'É preciso mudar essa loucura que está acontecendo no mundo', diz Diogo Nogueira

Sambista conversa com o CORREIO sobre seu novo disco MunduÊ e sobre a missão do artista

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  • Da Redação

Publicado em 2 de dezembro de 2017 às 06:29

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Rafae/Divulgação

Este é seu primeiro disco completamente autoral. No entanto, o trabalho não deixa de ser fruto de um trabalho coletivo e até mesmo de uma preocupação antiga sua. Você tinha medo de lançar algo completamente autoral antes de atingir a marca dos 10 anos de carreira?   Na verdade, não era receio. Durante esses dez anos, compus e preparei os arranjos de mais de 100 canções. Achei que era o momento perfeito de lançar algumas delas, aindamais depois de fazer um DVD em homenagem à música popular brasileira. Cada trabalho teve seu momento e agora era o momento disso!

No encarte do disco, você posa ao lado de crianças e idosos do Quilombo São José da Serra, um dos mais antigos do Rio de Janeiro? Como foi sua vivência com essa comunidade e porque escolhê-la?   Queria voltar ao lugar onde o samba começou, onde aconteciam as batucadas, os jongos. Por isso a ideia de fazer em um quilombo, que é exatamente esse lugar. Além disso, desde o início, eu queria muito posar ao lado de crianças e lá acabamos encontrando esses irmãos, gêmeos. É o mundo espiritual movimentando tudo.

Munduê também tem um tom bastante otimista, de dar um “levante” ao povo brasileiro, que anda tão desiludido e impotente. É como você tenta enfrentar esse momento também?   Acho que todos nós devemos fazer isso, levar essa missão encorajadora, de enfrentamento, no coração. É preciso mudar toda essa loucura que está acontecendo no mundo, no país, para gerar um futuro melhor. Eu tento fazer isso através da minha música, da minha arte, e acho que essa é a vontade e também missão de todo artista.

Nesse sábado comemoramos o Dia do Samba e, no disco, você celebra duas escolas de samba do Rio de Janeiro: Império e Portela. Qual sua relação com as duas? Na verdade, eu sou portelense. Mas o que eu queria mesmo era homenagear os compositores da Madureira, bairro onde nasceu essas duas escolas e também grandes compositores da música brasileira. Meu desejo era gravar Império e Portela com Seu Wilson das Neves, mas ele morreu antes.  Foi aí que resolvi trazer Arlidinho, jovem intérprete, grande amigo e representante do samba para cantar comigo.

Lucy Alves, Arlindinho e Hamilton de Holanda, parceiros que dividem faixas do disco contigo. Fala um pouco sobre a parceria com cada um deles...   Hamilton é meu irmão, tenho um contato forte com ele, compomos a faixa-titulo juntos e não poderia deixá-lo de fora. Arlindinho é tudo isso que já disse, filho de outro importante sambista que é o Arlindo Cruz e Lucy Alves foi a primeira pessoa que pensei para dividir essa música que a gente canta juntos por conta do sotaque maravilhoso.

E já tem data de lançamento do disco em Salvador? Ainda não, mas em breve!