Eleitor brasileiro está pessimista, mostra pesquisa Ibope/CNI

A corrupção e o desencanto com os políticos são as principais causas do desencanto do brasileiro

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  • Donaldson Gomes

Publicado em 1 de agosto de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

. por CORREIO Gráficos

A  maioria dos brasileiros acredita que as eleições podem melhorar o Brasil – 70% dos eleitores ouvidos na pesquisa Ibope contratada pela Confederação  Nacional da Indústria (CNI), divulgada ontem, acreditam nisso totalmente, ou em parte.  Entretanto, quase metade do eleitorado se diz “pessimista” ou “muito  pessimista” em relação à escolha do próximo presidente da República. 

O pessimismo é justificado pela corrupção e o descrédito na classe política. E nem a proximidade das eleições parece ser capaz de alterar o quadro, pelo menos até agora. O nível pessimismo é exatamente o mesmo que foi registrado pela pesquisa no mês de dezembro do ano passado. Para 30% do eleitorado, a corrupção é a principal explicação para o movimento. Logo atrás, com 19%, vem a desconfiança em relação ao governo e aos políticos. 

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Pelo que os números indicam, superar a descrença nos políticos deverá ser o  principal desafio para quem sonha em chegar ao Palácio do Planalto.  Apesar do baixo interesse, seis em cada dez entrevistados pretendem prestar muita atenção aos candidatos.

A pesquisa mostra ainda que 61% disseram não ter “nenhum interesse” ou “pouco interesse” nas eleições deste ano.  Mais de dois terços dos eleitores  afirmam que deixariam de comparecer diante das urnas, caso o voto não  fosse obrigatório. 

Mulheres e homens  Entre as mulheres, que representam mais da metade do eleitorado, o nível de pessimismo é maior que a média. Entre elas, 47% declaram-se mais pessimistas, ante a 18% que se dizem otimistas. Já entre os homens, são 43% os que estão mais pessimistas, enquanto 28% indicam estar otimistas. Consequentemente, 41% delas relataram ter nenhum interesse nas eleições, percentual que cai para 34% entre os homens. 

O eleitorado com renda familiar acima de cinco salários mínimos é o mais otimista e o que tem mais interesse nas eleições, com 28% e 35%, respectivamente. Este público também é o único em que a maioria (55%) afirma que teria interesse em votar, ainda que não fosse obrigatório. 

Os brasileiros com educação superior acreditam mais na capacidade de a eleição mudar o país para melhor (76% concordam totalmente ou em parte com a afirmativa). Com relação ao nível de renda, para 83% dos entrevistados com renda familiar acima de cinco salários mínimos a eleição tem potencial de mudar o país para melhor e 88% concordam totalmente ou em parte que o voto de cada brasileiro importa.

Busca por informações Apesar do clima de pessimismo e de desinteresse, os eleitores responderam que pretendem prestar atenção nas propostas dos candidatos.  Para tanto, buscam informação, sobretudo nos meios tradicionais de comunicação, como televisão, jornais e revistas e rádio. Com o início do período eleitoral, 61% dos brasileiros responderam que pretendem prestar muita atenção aos candidatos, enquanto 9% disseram que irão prestar alguma atenção e 11%, pouca atenção. Apenas 18% do eleitorado respondeu que não pretende prestar nenhuma atenção. 

Para 71% dos eleitores a mídia convencional (televisão, rádio e jornais e revistas impressas) é o principal canal para obter informação sobre as eleições, enquanto 38% dizem que utilizam apenas esses canais. 

A internet é mais utilizada por jovens e por brasileiros de renda familiar mais elevada. Um em cada quatro eleitores que buscam informações dos candidatos via blogs e redes sociais confessa que raramente ou nunca verifica a veracidade das informações ali veiculadas, enquanto 46% afirmam que sempre verificam e 29% verificam às vezes.

No caso das informações obtidas em reuniões sociais – como igrejas, associações de moradores, sindicatos, associações profissionais ou em conversas com parentes e amigos –, o percentual dos que sempre verificam se a informação é verdadeira é 48%, enquanto 27% verificam às vezes e 25% raramente ou nunca verificam. 

O levantamento do Ibope, encomendado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), foi realizado entre os dias 21 e 24 de junho e ouviu 2 mil pessoas. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

Já o nível de confiança da pesquisa, segundo o Ibope, é de 95%, o que quer dizer que, se levarmos em conta a margem de erro de dois pontos percentuais, a probabilidade de o resultado retratar a realidade é de 95%.