Criação de peixes em cativeiro cresce 49% na Bahia, revela IBGE

Estado segue na liderança nacional nos rebanhos de caprinos e ovinos

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  • Georgina Maynart

Publicado em 27 de setembro de 2018 às 10:07

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo CORREIO

Que os baianos gostam de consumir peixe, não é novidade. Mas fazer da piscicultura uma fonte de renda tem sido uma atividade nova para muitos produtores. 

A criação de peixes em cativeiro cresceu 49% na Bahia, de acordo com o IBGE. O desempenho fez o estado subir duas posições no ranking nacional dos maiores criadores, passando a ocupar a 11ª posição entre os estados que mais produzem. Foram produzidas 16 mil toneladas de peixes em cativeiro só no ano passado.

Os dados são da Pesquisa da Pecuária Municipal divulgada nesta quinta-feira (27) pelo Instituto. O levantamento mostra ainda que um município baiano se destaca no cenário nacional da piscicultura. Em dois anos, Glória, no Norte do estado, aumentou a produção 67,9%, e avançou da nona para a terceira posição entre os maiores produtores do Brasil.

“Além do incremento no volume de produção de Glória, as nossas equipes conseguiram identificar novos estabelecimentos agropecuários de criação de peixes nesta mesma região. Isto influenciou também neste crescimento”, diz Luis Alberto Pacheco, agente de supervisão agropecuária do IBGE. 

Assim como no restante do país, a tilápia é a principal espécie criada na região.  O crescimento é tão sólido que vai na contramão da tendência nacional de queda da atividade. No Brasil, a criação em cativeiro registrou queda de 2,6%. Glória só é ultrapassado por Nova Aurora, no Paraná, e Aparecida do Taboado, no Mato Grosso do Sul.

A produção de alevinos, forma jovens de peixes, também cresceu 5,4% nos últimos dois anos no Brasil. Muita gente mantem a criação de alevinos para revender aos piscicultores ou para os aquicultores, que criam peixes em aquários. Os baianos respondem por 10,9% do mercado nacional.

Paulo Afonso, também no norte da Bahia, segue como maior produtor do Brasil, respondendo por 9,4% da produção do país. Foram mais de 112.795 milheiros de alevinos - quase 1 em cada 10 existentes no país. O volume de produção ajudou a Bahia a ocupar a segunda posição nacional, ultrapassando São Paulo no ranking.

Muito mais do que simples estatísticas econômicas, os dados revelam o crescimento de atividades pecuárias voltadas para os pequenos negócios. Abelhas Segundo a pesquisa, a produção de mel gerou quase R$ 37 milhões na Bahia em 2017, cerca de 2% a mais do que no ano anterior. O montante produzido mostra uma valorização do produto no mercado, já que o valor arrecado com as vendas aumentou, ao contrário do volume de produção que registrou queda de 4,8%. 

Em 2017 foram produzidas 3,5 mil toneladas de mel no estado. A Bahia ocupa a sétima posição no ranking nacional. 

Estima-se que a criação de abelhas serve de renda para mais de 20 mil famílias em todo a Bahia. O preço do litro de mel de abelha com ferrão varia de R$ 30 a R$ 50. Já o litro de mel de abelha sem ferrão sai, em média, por R$ 300. Os criadores de abelhas geram renda ainda com a venda da própolis, da cera e com o “aluguel” de abelhas para polinização das lavouras.

Campo Alegre de Lourdes, no norte do estado, em pleno polígono da seca, produziu 52,2% a mais em 2017 e subiu três posições no ranking, passando a ser o terceiro maior produtor de mel do país. 

Galinhas  De acordo com o levantamento, o plantel de galinhas na Bahia cresceu 6,9% nos últimos dois anos. Os avicultores mantem quase seis milhões de aves deste tipo aqui no estado. Um volume que atende o mercado interno de abate, mas não é suficiente para atender a demanda por ovos. A maioria dos ovos vendidos na Bahia ainda vem de outros estados, principalmente do Espírito Santo.

A pesquisa revelou ainda que a Bahia permanece como o terceiro estado com maior número de equinos do país. São mais de 493 mil cavalos, aproximadamente 9% do rebanho nacional. 

A região Nordeste abriga 93,2% do rebanho total de caprinos do país e 64,2% do plantel de ovinos. A Bahia segue na liderança nacional de caprinos e ovinos, com o maior contingente dessas duas espécies, segundo o levantamento do IBGE. 

São mais de 3,7 milhões de carneiros e ovelhas, e mais de 2,9 milhões de bodes e cabras. Os criadores baianos respondem por 30,9% do rebanho de caprinos do país, e por 20,9% de ovinos. 

A maior parte se concentra em Casa Nova, no norte do estado. O município tem 926.718 cabeças e continua líder nacional na criação destes dois tipos de animais.

“Em sua maioria, os criadores são agricultores familiares que tendem a trabalhar com animais de pequeno porte. Muitos destes animais são criados soltos, de forma extensiva. Alguns são mantidos por comunidades tradicionais, de fundo de pasto, por exemplo”, acrescenta Luis Pacheco. 

Na Bahia o foco da criação de ovinos é a produção de carne. As ovelhas com lã são maioria apenas no sul do Brasil. 

Já entre os caprinos, o rebanho tem dupla aptidão, servem tanto para a produção de carne e pele, como para fabricação de leite e derivados, como queijos. 

Quedas  A Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM) é uma das principais fontes de estatísticas usadas para a formulação de políticas públicas de desenvolvimento econômico, para traçar tendências de mercado no setor privado, bem como para estudos acadêmicos.

Os dados ajudam a mostrar a realidade econômica dos municípios, e os entraves que impedem os setores produtivos de se expandir. 

O levantamento mostrou também outras tendências e projeções em diversos segmentos. Os dados revelam que houve uma queda de 3,14% no rebanho bovino, que ainda não se recuperou das secas dos últimos anos. Neste contexto, os produtores de leite também enfrentam dificuldades para alavancar a produção.

O número de suínos está 4,63% menor e o plantel de codornas caiu 42,49%. Assim como a produção dos criadores de camarão que continuam enfrentando dificuldades. “Houve queda da produtividade e consequentemente da produção geral. Os criadores de camarão já estão enfrentam vários problemas há alguns anos. Mas, desta vez, o principal foi o vírus da mancha branca, que afetou a criação. Entretanto os preços não subiram, pelo contrário, reduziram em função da entrada do camarão importado do Equador”, explica Luis Pacheco.