'Ele foi morto de forma covarde', diz pai de músico de banda de pagode

Corpo de percussionista será enterrado na tarde deste sábado

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 24 de novembro de 2018 às 13:24

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr/CORREIO

Os óculos de Maurício Silva de Souza estavam tão embaçados pelas lágrimas, que ele sequer conseguiu ler o que estava escrito naquele papel. Aquele não era um documento qualquer. Tratava-se da liberação do corpo do caçula dos três filhos, o percussionista Mailson Oliveira, 25 anos, morto na noite de sexta-feira (23), a poucos metros de casa, na 1ª Travessa Juazeiro, na Avenida Peixe, bairro da Liberdade.

Seu Maurício passou a manhã deste sábado (24) no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML) e, por volta das 11h20, desceu com a mulher, Maria Raimunda Santos Oliveira, mãe da vítima, para o local onde estava o corpo do músico da banda A Invasão. Ainda na recepção, ela comentava com um familiar: "Nunca imaginei passar por isso".  Maílson foi morto na noite de sexta, a poucos metros de casa (Foto: Reprodução) Dona Raimunda foi a primeira a ver o corpo do filho. Ela saiu da sala chorando muito e não quis falar com a imprensa. O pai também estava muito abalado. Para ele, a morte do filho foi provocada por inveja. “Ele era músico, fazia shows em diversos bairros e comunidades, tirava fotos com um monte de gente. Tudo isso provocava a inveja de outras pessoas e, certamente, de quem fez isso com ele”.

Mailson deixa duas filhas, de 2 e 5 anos. O corpo dele será enterrado às 16h deste sábado, no Cemitério Quinta dos Lázaros, na Baixa de Quintas. “A vida dele era correta e tinha muito para viver ainda, de forma positiva. Ele ia voltar a dar aulas nas escolas Classe 1 e 2, além da Escola Parque, que foi onde ele aprendeu percussão”, declarou o pai da vítima.

Em meio à dor de quem perde um filho de uma forma brutal, seu Maurício lamentava, mas disse não acreditar na Justiça."Meu filho vai ser só mais uma vítima da violência. A gente, que mora em bairro violento, quando ouve tiros, já fica logo desesperado. Na sexta, quando ouvimos os disparos e só vimos dois filhos em casa, o coração apertou. Não demorou muito para a vizinha chegar com a notícia. Meu filho foi morto de forma covarde", contou o pai, bem emocionado.Mamai, como era conhecido no bairro da Liberdade, onde foi criado, era querido por toda a vizinhança. Em uma rede social, um amigo escreveu: “Não acredito que fizeram isso com você. Um menino bom, de família, que teve a vida interrompida assim. Vai fazer muita falta, meu mano Mailson”.

O músico chegou a se apresentar com grandes nomes da música baiana, como o cantor Márcio Victor, da banda Psirico. A banda A Invasão, que o músico tocava há cinco anos, soma milhões de visualizações no YouTube. O último clipe, postado há dois dias, já soma quase 120 mil acessos.

A Polícia Civil informou que as investigações estão em curso, mas não revelou se os suspeitos já foram identificados nem se já tem conhecimento da motivação do crime.

*Sob supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro.