Daniela Mercury volta a tocar na Bahia após dois anos: 'Emocionada'

Camarote da Rainha acontece no Pelourinho e está com ingressos esgotados

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 17 de dezembro de 2021 às 06:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

“Ainda estou reaprendendo a viver o presente”, diz Daniela Mercury com voz embargada durante a ligação. A pandemia foi e ainda é motivo de grande preocupação para a cantora, que volta a se apresentar de maneira presencial em Salvador,  pela primeira vez em dois anos, neste sábado (18), no Pelourinho, com a festa Camarote da Rainha.  Os pouco mais de 2,5 mil ingressos colocados à venda estão esgotados e ela promete fazer um show longo, repleto de homenagens - aos 30 anos do hit Swing da Cor e ao mestre Moraes Moreira, que morreu em abril de 2020.

O show acontece no Largo da Tieta, que também recebe os ensaios do Cortejo Afro, às segundas-feiras. O retorno é encarado, por Daniela, como um presente. Durante a pandemia, lançou 6 singles - entre eles, uma versão antifascista de Milla, música de Mano Góes -, continuou ensaiando e escrevendo. Sonhando com esse retorno do público presencial. “Estou morrendo de saudade do palco, do olho no olho, da vibração do público. Foram anos difíceis e parece que agora estamos caminhando para a superação da pandemia, mas continuamos atentas. Sabemos que ainda não passou e por isso vamos trabalhar com um público mais reduzido", disse. O Largo de Tieta fica no Pelourinho e conta com intervenção de Menelaw Sete (Foto: Mateus Ross/divulgação) O Largo tem espaço para aproximadamente 5 mil pessoas, mas só metade dos ingressos foi colocado à venda. “A ideia foi de achar um lugar aberto, que a gente pudesse oferecer segurança e dar sensação de segurança. E fazer com uma redução de público pra gente poder começar a testar mesmo. Todo mundo está muito sedento por liberdade, por felicidade, música e arte. As pessoas estão com muita necessidade de se encontrar, e é compreensível. Fomos abaladas emocionalmente e fisicamente com tudo isso. E esse é um momento de ir se curando, a arte tem esse poder de cura das feridas dentro da gente, curando o medo, traz um sentimento de esperança e afeto”, afirmou Daniela.

Vibrante e Solar

 O show, define Daniela, será vibrante e solar, com canções lindas e muita dança. “Vai ser um show longo, com o melhor de meu repertório pra gente se deliciar pulando, pulando e saindo de dentro de si. Eu sou uma artista que sempre trago espetáculos. É um evento, o primeiro em Salvador, então, desde que a gente decidiu fazer, buscamos o repertório mais emocionante, bonito e incrível”, conta a artista, que está analisando a possibilidade de fazer novas edições da festa. 

Na entrada do show, serão checadas informações sobre o ciclo vacinal. Só é permitido o acesso para pessoas totalmente imunizadas com no mínimo 15 dias da 2ª dose ou dose única. Daniela vai tocar, pela primeira vez, músicas como As Rendas do Mar, Carnaval de Viena, Apesar de Você, Toda Forma de Amor e Quando o Carnaval Chegar. Sobre a folia, ela foi uma das primeiras a anunciar que não tocaria num eventual Carnaval em 2022.

Daniela disse que para juntar um milhão de pessoas atrás do trio elétrico é um pulo e por isso preferiu não arriscar. Crítica do atual governo do país, ela aproveitou para se posicionar contra as inúmeras trocas na gestão do Ministério da Saúde e lamentou que as vacinas tenham demorado a chegar no Brasil.

Pelourinho

É curioso, mas essa é a primeira vez que Daniela leva um evento próprio para o Pelourinho desde o início de sua carreira. As praças do Centro Histórico têm capacidade de até 5 mil pessoas - algo muito aquém do que Daniela costuma levar para os seus eventos. A pandemia e a necessidade de reduzir o público acabou oportunizando que ela mudasse essa história.

Daniela afirma ter uma relação íntima com o Pelourinho e acredita que o público reduzido vai oferecer a oportunidade de estar ainda mais próxima do público, juntamente a seus bailarinos e bailarinas durante o espetáculo. 

"Sou muito baiana no repertório e estou dentro do lugar que é a origem de tudo que sou. Nossa história é de dor, de luta, política. Eu acho uma forma muito bonita de renascer. Porque temos que começar sempre recuperando quem a gente é", disse. 

Ela encara o show como uma oportunidade de recomeçar. Nele, iniciam as comemorações dos 30 anos do hit Swing da Cor, que abre o seu primeiro disco solo, e ela também pretende fazer homenagens a nomes como Neguinho do Samba e Moraes Moreira.

Perguntada sobre os planos para 2022, a artista disse que ainda não consegue fazer projeções para o futuro. Isso porque ainda está aprendendo a lidar com um presente em que se pode enxergar a possibilidade das pessoas se encontrarem, dançarem e ir à rua para aproveitar de coisas como as que o show dela oferece: arte, axé, Bahia e vida.