Dois em cada três brasileiros admitem ter falhas profissionais em tecnologia

Pesquisa da TOTVS foi apresentada no seminário Humanize[se]

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 8 de novembro de 2018 às 05:10

- Atualizado há um ano

. Crédito: Fotos de Arisson Marinho/CORREIO

Com o título 'Inteligência artificial na indústria 4.0: impactos e novas habilidades profissionais', o painel comandado pelo especialista em Modelação Computacional e Inteligência Artificial do Cimatec, Erick Sperandio, e pela diretora de RH da TOTVS, Rita Pellegrino, quebrou tabus sobre a chamada 4ª Revolução Industrial. O evento aconteceu durante o Seminário Humanize[se], no encerramento do Fórum Agenda Bahia 2018, que aconteceu na quarta-feira, dia 07, no Quality Hotel & Suítes São Salvador, no bairro do Stiep.

A abertura da palestra foi feita por Erick, que desmistificou o conceito de indústria 4.0. De acordo com ele, “a indústria , ao longo das eras, passou por diversas transformações e, nesta quarta etapa, é importante se falar, principalmente, em sistemas ciberfísicos, que nada mais são do que combinações de hardwares e softwares, além de agentes autônomos capazes de atuar em sistemas produtivos”.

Diante do conceito, Erick imediatamente emendou: “existem algumas funções mais complexas que os seres humanos sozinhos não são capazes de executar. É aí que entra a cooperação que existe dentro da indústria 4.0, quando todo o processo produtivo é otimizado por meio de conexão e sensores, permitindo a visibilidade e a, cada vez maior, transparência do que é feito”. 

Ainda de acordo com Erick, não é possível falar na 4ª Revolução Industrial sem que sejam mencionados conceitos como big data e inteligência artificial (IA), sendo esta última semelhante à humana, mas, segundo o especialista, “não substitui a inteligência dos homens”. Para ele, “no dia em que se conseguir conhecer o comportamento de um vírus, podemos dizer que a IA pode substituir o sistema biológico humano”.  Erick Sperandio explicou conceitos da indústria 4.0 Mercado x qualificação

A diretora de Recursos Humanos da TOTVS, empresa presente em mais de 40 países, Rita Pellegrino, falou que é um equívoco se pensar que as máquinas e a tecnologia vão tirar vagas de humanos no mercado de trabalho. “O que a gente precisa é fomentar a aprendizagem para preparar as pessoas para as novas tecnologias. As pessoas continuam sendo sempre o centro de tudo. A gente tem que se aliar à tecnologia e não se voltar contra ela”, declarou. 

Ainda de acordo com Rita, que atua na área de recursos humanos, uma pesquisa elaborada com a TOTVS, em parceria com universidades estrangeiras, apontou que dois em cada três brasileiros admitem ter dificuldades de lidar com novas tecnologias, principalmente as ligadas à inteligência artificial.

“Eles afirmam ter falhas de habilidades profissionais para enfrentar o mercado de trabalho atual e nos próximos cinco anos”, afirmou. Ainda segundo a pesquisa, 37% das pessoas entrevistadas consideram importante se qualificar em aspectos técnicos como códigos de informação e análise de dados.

Rita também declarou que um dos grandes desafios das empresas, principalmente as que lidam com um grande quadro de funcionários, é a mudança do mindset, que é a forma de pensar e operar tanto da pessoa jurídica quanto dos próprios funcionários."89% dos brasileiros julgam muito importante ou importante a aprendizagem neste sentido, mas ainda apresentam uma postura passiva e precisam que o conteúdo seja oferecido, entregue nas mãos” (Rita Pellegrino)As soluções para a inserção das empresas na chamada era da Indústria 4.0 são variadas e dependem do tipo de tecnologia que se deseja utilizar. “Algumas são mais caras, como a inteligência artificial, outras mais baratas, mas o importante é saber que qualquer empresa e produtor pode se inserir neste cenário digital e tecnológico”, destacou.

“Na TOTVS, por exemplo, eu utilizo games online para inserir meus funcionários neste cenário, porque essa é a forma que eles se sentem mais à vontade”, disse Rita. No entanto, no Brasil, segundo a pesquisa da empresa, 71% das pessoas prefere aprender por meio de vídeos de animações, 46% por e-learning, 45% por web conferências, 44% por jogos online, 24% por comunidades de colaboração e 17% por artigos de leitura.

O analista de T.I., Luís Gaspar, de 39 anos, que acompanhou toda a palestra de Rita Pellegrino e Erick Sperandio, contou ao CORREIO que "o mercado de trabalho está aberto para quem se atualiza". Segundo ele, para manter em dia a própria qualificação, Luís faz constantemente cursos na área de tecnologia, sejam presenciais ou online.

Já Patrícia Lessa, de 44 anos, que é analista de sistema, disse que "hoje em dia é impossível pensar em perspectiva de empregabilidade sem que a pessoa tenha qualificação e acompanhe as mudanças tecnológicas". Ainda de acordo com ela, acompanhando o pensamento dos palestrantes, "a máquina sem os seres humanos é só uma máquina, sendo necessário que nós corramos atrás de, cada vez mais, entrarmos nesse universo cibernético".

Iniciado em agosto deste ano, com o Seminário Sustentabilidade do Agora, o Fórum, nesta nona edição, promoveu ainda o Desafio de Inovação Acelere[se], que também foi encerrado nesta quarta-feira. A todo, foram 11 atividades, que reuniram especialistas internacionais, do Brasil e da Bahia.

O Fórum Agenda Bahia 2018 é uma realização do jornal CORREIO, com patrocínio da Braskem, Sotero Ambiental e Oi, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, Consulado-Geral dos EUA no Rio de Janeiro, Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) e Rede Bahia; e apoio do Sebrae e da VINCI Airports.

*Com supervisão do editor Flávio Oliveira