitas vezes o leitor se perde; há um limite entre a prosa e a poesia? A prosa não pode ser também lida teatralmente? A sátira das crônicas não está também presente em alguns poemas? A crítica tem se voltado à tentativa de compreender essas questões. No entanto, o que se vê com as entrevistas reunidas em Fico besta quando me entendem é que quem é mais capaz de determinar essas fronteiras entre os gêneros literários produzidos por Hilda Hilst é ela mesma.Leticia Colin levou: Insubmissas Lágrimas de Mulheres (de Conceição Evaristo) O elo fundido com técnica literária irrepreensível e grande força de sentimentos apresentado em “Insubmissas lágrimas de mulheres”, se revela um retrato de solidariedade e afeição feminina, por tocar no que é essencial, no que move, no que aproxima e une mulheres e, em espacial, mulheres negras. Os afetos, reflexões e deslocamentos que os contos de Insubmissas lágrimas de mulheres nos causam, são frutos que só a boa literatura, a que salva, pode nos trazer, reafirmando o lugar de destaque ocupado por Conceição Evaristo na literatura brasileira.Mel Lisboa levou: Os Miseráveis (de Victor Hugo) A França viveu um período especialmente conturbado na primeira metade do século XIX. A monarquia foi restaurada, os ideais conquistados pela Revolução foram deixados de lado e a maioria da população vivia em condições de extrema pobreza, o que levou a uma série de revoluções populares. Esse é o contexto retratado por Victor Hugo, principal expoente do Romantismo francês, em Os miseráveis. E é também o cenário em que vivem os antagonistas Jean Valjean e Javert. O primeiro é um ex-presidiário que, depois de ser marginalizado pela sociedade, recebe uma ajuda inesperada e parte em busca de um recomeço e de sua redenção. O segundo, um inspetor com ideais rígidos de justiça, tem uma visão de mundo sempre filtrada pelas lentes da lei. A partir dos embates entre esses dois personagens de caracteres tão opostos, Victor Hugo desenvolve uma trama articulada, que explora os dilemas morais de cada um ao mesmo tempo em que revela de maneira crítica os conflitos sociais da época. Ao retratar uma realidade de penúrias e revoltas, este clássico, apresentado aqui em edição adaptada, inspira a esperança por uma sociedade mais justa e humana, ecoando até os dias atuais.Mariana Xavier levou: Outros Jeitos de Usar a Boca (de Rupi Kaur)Visualizar esta foto no Instagram.Palavras têm poder. Tire o seu ódio do caminho, que eu quero passar com o meu amor. ???? #maislivrosmenosarmas

Uma publicação compartilhada por Mariana Xavier (@marianaxavieroficial) em 28 de Out, 2018 às 9:13 PDTMaior fenômeno de poesia dos EUA na última década, há mais de 40 semanas no topo das listas de best-sellers. Outros jeitos de usar a boca é um livro de poemas sobre a sobrevivência. Sobre a experiência de violência, o abuso, o amor, a perda e a feminilidade. O volume – publicado nos EUA como “milk and honey” – é dividido em quatro partes, e cada uma delas serve a um propósito diferente. Lida com um tipo diferente de dor. Cura uma mágoa diferente. Outros jeitos de usar a boca transporta o leitor por uma jornada pelos momentos mais amargos da vida e encontra uma maneira de tirar delicadeza deles. Publicado inicialmente de forma independente por Rupi Kaur, poeta, artista plástica e performer canadense nascida na Índia – e que também assina as ilustrações presentes neste volume –, o livro se tornou o maior fenômeno do gênero nos últimos anos nos Estados Unidos, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos.Cláudia Abreu levou: Contos Reunidos (de Rubem Fonseca) Estendendo-se por um período de mais de trinta anos, 'Contos reunidos' contém praticamente todos os contos escritos por Rubem Fonseca de 1963 até 1994. Com apresentação do professor Boris Schnaiderman, Contos reunidos permite conhecer a trajetória desse autor que soube aliar os recursos do romance policial, do jornalismo e do documento científico ao lirismo mais surpreendente e desesperado, para renovar profundamente a forma do conto entre nós.Taís Araújo levou: Um Defeito de Cor (de Ana Maria Gonçalves)  Fascinante história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão. Inserido em um contexto histórico importante na formação do povo brasileiro e narrado de uma maneira original e pungente, na qual os fatos históricos estão imersos no cotidiano e na vida dos personagens, 'Defeitos de cor' , de Ana Maria Gonçalves, é um romance histórico.Adriana Birolli levou: Quem Sou Eu Para Julgar? (de Papa Francisco)Visualizar esta foto no Instagram.O PERDÃO e a TOLERÂNCIA como caminhos para a PAZ e a HARMONIA de cada um de nós e de TODO O MUNDO. #eleicoes2018 #paz #tolerancia #democracia #cultura #livros #arte #love #life

Uma publicação compartilhada por Adriana Birolli Oficial (@adrianabirolli) em 28 de Out, 2018 às 10:33 PDT A palavra de amor do Papa Francisco, líder mundial e símbolo de diálogo e tolerância. Querido e admirado por católicos e não católicos, o Papa Francisco se tornou uma grande liderança mundial, tanto espiritual quanto política. Extremamente carismático, graças a seu diálogo franco e sua linguagem acolhedora, ele se transformou num símbolo de paz, de harmonia, da compreensão do diferente, nos convocando para refletir sobre os direitos básicos do ser humano, sobre a misericórdia e, por que não, sobre a humanidade de que nosso mundo tanto precisa. Nestes tempos de extrema turbulência e crise de valores, a LeYa publica “Quem sou eu para julgar? ” uma reunião de textos sobre os mais diversos assuntos. Com uma linguagem direta, simples, mas que toca o coração, o Papa nos coloca diante do real valor da vida: nossa relação com o outro, com Deus e com o mundo. O livro chega para a Páscoa, momento de reflexão e partilha, transformando-se num ótimo presente. “Se há uma palavra que devemos repetir, até nos cansarmos, é esta: diálogo. Somos convidados a promover uma cultura do diálogo, procurando por todos os meios abrir instâncias para que isso seja possível e que nos permita reconstruir a estrutura social”, escreve Francisco. Neste livro, o Papa nos chama à prática da compreensão, nos convida a amar o diferente.