Da tradição à pregação evangélica: Carnaval no Pelourinho é único

Local reúne famílias e tradição

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  • Nilson Marinho

Publicado em 5 de março de 2019 às 08:07

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nilson Marinho/CORREIO

À noite, quando os principais circuitos fervem com suas grandes atrações que seguem enfileirados pelo corredor de camarotes bem servidos e climatizados, da Praça Castro Alves ao Santo Antônio Além do Carmo, é o povo quem dita o ritmo da festa que, por aqui, tem mais espontaneidade popular.

Quando os últimos trios desaceleram em direção à Avenida Carlos Gomes é hora de seguir rumo ao Pelourinho, onde se toma as últimas cervejas antes de pegar o caminho de casa. Na Rua Chile, por exemplo, o que se vê são os barbados vestidos de Muquiranas ou Gandhy com suas respectivas de braços dados – espertas são aquelas que, pelo horário e pelo teor etílico da festa, cuida do seu. 

A Ladeira da Praça é ponto de encontro dos integrantes dos ijexás e pequenos blocos afros que, depois do desfile, desabafam já com os trios parados sobre a falta de investimento. Os integrantes, muitos cansados do peso das fantasia, arriam no chão à espera do transporte.   

ACOMPANHE TODAS AS NOTÍCIAS DO CARNAVAL CORREIO FOLIA 2019 Depois de desfile, baianas fazem uma pausa na Ladeira da Praça (Foto: Nilson Marinho/CORREIO) Lado a lado, sem correr o risco de se perder, Maria Bonita e Lampião, ou melhor, José Silveira, 60 anos, e Joelise da Conceição, 51, descansavam as pernas nas escadarias da Catedral Basílica de Salvador depois de aproveitarem a Mudança do Garcia, desfile de grande participação popular. 

Há 10 anos, os dois curtem o clima mais familiar e menos comercial, por assim dizer, da festa no Circuito Batatinha. E sempre com a mesma fantasia. “Para valorizar o nosso Nordeste e, diferente dos personagens, trazer a paz, resgatando os antigos carnavais”, disse José.  Casal curte há 10 anos o Carnaval no Centro Histórico da cidade (Foto: Nilson Marinho/CORREIO) Entre a Rua da Oração e o Largo do Terreiro de Jesus, as bandas de sopro e os pequenos blocos carnavalescos de travestidos e caretas animam os foliões que, pelo tardar da noite, não demonstram cansaço. O grupo Filó foi um dos vários que desfilaram ao longo da noite pelo Circuito Batatinha, acompanhado pela banda de sopro Os Franciscanos.

Mas se por um lado o homem se entrega à Festa da Carne e aos desejos mundanos da festividade, como alertam os mais religiosos, esse, para eles, é o momento certo de mostrar um novo caminho.

O Carnaval, para os fiéis da Igreja Batista Missionária da Independência, é momento para evangelizar. Há 20 anos eles se encontram no Circuito Batatinha para fazer diversas atividades, como dança, recreação e orações. A merendeira Zenaide Praga, 58, abordava os foliões com uma mensagem de esperança. A merendeira Zenaide Praga, 58, abordava os foliões com uma mensagem de esperança (Foto: Nilson Marinho/CORREIO) "Nós entregamos o Evangelho e eles ficam surpresos tem alguns que até nos pedem oração. É muito gratificante. Viemos fazer a diferença e apresentar Jesus as pessoas”, comentou. 

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier